quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pôneis de novo

É, de novo. Meu blog, minhas regras.

Aprendam um pouco sobre a filosofia dos pôneis vampiros. Já falei de My Little Pony e o Conservatório nesse post. E nesse.

Isso são pôneis de cristal: [LINK] Digam se não são Cullens quadrúpedes.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Um bom resumo do relacionamento deles


...Sim, Diego e Cristina têm esse tipo de relacionamento. Diego é masoquista gosta de desafios.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sobre cães e pessoas

Sei que o que vou dizer não tem nada a ver com literatura ou o que quer que seja, mas precisa ser dito. Quem achar bobagem, pode voltar aqui depois, quando teremos (assim espero), um post mais alto-astral. Mas não posso ficar calada diante dos verdadeiros horrores que presenciei há alguns meses. Esse post ficou nos rascunhos esse tempo todo porque era algo doloroso de se falar.

Quem me acompanha no facebook e quem lê regularmente o Bram & Vlad deve ter ouvido falar da Nina, uma cadelinha que pegamos antes da novela com sua homônima aparecer. Minha mãe e eu a encontramos perdida no centro da cidade e a levamos para casa, depois dela quase ter sido atropelada. Ela se mostrou logo animada e brincalhona, um amor de cachorra, mas era grande demais para nosso apartamento. Procuramos dono para ela e, com muita dificuldade, descobrimos que a moça da limpeza da nossa escola a queria. Pouco depois que a entregamos para a nova dona, saiu o resultado do exame de sangue que fizemos nela: ela estava com leishmaniose.

(Aqui, faço uma pausa para refrescar os conhecimentos de Biologia de vocês: a leishmaniose é causada por protozoários do gênero Leishmania, que podem usar como hospedeiro tanto o homem quanto o cão, e outros mamíferos. A doença é transmitida pela picada do mosquito-palha (ou birigui) e tem duas formas: a cutânea e a visceral. A cutânea é menos grave, e causa feridas horrorosas na pele. A visceral ataca órgãos vitais e é gravíssima.)

Como esse exame às vezes dá falso positivo, fizemos pelo menos três para confirmar. Nesse meio tempo, Nina fugiu da casa da dona e foi parar, três dias depois, na porta do meu prédio, com a maior cara lavada. Sabíamos, então, que ela era nossa responsabilidade, de ninguém mais.

Para encurtar a história, exatos dois meses depois que achamos Nina na rua, veio a resposta final: ela realmente estava com leishmaniose.

Decidir o que fazer foi extremamente difícil. Quer dizer, a leishmaniose tem tratamento. É bem caro, mas existe. Os remédios fortes eventualmente fazem o fígado e os rins do cachorro pararem, mas ele pode ter uma vida relativamente normal até lá. O problema é que o tratamento não impede a transmissão e, como eu disse acima, ela acontece por causa de um mosquito. Tratar leishmaniose significa que você deve, além dos remédios e exames, manter seu cão constantemente protegido contra mosquitos, usando coleiras anti-pulgas e sprays de citronela, além de ter que trancá-lo em um ambiente telado nos horários de maior incidência do mosquito. Se você falhar na proteção do seu cão, bem, Belo Horizonte é um foco gigante de leishmaniose e outros cães e pessoas podem ser infectados. Em caso de idosos e crianças, a doença pode levar à morte. Se querem saber o quanto é difícil controlar surtos de doenças transmitidas por mosquitos, apenas conte há quantos anos você assiste propagandas de combate à dengue na TV.

Se a doença não tivesse esse agravante de passar para seres humanos, seria mais fácil para nós tratarmos a Nina, mas minha família chegou à conclusão que não estávamos preparados para a enorme responsabilidade de impedir que a doença da Nina se alastrasse. Ninguém mais se ofereceu para cuidar dela (se já era difícil quando pensamos que estava saudável...), e fomos ficando sem opção. Por fim, ela foi recolhida pela Prefeitura para o sacrifício.

Não vou dizer que foi a decisão mais agradável para mim, que não restou nenhum traço de culpa, que questionamentos ainda não pipocam aqui e ali. Meu único consolo é que ela está bem, agora, e nem chegou a sofrer com a doença, que deixa o cão num estado lastimável.

Se você está achando que esse foi o horror daqueles meses, saiba que não, não foi.

Durante o período em que estávamos tentando achar um lar para a Nina, minha mãe e eu entramos em contato com o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de BH, com várias ONGs de proteção aos animais, com pessoas que decidem recolher animais de rua para achar lares para eles e todo esse universo dos animais abandonados.

Eu não estava preparada para o que acabei descobrindo.

Quer dizer, todo mundo mais ou menos sabe que existem muitos animais abandonados, que os defensores dos animais estão sempre atrás de dono para algum animal, que a leishmaniose é uma preocupação séria em BH. Mas cara... CARA!

