sábado, 17 de dezembro de 2011

Mini-review do Kindle 4

Plantão especial no blog do Conservatório!

Comprei um Kindle 4 de autopresente de Natal e achei legal fazer um review aqui. \o\

Tá, é melhor começarmos devagar. Nem todo mundo sabe o que é um kindle, então, vamos explicar. Curto e simples, o kindle é um aparelho que te permite ler ebooks (vulgos livros virtuais). Antes que algum MacChato venha falar que "blablabla o iPad faz isso, fora o iPad nada mais é necessário blablabla", é preciso explicar: o iPad é um tablet. O kindle PARECE um tablet, mas está longe de ser um. O kindle serve pra ler livros, e só. Por outro lado, o iPad até pode ser usado pra ler ebooks, mas a tela luminosa faz todos que tentaram ler livros nele reclamarem.

A tela do kindle tem uma tecnologia chamada "e-ink", que permite que a tela seja fosca e sem brilho. Com isso, ele parece com uma página impressa. O Mushi-san comprou um quando ele ainda era Kindle 2, e fez um review muito bom de três partes. Vou dar o link pras três partes aqui, visitem e conhecerão melhor o kindle. LEIAM, porque vou me focar nas diferenças do meu kindle pro dele. Não tem sentido eu escrever de novo tudo o que o Mushi disse e muito bem dito. :P Podem ir lá, eu espero.

Parte 1: http://www.mushi-san.com/geladeira/2010/08/o-review-do-kin.php
Parte 2: http://www.mushi-san.com/geladeira/2010/12/o-review-do-kin-1.php
Parte 3: http://www.mushi-san.com/geladeira/2011/01/o-review-do-kin-2.php
Comparativo do kindle com outros leitores de ebooks: http://www.mushi-san.com/geladeira/2010/08/gato-sabido-e-p.php

Foram? Mesmo? Se não, que coisa mais feia! Voltem lá e cliquem! ò.ó

E agora? Foram? Beleza, vamos continuar.

Primeiro, como consegui meu kindle? Bom, minha mãe me chamou a atenção para uma oferta de kindle num site de cupons. De R$990,00, ele estava saindo a R$300,00. Apesar de R$990,00 ser um preço inflacionado, o preço do cupom estava até bem razoável. Nos States, o preço do Kindle 4 com spam (explico isso mais tarde) é US$79,00. Convertido para reais, mais impostos de importação (o Mushi mostrou uma notinha dizendo que são mais de duzentos reais de impostos, embora isso seja flutuante), um Kindle 4 dificilmente sairia no Brasil por menos de R$400,00. Sendo assim, comprei o cupom e esperei.

Foi uma novela até eu ter em mãos o aparelhinho. Demorou o dobro do tempo previsto pelo site, mas chegou. Não vou dizer qual site que foi. Não foi traumática para mim a espera, mas um amigo meu, apesar de receber o kindle um dia antes de mim, quase infartou (hehe). Sendo assim, não vou me responsabilizar pela reputação do site, nem dar uma dica que possa dar dor de cabeça para alguém.

No início, pesei bem a decisão. O Kindle 4 é bem mais básico que o Kindle 2 e eu não sabia se valia a pena. Para começar, o 4 não tem saída de som. Até aí, tudo bem. Não sou de ouvir música enquanto leio e nem sou deficiente visual. Bom, e mesmo que fosse, tenho um celular com tocador de mp3, não preciso de outro tocador de mp3. A falta que eu achava mais grave era o teclado. Vejam a carinha do Kindle 4:

Pequenininho, né? E sem o teclado. :(

Mas depois que pensei bem... Ele é um aparelho de LEITURA. Não é pra entrar na internet (pra isso servem os tablets), e nem sou do tipo que fica digitando notinhas no livro. Pra falar a verdade, mesmo no kindle com teclado, é chato colocar essas notas. Assim, acabei vendo que valia a pena comprar o 4 sequinho. Naturalmente, quem está lendo esse review e preferir um kindle mais completo, existe toda uma linha lançada juntamente com o Kindle 4: o Kindle Keyboard,  com teclado, o Kindle Touch, que tem tecnologia touchscreen, o Kindle 3G, com cobertura 3G (duh!) e até o Kindle Fire, que é um tablet de custo beeeem mais baixo que o iPad.

