segunda-feira, 16 de abril de 2012

Era uma vez um casal de pôneis

Ei, Adriana falando! :D

Além de desenhar (desenho as tirinhas do blog Bram & Vlad, pra quem não sabe - só não desenho as tirinhas do Diego porque quem resolveu fazer resenha em quadrinhos foi ele, logo, ele que se vire com a dor de cabeça), também gosto de trabalhos manuais. Não sempre, não como meio de fazer grana, só pra passar o tempo e fabricar um ou outro brinquedo. Sério, quando eu era criança, eu queria ficar famosa só pra existir uma linha de brinquedos dos meus personagens e eu poder apresentá-los ao elefante cor-de-rosa de pelúcia que uso para dormir.

É, eu era uma criança forever alone.

ENFIM, quando descobri o incrível mundo dos trabalhos manuais, descobri que eu podia fazer meus próprios brinquedos personalizados, sem todo aquele caminho chato para a fama (que fique registrado: hoje, escrevo e desenho uma webcomic por razões diferentes daquelas da infância. Mais ou menos).

Estou fazendo esse post só pra mostrar um crossover que fiz entre O Conservatório e a minha mais nova mania nerd. :B

Vou começar com um papercraft da Cristina e do Diego, os protagonistas, usando o molde do aplicativo Buddy Poke. Fiz porque queria desesperadamente bonequinhos deles, e eles me ajudaram em algumas cenas.



Só que bonecos de papel amassam e voam (a razão pela qual só sobrou desses dois essa foto meio fora de foco). Eu queria algo mais palpável. Foi quando aprendi a costurar bonecos de feltro. Eu poderia ter feito o Dieguito e a Cris facilmente no mesmo estilo que fiz Bram e Vlad, mas a vida é mais estranha que minhas expectativas. Os bonecos dos dois acabaram sendo... pôneis no estilo My Little Pony: Friendship is Magic.

Peraí, o quê?

Isso vai demandar um pouco mais de explicação antes de mostrar a foto...

Em primeiro lugar, My Little Pony é uma série de pôneis de brinquedo coloridos, com crina e cauda penteáveis. É um brinquedo considerado feminino, e suas origens são bem antigas. Daí, na década de 80, a Hasbro, fabricante dos pôneis (e dos Comandos em Ação, dos Transformers e outros), decidiu que a melhor forma de fazer as crianças quererem seus brinquedos era fazer desenhos animados com eles, e o resto é história.

A série de MLP da década de 80 tinha uma mecânica não muito diferente de Ursinhos Carinhosos, Moranguinho e outros desenhos "de menina" da época, e não tinha roteiros lá muito primorosos (a bem da justiça, o desenho dos Transformers - brinquedos "de menino" - também não). Mesmo assim, cumpriu sua função e tem um forte valor de nostalgia nos States.

Pôneis da década de 80. Não vou dizer que não eram fofas do seu jeito. 

De lá pra cá, os designs dos pôneis mudaram bastante, uma nova série animada foi lançada em DVD lá pelos idos de 2000 e pouco (e quanto menos falarmos dela, melhor para todos os envolvidos) e a franquia estava meio balançada, pedindo renovação.

Foi quando veio Lauren Faust e fez-se a luz.

Lauren, para quem não conhece, é a desenhista das Meninas Super-Poderosas (o marido dela era o produtor da série). É, aquele desenho onde as personagens principais eram meninas que chutavam traseiros,  eram legais pra caramba e provou que um desenho não precisa ser protagonizado por meninos para que outros meninos queiram assistir. Essa mulher foi convidada pela Hasbro para escrever a série animada nova de My Little Pony (a série Friendship is Magic, "A Amizade é Mágica", no Brasil), e ela fez pelos pôneis saltitantes o que seu marido tinha feito pelas Meninas: de repente, garotos de várias idades e mesmo homens feitos (maioria hetersossexual, antes que comecem as piadinhas infantis) começaram a assistir um desenho protagonizado por seis pôneis fêmeas.

As razões para esse fenômeno são várias, só posso dizer por que eu assisti o desenho de pura curiosidade e gostei: primeiro, o esquema de cores dele é LINDO, é um desenho que enche os olhos. A decisão da equipe de arte de fazer o contorno dos pôneis com um traço BEM grosso e uma cor ligeiramente mais escura que o resto e não com o preto tradicional foi muito esperta. Ah, e a movimentação dos pôneis é de babar. Fica ainda mais impressionante se soubermos que o desenho é animado em FLASH. É. Naquele mesmo programa das animações "duras" que a gente vê por aí. Os animadores de MLP tiram leite de pedra do flash, a própria Lauren ficava espantada com o que eles conseguem fazer.

<3

Essa é a parte visual, que me atraiu a princípio. O que me segurou, mesmo, foi que (a) o desenho é cheio de piadinhas visuais que tornam um prazer assistir mesmo aqueles de roteiro mais parado e/ou clichê e (b) o desenho foi desenvolvido todo em cima das personalidades das seis pôneis principais. Não são elas que são jogadas no plot e reagem de acordo, é o plot que se acomoda a elas. Além disso, nunca pensei que fosse dizer isso de um desenho de crianças, mas as protagonistas têm mais camadas e desenvolvimento que muito personagem de livro que andei lendo por aí. E elas desafiam estereótipos, como a roxinha Twilight Sparkle (Qualquer referência a Edward Cullen é mero acidente. Ou não.) sendo a nerd do grupo E a líder (e não uma mera enciclopédia a favor do líder tapadinho, mas corajoso e de bom coração) ou a Rarity, a pônei branca, que é a patty dramaqueen do grupo, mas é generosa, capaz de sair sozinha de situações de perigo graças a seu cérebro (e não um kung-fu improvisado ou algo assim) e que, mesmo corroída de ciúmes e inveja de uma amiga, ainda a salva da humilhação pública sem pensar duas vezes (não, não foi uma daquelas situações onde a pessoa tem que escolher entre manter a amizade ou deixar o outro se ferrar e satisfazer sua inveja, foi algo natural e espontâneo, do tipo "minha amiga está com problemas e posso ajudar, todo o resto foi temporariamente apagado de minha mente").