Tanto o CCZ quanto as ONGs que contatamos têm dezenas (quando não chegam a centenas) de animais esperando adoção. Raramente um defensor dos direitos dos animais tem menos de dez cães em casa. Desses todos, muitos estão doentes. Tratamento veterinário é caro e raríssimos são os veterinários que aceitam fazê-lo de graça ou pela metade do preço quando se trata de um cão abandonado. Não existe atendimento veterinário público, e nem o Governo disponibiliza todas as vacinas necessárias o ano inteiro. Isso faz com que ter um animal saudável e imunizado seja um luxo de quem tem algum dinheiro, e faz com que as áreas mais pobres sejam ninhos de doenças. E isso é irônico e triste, porque é nessas regiões que as pessoas estão mais dispostas a cuidar de animais abandonados. Onde há gente com grana, ninguém quer nem olhar pro bicho doente. Aliás, pelo tanto de animais de raça abandonados, são as pessoas com condições de cuidar dos animais que os abandonam.

Se isso não basta para horrorizar alguém, ontem mesmo vi no Facebook um cara que recolhe animais, trata e depois procura donos para eles. Esse rapaz está com a vida toda complicada por causa disso, mas simplesmente não consegue parar de ajudar os animais doentes e abandonados que vê. Muitos de raça. E são sempre histórias difíceis, como a do cachorro com um tumor estourado nas costas, ou do cão abandonado duas vezes, mas que andou quilômetros para chegar de novo em casa, apenas para ser maltratado e mantido do lado de fora.

Que tipo de seres humanos nós somos, ou estamos querendo ser? Onde está nossa responsabilidade como guardiães de seres vivos que confiam em nós? Eu sei que as pessoas têm dificuldade de entender minha simpatia pelos animais que comemos, até porque alguma distância emocional é necessária entre você e sua comida. Mas cara, animais de estimação não pedem para ser adotados, nós os tiramos se sua mãezinha e os levamos para casa porque eles são fofos e fazem carinhas bonitinhas, e nós temos a cara de pau de jogarmos esses animais na rua quando nos cansamos deles. Cara, deixar uma planta morrer porque você esqueceu de aguar já é um verdadeiro crime, já que a planta depende inteiramente de nós e nem pode fazer barulhos que indiquem que está com sede. Mas jogar na rua um animal que nunca aprendeu a procurar seu próprio alimento porque nunca permitimos isso mostra muito a respeito daquele egoísmo cosmicamente grande que todos temos dentro de nós e tentamos negar.

Já fiquei sabendo de gente que ia soltar o cachorro porque ia viajar por 15 dias para a praia e cães não eram permitido lá onde eles iam. É.

Por favor, amigos que me leem aqui: adotar um animal de estimação é como adotar uma criança que não cresce. É um compromisso que você vai carregar por uns 15 anos, no mínimo, um ser que dependerá de você para tudo, e que não será aceito em todos os lugares que você for. É um filho seu, que deverá ser bem cuidado, alimentado, educado e amado. Você não precisa virar uma socialite que mima o bicho de estimação mais do que mimaria uma criança, mas não pode se esquecer de que a VIDA do seu animal gira em torno da sua, e se você o negligenciar, ele vai morrer. E o pior: ele não é um tamagotchi com botão de "reset". Ele não vai ressuscitar e nenhum animal que você comprar para substituí-lo vai ser igual a ele.

Está passando da hora da Humanidade crescer e se tornar mais responsável...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cenas deletadas do Conservatório


Sexualizar tudo leva a complexos de Édipo onde não existem. #fikdik
(A Annette é a mãe adotiva do Diego e quem o transformou em vampiro, para começo de conversa. Esse povo que não lê os posts sobre os personagens que fiz lá em 2009/2010... U.U)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sonia Belmont e como todos perdem com o machismo

Eu tava preparando um texto sobre literatura policial pra postar por aqui, mas antes dele ficar pronto, acabei me envolvendo numa pequena discussão sobre Castlevania e achei que valia a pena dar meus dois centavos aqui.

Apesar do grande número de garotas gamers, e desse número crescer a cada dia, as pessoas insistem em achar que "videogame é coisa de menino" e que um game não vai vender se não tiver protagonistas homens fazendo coisas de homens. *suspiro*

Muita gente acha que é frescura quando se fala em machismo em jogos, mas ouçam a história que tenho para contar e vejam se conseguem entender meu ponto.

Olha, sou uma tentativa de escritora, e tentativa de cartunista, e sempre fui fascinada com contação de histórias. Pra mim, videogames sempre atraíram quando permitiram que eu interagisse com uma história (mesmo que boa parte dessa história se passe na minha cabeça). Logo, já digo de saída que nunca jogo nada em busca de dificuldade e grandes desafios, mas como uma forma high-tech de brincar com bonecos vivendo aventuras - as falas e a trama que o jogo pode ter são bônus muitíssimo bem-vindos. Agora, ficar horas morrendo num trecho de jogo porque meu timing em apertar um botão não é bom é algo que dispenso totalmente. É por isso que, de maneira geral, só jogo no fácil, com emuladores que me permitam ir salvando a hora que eu quiser e, se necessário, usando códigos que facilitem as partes de batalha. (Ganhar level em RPG é outra coisa que não me desce.)