Agora, no terreno das vantagens, o Kindle 4 (e os demais de sua linha) têm tradução para o português e dicionário em português! :D A tela inicial do kindle lista os livros que você tem armazenados. Quando você aperta o botão menu (o primeiro à direita do direcional), surge esse menu:

Screenshot gentilmente cedida pelo meu amigo infartado. xD

Onde está escrito "Experimental" fica o navegador do kindle, que você usa pra entrar na internet. Ele é muito primitivo e o teclado virtual (que você usa navegando com as teclas direcionais - dá trabalho) desencoraja um pouco seu uso. Mas é bom saber que ele está ali, para você baixar livros quando quiser. Apesar de não ter 3G, o Kindle 4 tem Wi-Fi.

As propagandas. Sobre elas, só sofre desse mal quem encomendou um kindle pra um amigo nos EUA, porque quem importa via Amazon paga 30 dólares a mais e fica livre delas. Mas, se você, como eu, foi "premiado" com o kindle com spam, tem que enfrentar isso:

Com propaganda e sem propaganda

...que nem é grande coisa, admito. Só um bannerzinho no fim da página. O graaande problema é que pôsteres de propaganda substituem a proteção de tela bonitosa do kindle. D: (Não dá pra tirar screenshot pra mostrar, mas, em resumo, a proteção de tela é o desenho que o kindle mostra quando está desligado. Ter propagandas como proteção de tela é ter seu kindle funcionando como um folheto de anúncio ao ser desligado.) Dizem que tem como contornar isso. Por ora, vou ficar quietinha até ter certeza de que funciona sem bugs.

Sobre o uso do kindle propriamente dito: o Mushi resumiu muito bem isso no review dele. Só vou frisar o quanto você deve ter cuidado com pdfs: Abaixo, um exemplo de pdf que deu errado (o da direita - juro que não usei photoshop pra pôr o FFFFUUU, isso é da minha monografia. xD) e de um que deu certo (à esquerda). Não dá pra saber de antemão qual pdf vai sair bem ou não, então, é tentativa e erro. Mas dica: pdfs com fonte times 12 ou arial 10 provavelmente vão sair beeem ruins.

Clique para aumentar e ver o estrago

O kindle é em preto e branco e tudo, mas isso não o impede de mostrar bem as ilustrações, mesmo que, originalmente, elas sejam coloridas. Abaixo, a capa do livro beta do Mushi. No DA dele, vocês podem ver o desenho original, colorido, para compararem: http://mushisan.deviantart.com/gallery/#/d3as6dy


Em resumo: o kindle não é tablet. Não serve pra entrar na internet, jogar, nem nada no gênero. Mas é uma mão na roda pra quem é viciado em leitura e não quer ler na frente de um computador. Já fiz o teste de ler nele, e cansa menos a vista que um livro de papel, por que o fundo não é branco e dá menos contraste com as letras. Cabe coisa pra caramba nele, ele é leve e prático. A falta do teclado, que me parecia um defeito, acaba diminuindo a poluição visual da tela e fazendo o kindle mais próximo de um livro. Os botões de passar a página ficam no lugar EXATO em que meus dedões tocam quando seguro normalmente o aparelho.

Se você estiver querendo um leitor de ebooks, pode comprar o kindle sem medo. Repetindo bem repetido: ele lembra um tablet no formato, mas não é um iPad, nunca quis ser um iPad, e não compete com o iPad. Ele é, para quem gosta de ler, o que o tocador de mp3 é para quem gosta de ouvir música, nada mais e nada menos. E cumpre muito bem esse papel.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Annabel & Sarah, Y U NO?

Seguindo com as tiras, essa história, eu vi acontecer. Envolve o Dario, que usa esse topete desde antes de isso ser socialmente aceitável, e a Flávia, que é a própria Derpina encarnada.