Sei lá, você meio que se apega a esses personagens, e descobre que os vinte minutos do episódio foram talvez o momento mais agradável do seu dia. Que, pelo menos por vinte minutos, você assistiu algo que fala sobre respeito, amizade, generosidade, superação de dificuldades e de defeitos, e até mesmo sobre como uma dificuldade grande demais pra você superar sozinha pode te levar à insanidade clínica (todas as cinco pôneis sofrem de pelo menos um mal psiquiátrico em algum ponto da série, pra bom entendedor. O mais assustador, de longe, é o ataque esquizofrênico de Pinkie Pie, que não consegue lidar bem com o fato de que todas as suas amigas parecem estar evitando a todo custo seu convite para uma festa), tudo isso com leveza, bom humor e respeito à sua inteligência de adulto e à das crianças que são o público alvo.

Agora que você sabe por que sou fã, dá pra explicar onde Diego e Cristina foram parar nisso tudo. Bom, entre a comunidade de fãs de MLP, a palavra de ordem é representar como pôneis coloridos basicamente qualquer coisa. A famosa Regra 34 diz que, se existe algo, a internet tem pornô envolvendo esse algo. A Regra 34b diz que, se existe algo, a internet tem uma versão desse algo como pônei de MLP: FIM. Videogames famosos, outros desenhos, série de TV, filmes, personagens de livro, qualquer coisa que esteja em alta na cultura pop tem sua versão ponificada. Olhem que fofos esses cientistas famosos desenhados como pôneis: http://namingway.deviantart.com/art/The-Ponies-of-SCIENCE-264411200

Para construir as versões MLP de Diego e Cristina, peguei moldes de pôneis de pelúcia no DeviantArt (nesse perfil) e matutei sobre várias coisas. Lembram que falei da identidade visual do desenho? Tudo em MLP: FIM tem um significado: a cor do corpo do pônei, sua crina, o fato de ele possuir ou não chifre ou asas, a marquinha que ele tem nas coxas... Para os fãs ou não de My Little Pony, lá vai o raciocínio:

Cristina é uma garota fechada e mal-humorada, que parece ter um pouco menos de vitalidade que o resto das pessoas em volta. Achei que a combinação de cinza e preto cairia bem com essa personalidade. Ela ganhou o chifre de unicórnio porque, com sua mágica, pode fazer menos esforço físico que os pôneis normais. A marca na coxa é chamada "marca especial" ("cutie mark"), e a da Cris são três teclas de piano, porque ela, bem, toca piano. A crina num esquema meio Twilight Sparkle acabou fazendo a pônei ficar bem a cara da Cristina, mesmo. Como pôneis não tem nome de gente, pus nela o nome de Dó Menor.

Diego foi o mais difícil. O mais fácil seria fazê-lo branco com uma crina preta e cacheada, para ele ficar parecido com suas fotos e desenhos, mas lembra que eu disse que tudo num pônei é significativo? O codinome dele no livro é Sol Maior (é um dos acordes mais abertos e brilhantes, como o próprio Diego), daí, resolvi usar isso para fazê-lo. Primeiro, ele seria amarelo, com crina laranja e vermelha. Daí, imaginei que ele ficaria muito parecido com a pônei Spitfire do desenho, e preferi mudar sua cor para branco e fazer a crina tricolor (até porque Diego é um cara atraente e, como a maioria dos pôneis têm crina mono ou bicolor, achei que uma tricolor num padrão de fogo poderia ser visto como atraente). O esquema de "fogo" vem por causa de "Sol", claro. E porque a personalidade do Diego é bem "fogo", mesmo, sendo a Cris mais pra "gelo". A marca especial é uma clave de sol (duh) brilhante, lembrando a música e fazendo trocadilho com o Sol propriamente dito. Adicionei as asas porque os pégasos são os pôneis mais relacionados à velocidade e ao esporte e isso cai nele como uma luva.

CONTEMPLEM o trabalho final de Sol Maior e Dó Menor 

Vou ser honesta, fiz os dois como protótipos, usando cola ao invés de linha e agulha, só para ver se os moldes funcionavam, se precisavam de ajustes, e que cuidados eu deveria ter ao costurar para não desperdiçar tempo e tecido. Mas vamos lá, quem diria que o simples exercício de transformar seu personagem num pônei colorido ia demandar conhecer tão a fundo sua personalidade? ;)

Pra quem quer fazer pôneis de seus personagens, mas não tá a fim de costurar, tem um gerador de pôneis facinho de usar aqui, ó: http://generalzoi.deviantart.com/art/Pony-Creator-Full-Version-254295904

Amor e tolerância para todos. o/


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OBS: Para ver Pinkie Pie surtando com legendas, vá mais para o fim desse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=u2skHDDoWiY

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