Enfim, é difícil achar o tipo de jogo que eu gosto, e ainda mais difícil conciliar o jogo com minhas milhares de inventações de moda, mas houve um tempo que jogos de Game Boy, NES e SuperNES me entretiveram por tardes a fio (usando slots para salvá-los a cada progresso, claro). Foi numa dessas que me apeguei à série Castlevania. Não tem nada para não se gostar na série: é sobre caçadores de vampiros (os Belmont) que saem matando cruz-credos com um chicote e outras armas... e é isso. O grande vilão da série é Drácula (claro) e o climão dark dos jogos, mesmo quando feitos com os gráficos mais pixelizados do mundo, são um atrativo à parte.

Mais ou menos quando descobri toda a magia de Castlevania, joguei Pokémon Gold/Silver pela primeira vez. E, pela primeira vez, joguei um jogo onde você podia escolher entre dois protagonistas: um menino e uma menina. UMA MENINA. Todos os personagens com os quais eu já tinha jogado antes eram homens. TODOS. A primeira vez que joguei com uma menina, em pokémon, percebi que isso era algo que eu tinha sentido falta o tempo todo, só não sabia disso ainda.

Não me entendam mal. Por mim, não há nada de errado em você controlar, em um jogo, um protagonista que não seja do mesmo sexo que você. É só que, de uma dúzia de jogos que eu já tinha experimentado, NENHUM tinha uma garota com a qual eu pudesse jogar. A variedade me deixou muito feliz. Foi aí que, procurando por novos Castlevanias, topei com a história de Castlevania Legends e sua heroína, Sonia Belmont.

A primeira coisa digna de nota a respeito dela é seu visual:

Tá encarando o quê?!

Cara de poucos amigos, coberta de roupas e carregando uma arma. "OMGOMGOMG", pensou meu eu de 15 anos, "agora sim tenho uma foto decente e maneira pra caramba pra colocar como meu avatar em sites de games, ao invés daquela rosidão de Peach e Zelda, ou aquelas caras de bobalhonas das assistentes de herois dos jogos."

De acordo com o jogo, estamos no século XV e Sonia e seu avô são os últimos da família Belmont (já que nenhum outro parente é mencionado), uma família de nobres valorosos. Ela possui o poder de ver coisas sobrenaturais, e foi treinada para a luta contra criaturas da noite. Aos 17 anos, ela conhece um jovem chamado Alucard e os dois ficam muito... amigos. Daí, o jovem sai em busca de seu pai e Sonia toca sua vida. Noite dessas, ela volta para seu castelo, apenas para achá-lo arrasado pelos servos de Drácula e seu avô mortalmente ferido. Ela pega o chicote dele, o Vampire Killer, como lembrança em sua cruzada contra a opressão de Drácula e em busca de vingança. Ela, então, invade o castelo de Drácula e, a cada monstro morto, suas habilidades de combate crescem, graças ao chicote.

Quando ela está a caminho de mostrar um pouco de JUSTIÇA ao Conde, Sonia se encontra com seu... amigo Alucard e os dois se surpreendem ao se verem. Ele diz que é filho do Conde e que sente que é sua obrigação parar seu pai. Alucard também diz que essa aventura é muito perigosa para ela, e manda que ela volte pra casa (e pra cozinha, aparentemente), enquanto ele faz seu trabalho de herói. O teor da resposta de Sonia é sem preço:

"Como se VOCÊ fosse páreo pra ele."

(OK, não foram essas as exatas palavras, mas foi algo por aí. E isso por que há uma clara tensão romântica entre os dois, o que não a impede de mandá-lo às favas com sua preocupação cavalheiresca.)

Alucard fica mordido, claro, e diz a Sonia que ele só vai deixá-la enfrentar Drácula se ela puder vencê-lo em combate. Ao que ela responde algo como "vambora" e limpa o chão com ele. Alucard, ferido em seu orgulho, diz que aprendeu uma lição naquela noite e decide entrar em sono eterno, já que ele ainda ama seu pai (apesar de tudo) e não quer testemunhar a queda dele. Ou algo assim.

Mau perdedor você, Alucard.

Independente do motivo, Sonia vai em frente, e limpa o chão com Drácula também. Enquanto ele morre (pelo menos pelos próximos tantos anos), o vampiro usa o clássico jargão de "você me venceu agora, mas eu voltarei", ao que Sonia responde, friamente: "Quando você voltar, se eu não estiver aqui, outro estará em meu lugar." Após isso, ela caminha em direção ao horizonte, parando apenas para ver o castelo de Drácula se desfazer em ruínas.