Em defesa do Dario, quase todos os garotos, enganados pela capa rosa, reagem dessa forma. E não, esse não é o Jim real na foto. Nós, não-humanos, temos que zelar pela segurança das identidades uns dos outros.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Resenha de Eclipse ao Pôr-do-Sol e botando ordem na budega

Vocês devem se lembrar de que, há meses sem fim, eu dei ao Diego a permissão para postar no blog e a missão de resenhar uns livros por aí, certo? Ele veio todo empolgado e começou mesmo com o negócio.

...Daí, o Blogger comeu dois posts dele com angu e ele ficou tão irritado que não quis mais nem saber de voltar aqui.

Como o ano esteve meio ocupado e magro em termos de vontade de postar qualquer coisa em qualquer lugar, perdoei o Diego e deixei o blog de lado. Até que tive mais uma das minhas ideias geniais. Fazer resenhas... em quadrinhos. :D Isso foi o bastante pra atrair o Diego de volta. Ele decidiu que vai fazer as resenhas agora, e usando os quadrinhos. Como ele não desenha (e eu tenho duas tirinhas para retomar), vamos usar quadrinhos de memes. Sim. Faremos resenhas meméticas. Problem?

Assim que tiver uma folga, eu volto aos posts com artigos. Enquanto isso, divirtam-se com os memes dieguísticos. Andei vendo as tirinhas que ele está criando pra série especial de livros de vampiros. Em uma palavra? LOL.

O agraciado de hoje é alguém a quem esse blog deve resenha há muito tempo. Antonio Luiz M. C. da Costa entra aqui com seu livro de contos Eclipse ao Pôr-do-Sol. Enjoy.

Esse ciclo se repetia a cada conto. Exceto os poucos sem partes quentes. Ah, e ele é bom de finais.
Nota: ***

sábado, 16 de abril de 2011

Sob nova direção e X-Men: First Night Class

Que raios de paradez é essa?!

Não é muita boniteza? Menina vem, cria um blog pro Conservatório, não chama ninguém de lá e ainda deixa o troço ficar às moscas. Bonito, hein?

Bom, eu sou o Diego, minha mãe é a diretora dessa bagaça e eu estou entrando na equipe desse blog pra ver se ele anda. É um blog de literatura e talz. Não sou a melhor pessoa pra se falar sobre escrever, porque nunca escrevi nada fora da sala de aula. Mas sei lá, vou ver o que posso fazer. A Adriana me deu a ideia de dar dicas de leitura, e acho que vou fazer isso. Não tenho saco pra fazer resenhas nos moldes que meu professor de literatura manda, mas acho que posso dar a qualquer um uma boa ideia se ele quer ler certo livro ou não.

Até agora, o blog vem falando de escrita, vampiros, jovens, vampiros, etc. OK. Vou dar minha opinião técnica sobre um livro de vampiros famosinho aê que eu li e achei que valia a pena comentar. Na verdade, é um livro dividido em dois volumes, por assim dizer: Os Sete e Sétimo, do André Vianco.

Os Sete começa arrastado. Uns mergulhadores desempregados acham uma caixa de prata com uns nomes nela: Inverno, Acordador, Tempestade, Lobo, Espelho, Gentil e Sétimo (não necessariamente nessa ordem). Não, essa não é a lista de chamada de X-Men: First Class. Mas acho que chega perto. Continue lendo.

A caixa tem instruções em várias línguas que são algo como "não abra, ou o apocalipse vai ser desencadeado". Como são humanos, é CLARO que eles abrem a caixa sem tomar nenhuma precaução. Dentro dessa caixa, tem sete cadáveres mumificados. Se você não percebeu que são vampiros, sai dessa caverna enquanto é tempo. Bom, isso é importante porque, na ficção, tem um campo de distorção de probabilidade em torno dos vampiros que faz com que as chances de alguém sangrar perto deles aumente 500%.