CARA, ISSO FOI TÃO LEGAL, EU NUNCA TINHA JOGADO COM UMA MULHER TÃO LEGAL, QUE REALMENTE MATA OS MONSTROS E TEM ESSAS FALAS MANEIRAS. *-* ~> Direto do meu eu de 15 anos. Tenha paciência com essa antiga Adriana, ela gostava de Caps Lock. Mais do que eu gosto hoje, quero dizer.

Como se Sonia não fosse durona o bastante pra bater no namorado e no vilão e ainda parecer bacanuda, o final bom do jogo diz que Sonia logo depois teve um filho, para continuar o legado dos Belmont. Se isso parece bobagem, ou parece indicar que ela foi pra cozinha depois de matar Drácula, duas informações:

a) O filho dela é um Belmont, o que quer dizer que, ou ela se casou com um parente (o que não parece ser o caso, já que Drácula parece ter matado toda a sua família), ou ela foi mãe solteira. Freaking mãe solteira no século XV! E, pela sua cara na tela de créditos, tava ligando um nada para o que os outros pensam disso.

...e ele que não treine, não, pra ver o que lhe acontece.

b) Esse menino é ninguém menos que Trevor Belmont, um dos Belmont mais durões da série. Não sei vocês, mas eu gostava de imaginar Sonia com o Vampire Killer na mão, treinando seu filho a chicotadas até ele virar o Trevor que todos conhecem e respeitam. E melhor ainda era imaginar Trevor, homem alto e espadaúdo, tomar a mão dela dizendo, humilde "bença, mãe".

Bença, mãe.

c) Sonia mãe solteira... Filho nascido pouco depois da despedida dela e do Alucard... OH GOD, A SONIA E O ALUCARD... NÉ? <3 br="br"> De acordo com o jogo, fica estabelcido que Drácula e Alucard se tornaram vampiros porque Drácula vendeu sua alma e a do filho ao demônio em troca de poder, e que os Belmont são descendentes da incrivelmente durona Sonia e, ao que dá a entender de Alucard também, criando a deliciosa ironia de vermos a família que persegue Drácula tão duramente ser, na verdade, aparentada a ele. (Isso se casa com as lendas da Europa Oriental, onde os melhores caçadores de vampiros são os meio-vampiros...)

Eu estava feliz com essa. O jogo é feioso e nenhuma obra-prima, mas foi divertido. Além disso, Sonia Belmont é uma das raras heroínas que toma o destino nas próprias mãos, dá um chega pra lá no namorado quando ele começa a querer ficar dominador demais, prova seu valor, encontra seu destino e ainda se torna uma lenda. O que há aqui para não se gostar?

Foi aí que aconteceu algo chamado Castlevania: Lamment of Inocence. Não me entendam mal: é um bom jogo, e a história pode até ser clichezinha, mas é bacana. Basicamente, o jogo propõe uma nova origem para Drácula e os Belmont, que entra em conflito direto com a história de Sonia. Com isso, o jogo dela foi cortado da cronologia oficial. Até ai, beleza, retcons acontecem o tempo todo. Mas vejam o que o chefe da equipe de desenvolvimento de Castlevania, Koji Igarashi, alegou para ter cortado Sonia, ao invés de fazer um remake do jogo dela (eles já tinham feito 3 remakes do primeiro Castlevania):

"EGM: Você faria um Castlevania com uma personagem principal feminina?

IGA: Hm, tem problemas complicados com isso. Como jogador, acho que você se torna um com o personagem e já que Castlevania tem muitos jogadores homens, é natural termos personagens homens. Em Rondo of Blood, Maria eram uma assistente bobinha e bonitinha, mas você ainda tinha Richter para tornar a coisa séria. (...)



EGM: Depois de Tomb Raider, você não acha que uma personagem feminina seria mais aceitável?

IGA: É possível, acho. Apesar de que eu cortei a personagem Sonia Belmont (de Castlevania Legends, pra GBC) da cronologia oficial de propósito. (Risos.) Geralmente, nas histórias de vampiros, mulheres tendem a ser sacrificadas. É mais fácil, então criar personagens fracas e femininas. Vou pensar mais nisso no futuro, entretanto. É difícil encaixar uma heroína nas histórias mais antigas de Castlevania, mas à medida que você se move para os dias de hoje, é mais fácil mulheres se tornarem heroínas."

A entrevista completa é de 2003 e pode ser lida nesse link: https://groups.google.com/forum/?hl=en&fromgroups=#!topic/alt.fan.nb/MKYmUPKsZxw


Tipo, SÉRIO CARAS, vocês cortaram uma protagonista legal pra caramba da série porque "em histórias de vampiros, mulheres são sacrificadas"?! E não me venham com essa história de que no século XV é pouco provável que uma mulher seja heroína, mimimi. ESSA É UMA FREAKING HISTÓRIA DE VAMPIROS, DROGA. Fidelidade na representação do machismo de fins da Idade Média é o que menos importa nesse ponto. Tantos personagens foram reconstruídos, como o próprio Drácula, o Alucard, o Trevor, CUSTAVA reconstruir a Sonia e ter mais uma mulher forte na franquia? Melhor, uma FREAKING BELMONT MULHER?! Mas nããããão. "Menino não gosta de jogar no papel de menina, mimimimimimimi", a desculpa MAIS FURADA EVER desde Samus Aran e Lara Croft.

É claro que o cara não é o pior homem da face da Terra, claro que personagens femininas continuaram sendo auxiliares (muitas jogáveis) em Castlevania e, recentemente, criaram uma protagonista mulher, a Shanoa (que não é uma Belmont D:), acho que tentando apagar essa imagem machista criada por essa entrevista infeliz. O fato é que explicações assim nem sequer cabem nos dias de hoje. A entrevista nem é da década de 70 ou 80 para justificar a desculpa esfarrapada de que "Castlevania é jogo de homem".

Minha zica  aqui não é contra o Igarashi, contra a Konami, ou um mero mimimi de fã que queria a Sonia de volta ao canon (apesar de eu não ficar triste se isso acontecer). O que me deixa preocupada é: quantas boas histórias estão sendo deixadas de lado porque "isso ou aquilo não é coisa de menino ou de menina"? Quantos planos para novas heroínas (e heróis menos convencionais, por que não?) estão sendo engavetados porque algumas pessoas não se sentem confortáveis criando histórias com eles e nem se esforçam para sair do terreno do clichê?

Sei que aspirantes a autores, cartunistas e desenvolvedores de jogos acessam esse blog vez por outra. Vamos todos então nos questionar isso de tempos em tempos, então?

Sonia resolve o problema de seu corte da cronologia de forma delicada e feminina.

domingo, 22 de julho de 2012

Recap de Drácula - Parte 2

Vamos continuar nossa cruzada no esclarecimento de quem nunca leu Drácula, o livro, na vida. Se você caiu aqui de pára-quedas, volte na parte 1 agora!

Se já leu a parte 1, pode clicar na quebra. É a hora de Mina Harker, uma das heroínas mais injustiçadas da literatura, mostrar a que veio. Aproveito para mostrar por que eu acho que esse livro pode até não ser feminista, mas está longe de ter uma mensagem machista. (E por mais que a Liga Extraordinária de Moore seja legal e eu tenha gostado... por mais que as desconstruções de Drácula sejam legais... Eu não consigo ver o casamento dela com Jonathan se deteriorando depois da morte de Drácula, nem Mina sentindo qualquer saudade do Conde. Malzaê.)


domingo, 15 de julho de 2012

Recap de Drácula - Parte 1

Ando meio relapsa, né? (Meio é apelido, eu sei...) Mas é que manter mais de um blog é um movimento ninja que eu não aprendi direito, e como Bram & Vlad está atualizando toda semana, já dá pra ver que os outros setores da minha internerd andam capengando.

Pra hoje, escolhi fazer um post cheio de spoilers (mwahaha), ou nem tão spoilers assim, recontando a história do livro Drácula pela minha perspectiva. Por quê? Um monte de gente diz que quer ler Drácula, mas quando vê que o livro é um tijolinho, liga o modo Nemly & Nemlerey e segue perdendo uma história muito bacana. Pior: a maioria das pessoas acredita piamente que as versões cinematográficas guardam alguma fidelidade aos livros (pobres ingênuos...) e que Drácula, em sua origem tinha alguma semelhança com Bela Lugosi. Amores de minh'alma, o livro Drácula NÃO é uma história de amor impossível entre um vampiro secular atormentado e uma mocinha, e Coppola seja amaldiçoado por fazer as pessoas pensarem isso, com seu filme.

Então, pra quem já leu o livro e não achou essa Coca-Cola toda (talvez porque esperava que Drácula fosse um anti-herói atormentado apaixonado pelas mocinhas que morde) e pra quem não leu e diz que vai ler, mas sabe no fundo da alma que não, não vai, logo depois da quebra, temos uma versão condensada do livro. a primeira parte, pelo menos, isso acabou ficando maior do que eu esperava... No final dessa parte, um breve pensamento meu a respeito da teoria de alguns, de que Drácula é o verdadeiro herói do livro, salvando as mocinhas da sociedade vitoriana repressora.

Bom proveito!

domingo, 3 de junho de 2012

Problem?

A resposta da Cris ao post sobre pôneis e como viramos pôneis de pelúcia.