Aqui não é diferente, e vemos a mocinha da história (uma das únicas mulheres do livro INTEIRO, na verdade) ter sua participação mais útil da trama: ela se corta acidentalmente numa serra enorme e deixa o sangue cair na caixa. Essa é só a primeira das várias estupidezes que virão. Depois disso, um bando de cientistas amadores e irresponsáveis deixam um cadáver voltar a vida e destruir tudo em volta sem tomar nenhuma providência decente. É nesse ponto, um punhado de páginas chatíssimas depois da capa, que a história começa de verdade.

O lugar começa a se resfriar cada vez mais rápido (mesmo levando em conta que a história se passa no Sul do país), até que descobrimos que os nomes na caixa são os codinomes dos vampiros dentro dela, e que combinam com o poder de cada um. Como eu disse antes, X-Men: First Night Class! Os vampiros aqui não são qualquer um, não senhor, são os ancestrais diretos dos alunos do Prof. Xavier. Aposto que seu mundo caiu, agora.

Depois do showzinho do Inverno, temos basicamente três linhas narrativas: os mocinhos (bleeeeeeeeeergh), os militares e os vampiros despertos (logo, o primeiro a despertar, Inverno, se junta ao Acordador, que pode criar zumbis. Êêê.).

A linha dos mocinhos, de maneira geral, é chatééééérrima. Consiste no mocinho genre savvy fugindo à toda brida com a mocinha Brasil a dentro, repetindo o quanto a ama e a quer fazer feliz, vendo a inútil ser sequestrada e indo atrás dela depois. Sério, 9 de cada 10 falas dele são a respeito de ele querê-la segura e do lado dele. É patético. Cruzes. Irc.

A linha dos milicas é um pouco mais legal, mas é construída naquele clichê hollywoodiano de caras de uniforme morrendo às pencas enquanto enfrentam ameaça sobrenatural/alienígena, enquanto um civil durão faz todo o serviço com menos da metade do armamento.

A terceira linha é a mais legal. E não é porque é protagonizada por vampiros, mas porque é protagonizada por vampiros renascentistas descobrindo os tempos modernos. Vez por outra, de uma maneira bem engraçada. Eles começam como vilões, mas viram meio que anti-heróis nessa hora. Eu sempre torço pelos vampiros, nos livros, especialmente quando os humanos são idiotas, e nesse livro, os humanos são idiotas ao cubo. Faça as contas.

Nas três linhas, a ação é cinematográfica e abundante. É fácil vencer o calhamaço. A única coisa que fica irritante depois de algum tempo é a tentativa do Vianco de subverter a todo custo aquela coisa de "só morre quem não tem nome". Papagaios, ele dá nome até ao cara que vai ser morto dois parágrafos adiante e mostra pedacinhos da vida dele. É de enlouquecer! Gaaaah!.......

*volta do ataque epilético*

Enfim. O fim de Os Sete é um simples prólogo para Sétimo. Nesse livro, o vampiro homônimo, ao contrário de seus "irmãos", ao invés de tentar voltar para Portugal na tocaia, sem chamar a atenção, começa nada menos que um exército, pra tentar dominar o mundo. Pra tentar se dar bem nessa empreitada, ele é guiado por um daqueles vampiros emo que ficam choramingando a cada cinco minutos que se tornaram monstros, mas nunca fazem um mindinho de esforço pra conseguir sangue de forma não-letal. Posers preguiçosos e idiotas!

As linhas aqui são ligeiramente diferentes. Temos a linha narrativa do Sétimo, que é um Drácula teen, com direito a noivas vampiras gostosas (que têm como única utilidade real fazer poses sensuais, provocar os mocinhos e seduzir os incautos pra beber o sangue deles - como as noivas do Drácula). Pense num aborrecente mimado e imagine que ele virou um vampiro com superpoderes from hell: esse é o Sétimo. Dá pra sentir simpatia por ele, assim com dá vontade de meter a mão na cara dele e mandar ele tomar tento e virar gente.

Na linha do vampiro emo, as coisas estão bastante animadas, mas menos que nas outras. Afinal, ele é o mocinho desse livro, e a linha dos mocinhos é a mais chata por contrato.

Temos a linha dos vampisomens (os lobisomens do livro são vampiros que viram lobisomens na lua cheia), que é bem legal e cheia de órgãos voando. Linda.