Eu tenho asas, lalalalala!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Zumbis e "mimimi, descaracterização de personagens"

Mais cedo, no twitter, a @lidiazuin levantou uma discussão a respeito do porquê de zumbis estarem fazendo tanto sucesso na cultura pop. A moça é da opinião que o senso de anarquia despertado por um apocalipse zumbi mexe com nosso sentimentos. O @bschlatter (nesse post) explora o fato de que as hordas de zumbis destruindo tudo podem evocar inconscientemente os grupos sociais emergentes, como imigrantes e moradores de favelas, que galgam a cada dia um degrau na escala social, incomodando as classes média e alta, que os vêem com temor e alguma repulsa. O @hugovera comentou que os zumbis viraram a escolha de quem estava cansado dos vampiros terem virados todos uns frescos e esse post do Dan Birlew (em inglês) ainda toca no fato de que zumbis são sacos de pancadas ambulantes, e transformam um mundo num lugar onde a única  habilidade que realmente conta é a de espancar cadáveres ambulantes até eles pararem de se mexer.

Não é bem sobre isso que eu quero falar, mas ok.

É que essa discussão me lembrou, até certo ponto, a eterna lenga-lenga de fãs de fantasia a respeito de como tal ou tal criatura fantástica deve agir, ou quais características elas devem ter. Nesse post, eu comentei sobre o porquê de Crepúsculo ter sido tão mal recebido por fãs mais tradicionais de vampiros (o post da estilização e talz), mas acho que uma coisa não ficou clara ao final dele: sim, eu acho que, num mundo como o de hoje, onde informação está a uma wikipedia de distância, não custa nada você pesquisar e se informar antes de escrever um livro para saber qual tipo de criatura casa melhor com ele. Mas não, eu não sou advogada do pensamento de que "[criatura X] de verdade é assim, assim e assada". Não acho que liberdades criativas sejam ruins, ou não teríamos metade dos ícones pop de hoje. No post da estilização do vampiro, toquei de leve no fato de que o que conhecemos hoje como vampiro é mais uma criação hollywoodiana que tudo (o artigo do Dan ali em cima cai nessa armadilha ao atribuir a Drácula razões românticas - sendo que, no livro de origem ele é um personagem tudo, menos romântico...). Hoje, quero falar de zumbis, porque são os queridinhos da vez e os exemplos máximos do que estou querendo dizer.

Antes de mais nada, os zumbis já começam com o pé esquerdo no nome. O termo "zumbi" foi criado não para designar cadáveres meio apodrecidos andando por aí atrás de cérebros. Ele foi pego de empréstimo do vudu (crença haitiana de raízes africanas), onde serve para designar um cadáver que um feiticeiro vudu reanima para que se torne um escravo sem vontade própria. Esse cadáver tem um andar vacilante, não fala, não faz nada sem ter sido ordenado e é completamente leal ao feiticeiro que o levantou. Ah, e ele dificilmente pode ser diferenciado de um vivo comum.

Os casos de zumbificação no vudu têm uma explicação dentro de nossos conceitos cientificamente aceitos: o feiticeiro vudu (nunca vi o termo "voodoo doctor" ser traduzido como "doutor vudu") ministra à pessoa uma droga natural que faz com que ela pareça morta, já que ela sofre uma forte catalepsia associada à paralisia dos músculos, e, quando os efeitos da droga passam, antes que ela volte totalmente a si, ela ingere uma segunda droga que a deixa completamente dopada e incapaz de pensar claramente. Não é à toa que alguém que tome doses muito altas de antidepressivos às vezes é chamado de "zumbi".

O grande criador do gênero de zumbis como o conhecemos hoje é o filme "A Noite dos Mortos-Vivos", de 1968, do diretor George Romero. Chega a ser irônico que a palavra "zumbi" nunca foi usada no filme, onde os mortos vivos eram chamados de... mortos-vivos, ou de "ghouls". Ghoul é um ser da mitologia árabe, que pode ou não ser um morto-vivo, cuja maior característica é matar pessoas e se alimentar do cadáver. Em alguns mitos, o ghoul ainda toma a aparência e as lembranças do morto que consumiu.

Nesse filme, já temos algumas características do que seria característica básica dos zumbis daí por diante: mortos-vivos que comem pessoas e transmitem sua condição através de mordidas. O surgimento do surto de zumbis, no filme, é atribuído a uma sonda espacial que voltou de sua missão carregada de radiação venusiana e caiu nas redondezas do lugar onde houve um incidente. Isso prenuncia o fato de que quase todos os zumbis da atualidade têm sua origem em um fato "científico" qualquer, como um vírus, radiações bizarras ou qualquer outro experimento que falhou. Com a sequência "A Madrugada dos Mortos", mortos-vivos devoradores de gente ganharam seu nicho na cultura pop como agentes do apocalipse, capazes de reduzir o mundo como o conhecemos a meras ruínas.

Muitos filmes, desde então, pegaram o conceito de Noite dos Mortos-Vivos e o expandiram. Em 1985 (quase 20 anos depois do filme de Romero), veio O Retorno dos Mortos-Vivos, um filme de comédia onde se popularizou o conceito de que o alimento primordial do zumbi é o cérebro da vítima. O enorme sucesso desse filme fez com que outras comédias de zumbi aparecessem e o tema se desgastasse como algo muito mais engraçado do que assustador.