A linha dos militares evoluiu de "bucha de canhão" para "bucha de canhão + cientistas nazistas", e o militar durão do primeiro livro foi promovido a Capitão Nascimento.

Por fim, temos a lista dos caçadores de vampiros, que são um mercenário e um descendente do maior inimigo dos vampiros do primeiro livro, um maluco que se veste de armadura de prata (!). E vou te falar, eles chutam bundas com estilo.


Sétimo é bem mais movimentado que Os Sete. E bota mais nisso. Você devora o livro. Há uma evolução notável do autor ao longo dos dois. Ao fim de Sétimo, fica claro para mim que a mensagem dos dois volumes é: "Humanos são inúteis, a menos que sejam machos incrivelmente durões. Vampiros ruleiam! Heeeeell yeeeah!". Uma admirável mensagem, se quer saber.

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Dou nota 7/10 pro conjunto. Os livros são cinema escrito, pra resumir. Não espere escrita primorosa, desenvolvimento de personagens, dramas profundos e toda essa parafernália de livros cults. Tem todos os clichês, vantagens e desvantagens de um bom filme de ação. O TOC do Vianco de dar nome pros figurantes é um saco, o que só é compensado com sua total impiedade com os protagonistas. Cara, conheci poucos autores tão carniceiros quanto ele entre os protagonistas, e isso é sempre um refresco. Recomendadíssimo pra qualquer um que goste de um bom shonen, mas não para aqueles que procurem originalidade, escrita exemplar ou personagens profundos.

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Pronto. Tem uma pilha de livros que a Adriana me deu e mandou ler pra recomendar (positivamente ou negativamente) pra vocês. Tem muitos, mas vou fazer uma enquete ali no lado com os que mais me chamaram a atenção para a próxima coluna. Vote, ou vou falar sobre Crepúsculo. E você não vai gostar, porque vou te chamar de idiota.

Tá esperando o quê?

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Novidades novas e antigas - Algumas lições do escrever

Pessoal! Depois de um período de trabalho intenso, que terminou com a escrita d’O Conservatório, caí num período em que eu mal quis tocar na coisa de novo. Agora, uns seis meses depois do último ponto final, que culminou com a versão 3.1.1 da história, resolvi reler o filhote, porque... Deu vontade, oras. u_u


A primeira notícia é que eu mudei (já tem um tempo) o nome da história. Eu tava achando O Conservatório um título com cara de paisagem (sem trocadilho), e resolvi mudar para um mais significativo: Noturno em Sol Maior (com trocadilho). Tem um Sol Maior muito importante na história, o que faz com que o título acabe ficando adequado. O nome do blog não vai mudar, afinal, continua tendo um conservatório na história. :P

De repente, me deu uma comichão de falar da história, então, vou fazer uns posts especiais. Nesse aqui, quero falar sobre livros muito importantes que já escrevi e as lições que aprendi com eles. Eles nunca serão publicados, mas, sem eles, eu não tava aqui batendo a cabeça com escrita até hoje. Todo mundo que brinca de escrever (e, ocasionalmente, trabalha com isso) deve ter livros que serviram de treino pra escrita antes de arriscar pensar em publicar algo. Façam comigo essa viagem de nostalgia e dividam suas histórias nos comentários, se quiserem. :)

1 – O livro que me ensinou que eu também podia escrever.

Um belo dia, a nossa professora de Português da sexta série propôs que fizéssemos uma “feira literária” na nossa sala de aula, onde teríamos que contribuir com um mini-livro ilustrado, feito por nossas próprias mãos.

Até o momento, eu já tinha escrito redações e até fantasiado escrever um livro. Mas era algo distante: minhas fantasias de abrir um canil para vender pastores de Shetland eram igualmente vívidas (é, pois é). Foi quando tive o produto final de meus esforços literários em mãos que tive o momento de iluminação: “Ei! Eu não preciso escrever só redações de escola! Eu posso fazer alguma coisa além!”

A “obra” é essa abaixo. O desenho da capa é da minha mãe (!), a partir de um decalque dessa capa de Menino de Engenho. As ilustrações internas são minhas. Vejam só que looshoo. Conta um experimento de um menino-cientista-louco que não deu lá muito certo...


No dia da exposição dos livrinhos, só eu peguei o meu pra reler e admirar. :P Nesse dia, aprendi uma valiosa lição:

Não importa o quanto você se esforce para criar uma história e para ilustrá-la. Não importa o quanto você corra atrás para tê-la na banca junto com as outras e quantas peripécias você passe para encaderná-la a tempo: se colocam seu livro em exibição junto com livros de vampiros, ninguém vai mexer nele. Pelo menos, sempre vai restar em você a satisfação interna de que você criou sua história e seus personagens, e não resumiu e ilustrou a trama de um filme.

(Pra ser honesta, eu mesma só peguei pra ler os livros dos meus coleguinhas que tinham vampiros e terror. :P E isso foi em 2000, bem antes de Crepúsculo surgir.)

2 – O livro que me ensinou que eu tinha que perseverar

No ano seguinte, continuei com a mesma professora, que organizou de novo a feirinha. Dessa vez, eu tinha criado vergonha na cara e comprado revistas de “como desenhar mangá”, pra fazer a ilustração da capa. E o Eduardo, o personagem do livro anterior, tinha ganhado uma nova história, outra aparência, o Daniel virou irmão dele (antes, eles eram amigos), entre outras coisas. É incrível ver como amadureci e aprofundei o personagem em coisa de um ano. Resolvi contar essa história de como os dois irmãos estudaram até a quarta série num internato, e as coisas esquisitas que aconteceram lá (Chiquititas pode ter influenciado nisso...).

Esse desenho na capa é meu quarto desenho em estilo mangá. :P Os dois primeiros são desenhos dos personagens dessa história, sendo o primeiro uma menina dura como um pau e dos dois outros, praticamente iguais aos dessa capa. :P

Veio a exposição e... De novo, nem mexeram no bichinho. A lei natural da prevalência dos vampiros agiu de novo, e convenhamos... Fui praticamente a única naquele recinto que leu mais do que dois livrinhos. Meus colegas simplesmente não estavam nem aí, não eram metade da traça de livros que eu era. Tipo, quem quer ler os garranchos de seu próprio coleguinha, ao invés de um livro bonitão na livraria? Exceção honrosa foram um livro de vampiros canibais com ilustrações de membros decepados e um resuminho ilustrado de Terror em Amytville, que foram campeões de leitura. Esse livrinho era um legítimo “combustível de pesadelos, o livro de colorir”. Eu TIVE pesadelos com o porco fantasma satânico na janela (Samael, você não é o único a temer porcos satânicos, veja só). *medo*
Lição número dois: não importa o quanto você melhore de um livro pro outro em escrita e ilustração, você nunca será páreo para um livrinho de vampiros com sangue na capa. Ou para um livro com porcos satânicos.

3 – O livro que me ensinou que eu podia terminar uma história longa...

Entre o livrinho do item 2 e esse, existiu a fic de pokémons vampiros. Eu falo mais dela em outro lugar. Mas ela era uma história pequena. Livro, livro, mesmo, escrevi um foi no meu diário do Mickey com páginas perfumadas.

...Eu tinha um diário do Mickey com páginas perfumadas, ok? Presente de aniversário. Cheguei a escrever nele por algum tempo usando um código secreto (tão secreto quanto pode ser um código em que uma árvore simboliza o “a”, uma estrela o “e”, uma igrejinha um “i” e por aí vai...), mas enjoei rápido e as páginas ficaram ali dando sopa. Daí, resolvi preencher com uma história de detetives que eu estava maquinando já há bastante tempo. Sempre tinha sido uma história para me entreter, e eu nem sonhava em torná-la “séria”, escrevendo. Bom, toca a experimentar, né?

Quase enchi o diário com a história (ainda sem nome), que narrava as desventuras de Juliana, uma moça carioca que tem seus pais presos inesperadamente por tráfico de drogas e acaba indo morar com o irmão (que tinha sido tirado dos pais antes da Juliana nascer, justamente porque eles o negligenciavam para dar festas e vender drogas e, revoltado, acabou virando policial). Daí, ela vai pra Ouro Preto e acaba caindo de cabeça numa trama agathachristiniana, com direito a um ruivo baixinho com sotque francês (me processem).