Um dos responsáveis pela volta dos zumbis como criaturas temíveis foi o game Resident Evil, de 1996, onde zumbis são criados graças a um vírus desenvolvido por uma companhia farmacêutica inescrupulosa.

OK, agora que vocês já sabem de onde vêm os zumbis, já deve ter pressentido o frankenstein de referências que o zumbi moderno é (e não, o monstro de Frankenstein não é um zumbi, é só morto-vivo). O alicerce da história de zumbi atual vêm do mito original do vampiro nos países eslávicos: alguém, de repente, entra num lugar meio esquisito, e logo percebe que é um covil de vampiros e precisa fugir desesperadamente antes de ter todo o sangue sugado e, com isso, se tornar também um morto-vivo. Esse plot foi levado a extensões apocalípticas no livro Eu Sou a Lenda (recentemente virou filme), onde um homem é o último humano no meio de um mundo inteiro de vampiros. Antes que alguém ache que estou sendo bairrista atribuindo o nascimento dos zumbis aos vampiros, saibam que Eu Sou a Lenda foi a base de George Romero para A Noite dos Mortos-Vivos. RÁ!

O que Romero fez foi fazer seus mortos-vivos comerem carne humana ao invés de sangue, não terem qualquer traço de inteligência humana, e serem criados por radiação venusiana, ao invés de qualquer que seja a força mística que faça vampiros se levantarem. A parte antropofágica foi tirada dos ghouls e a parte de "sem inteligência" foi o quase que o único traço que restou dos zumbis haitianos originais. Resident Evil trocou radiação, cemitérios amaldiçoados e outras causas mais ou menos sobrenaturais por um vírus.

Sério, se algum conservador dissesse pros seguidores de George Romero que zumbis não são cadáveres comedores de gente e que bons mesmos são os filmes onde pessoas têm que lidar com humanos escravizados por feiticeiros vudus, é possível que esse artigo aqui não existisse. Eles desfiguraram quase completamente o mito original dos zumbis e o transformaram no que é hoje. Não foi uma pessoa que inventou o conceito atual de zumbi, foi o Romero que deu o chute inicial e muitas outras pessoas completaram. Sendo assim, acho meio que hipocrisia e mente curta quando as pessoas começam a dizer que tal ser deve agir assim ou assado, ainda mais quando esses seres sequer existem, e a construção de como agem e de quais são seus poderes e limites é parte da diversão de criar histórias com eles.

As pessoas puderam desfigurar o mito do zumbi até não sobrar quase nada de sua raiz haitiana porque zumbis não eram grandes conhecidos do público, nem faziam parte massivamente da cultura pop. Stephenie Meyer tropeçou porque pegou uma criatura que já tem características enraizadas na mente do público e escolheu muito poucas dessas características na construção de seus personagens. Mas que fique claro que o ato dela ter criado um novo modelo de vampiros não é, em si, condenável. Renovação faz parte de você ser uma criatura ficcional, e faz personagens se tornarem atraentes para novos públicos. Se você não gostou de como um autor representou a criatura que você gosta, ignore e não consuma. O tempo vai dizer se o que ele fez vai entrar para a cultura pop de amanhã (e você vai ser só mais um velhinho dizendo como os velhos tempos eram melhores), ou se vai ser ignorado como o ponto fora da curva que foi.

Acho que foi o sentimento expresso pelo texto anterior que fez Diego dar esse conselho, n'O Conservatório: "Olha, não gostou [de como eu sou], vai pra casa e escreve um livro sobre como os vampiros deveriam ser. É o que todos fazem."

Pois é. E isso vale pra qualquer criatura fantástica, de zumbis a pôneis coloridos. Fica aí a dica.



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BÔNUS: Se querem saber minha opinião sobre a discussão que abriu o post, acho que todos os que citei estão parte certos sobre o fenômeno dos zumbis ser tão popular, e eu ainda acrescentaria a origem pseudo-científica do apocalipse zumbi. O fato de zumbis serem criados (hoje) por vírus, engenharia genética ou outras ciências top de linha fazem deles mais próximos de nós que qualquer criatura criada por forças do mal sobrenaturais.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Era uma vez um casal de pôneis

Ei, Adriana falando! :D

Além de desenhar (desenho as tirinhas do blog Bram & Vlad, pra quem não sabe - só não desenho as tirinhas do Diego porque quem resolveu fazer resenha em quadrinhos foi ele, logo, ele que se vire com a dor de cabeça), também gosto de trabalhos manuais. Não sempre, não como meio de fazer grana, só pra passar o tempo e fabricar um ou outro brinquedo. Sério, quando eu era criança, eu queria ficar famosa só pra existir uma linha de brinquedos dos meus personagens e eu poder apresentá-los ao elefante cor-de-rosa de pelúcia que uso para dormir.