A premissa é 800% mais legal que a execução, confesso. :P Poxa, é uma história escrita por uma menina de 13 anos num diário perfumado do Mickey. :P

A lição aprendida foi: o que quer que você escreva, escreva até o fim, mesmo que morra de preguiça o tempo todo. Isso te dá confiança de tentar vôos maiores.

4 – ...E que ela possivelmente vai ter que ser reescrita depois...

...Daí, dois meses depois de terminar a história do diário do Mickey, eu comecei a achar mais furos que os de uma peneira e decidi reescrever. Doeu contemplar o tamanho da tarefa, mas eu não ia deixar a história tosca como estava. u_u

Dessa vez, ela foi batizada de “O Ramo de Oliveira” e escrevi em páginas de caderno avulsas. Foram entre 50 e 60 páginas manuscritas, e pior: em letra de forma com diferenciação entre maiúsculas e minúsculas, ao invés de letra cursiva. Eu levo o dobro do tempo escrevendo assim, embora fique mais legível.

Ampliei umas coisas, expliquei outras, tentei dar um ar mais realista... E transformei a cena de julgamento em uma ainda mais agathachristiniana, com os personagens todos reunidos na sala de estar de uma mansão. *-*

Por muitas vezes, me amaldiçoei por estar refazendo o trabalho na unha, mas eu não ficaria satisfeita comigo mesmo enquanto continuasse vendo crateras que podiam conter o monte Everest com folga. As várias anotações nas margens das folhas, de compras a fazer, trabalhos a entregar, telefones e idéias para outras histórias mostram o quão longo foi o período em que me dediquei a reconstruir essa história.

A lição é: reescrever algo que você acha que está grotescamente ruim é um trabalho de corno. Mas como compensam os resultados!

(E, ainda assim, a versão 2.0 do Ramo de Oliveira não me deixou satisfeita. Mas a versão 3 é algo que ainda estou devendo a mim mesma. Talvez no futuro.)

5 – ...E que continuações são irresistíveis.

Vocês pensam que só porque levei meses reescrevendo O Ramo de Oliveira e não fiquei apaziguada com a versão final que isso me impediu de escrever uma continuação? CLARO QUE NÃO! Peguei um diário perfumado com um pégaso voando em direção à Lua (eu ganhava um diário desses todo ano – também tenho um vermelho com dálmatas) e comecei O Gato Esmeralda, sobre o roubo de uma relíquia egípcia sob o nariz de várias pessoas. Com direito a um ladrão lupinesco, que rouba o troço só por esporte.

Fato: não importa o quanto você encrenque com sua história. Na sua mente, ela SEMPRE vai ter uma continuação. Pode até não virar livro, mas vai ter continuação.

O Gato Esmeralda é menos viajado e forçado que O Ramo de Oliveira, mas ainda assim... Bom, digamos que eu continuo usando o cadeado nos meus diários antigos.

Bônus: algum tempo depois, escrevi um conto em três partes onde os personagens de O Ramo de Oliveira encontram o Eduardo e o Daniel. :D Crossover rulz! Ele tá online aqui, aqui e aqui. Até que não me envergonha muito, embora precise de um bom polimento.

6 – E, por fim, o livro que me ensinou que eu podia terminar uma história longa, e ela podia ser legal.

...E esse é O Conservatório, versão 1.0. :D Eu o publiquei em forma de folhetim na lista de discussão do Adorável Noite e foi a primeira vez que coloquei coisas minhas pros outros lerem. E a história foi comentada, vejam só. Por duas ou três pessoas, mas quem liga? *-*

Foi o empurrãozinho de auto-estima que eu precisava para seguir em frente. Já contei essa história milhares de vezes antes, então, vou pular pra lição:

Lição final: só um escritor sabe quantos livros se escondem por trás de um que ele mostra ao público.

Até! o/