É, eu era uma criança forever alone.

ENFIM, quando descobri o incrível mundo dos trabalhos manuais, descobri que eu podia fazer meus próprios brinquedos personalizados, sem todo aquele caminho chato para a fama (que fique registrado: hoje, escrevo e desenho uma webcomic por razões diferentes daquelas da infância. Mais ou menos).

Estou fazendo esse post só pra mostrar um crossover que fiz entre O Conservatório e a minha mais nova mania nerd. :B

Vou começar com um papercraft da Cristina e do Diego, os protagonistas, usando o molde do aplicativo Buddy Poke. Fiz porque queria desesperadamente bonequinhos deles, e eles me ajudaram em algumas cenas.



Só que bonecos de papel amassam e voam (a razão pela qual só sobrou desses dois essa foto meio fora de foco). Eu queria algo mais palpável. Foi quando aprendi a costurar bonecos de feltro. Eu poderia ter feito o Dieguito e a Cris facilmente no mesmo estilo que fiz Bram e Vlad, mas a vida é mais estranha que minhas expectativas. Os bonecos dos dois acabaram sendo... pôneis no estilo My Little Pony: Friendship is Magic.

Peraí, o quê?

Isso vai demandar um pouco mais de explicação antes de mostrar a foto...

Em primeiro lugar, My Little Pony é uma série de pôneis de brinquedo coloridos, com crina e cauda penteáveis. É um brinquedo considerado feminino, e suas origens são bem antigas. Daí, na década de 80, a Hasbro, fabricante dos pôneis (e dos Comandos em Ação, dos Transformers e outros), decidiu que a melhor forma de fazer as crianças quererem seus brinquedos era fazer desenhos animados com eles, e o resto é história.

A série de MLP da década de 80 tinha uma mecânica não muito diferente de Ursinhos Carinhosos, Moranguinho e outros desenhos "de menina" da época, e não tinha roteiros lá muito primorosos (a bem da justiça, o desenho dos Transformers - brinquedos "de menino" - também não). Mesmo assim, cumpriu sua função e tem um forte valor de nostalgia nos States.

Pôneis da década de 80. Não vou dizer que não eram fofas do seu jeito. 

De lá pra cá, os designs dos pôneis mudaram bastante, uma nova série animada foi lançada em DVD lá pelos idos de 2000 e pouco (e quanto menos falarmos dela, melhor para todos os envolvidos) e a franquia estava meio balançada, pedindo renovação.

Foi quando veio Lauren Faust e fez-se a luz.

Lauren, para quem não conhece, é a desenhista das Meninas Super-Poderosas (o marido dela era o produtor da série). É, aquele desenho onde as personagens principais eram meninas que chutavam traseiros,  eram legais pra caramba e provou que um desenho não precisa ser protagonizado por meninos para que outros meninos queiram assistir. Essa mulher foi convidada pela Hasbro para escrever a série animada nova de My Little Pony (a série Friendship is Magic, "A Amizade é Mágica", no Brasil), e ela fez pelos pôneis saltitantes o que seu marido tinha feito pelas Meninas: de repente, garotos de várias idades e mesmo homens feitos (maioria hetersossexual, antes que comecem as piadinhas infantis) começaram a assistir um desenho protagonizado por seis pôneis fêmeas.

As razões para esse fenômeno são várias, só posso dizer por que eu assisti o desenho de pura curiosidade e gostei: primeiro, o esquema de cores dele é LINDO, é um desenho que enche os olhos. A decisão da equipe de arte de fazer o contorno dos pôneis com um traço BEM grosso e uma cor ligeiramente mais escura que o resto e não com o preto tradicional foi muito esperta. Ah, e a movimentação dos pôneis é de babar. Fica ainda mais impressionante se soubermos que o desenho é animado em FLASH. É. Naquele mesmo programa das animações "duras" que a gente vê por aí. Os animadores de MLP tiram leite de pedra do flash, a própria Lauren ficava espantada com o que eles conseguem fazer.

<3

Essa é a parte visual, que me atraiu a princípio. O que me segurou, mesmo, foi que (a) o desenho é cheio de piadinhas visuais que tornam um prazer assistir mesmo aqueles de roteiro mais parado e/ou clichê e (b) o desenho foi desenvolvido todo em cima das personalidades das seis pôneis principais. Não são elas que são jogadas no plot e reagem de acordo, é o plot que se acomoda a elas. Além disso, nunca pensei que fosse dizer isso de um desenho de crianças, mas as protagonistas têm mais camadas e desenvolvimento que muito personagem de livro que andei lendo por aí. E elas desafiam estereótipos, como a roxinha Twilight Sparkle (Qualquer referência a Edward Cullen é mero acidente. Ou não.) sendo a nerd do grupo E a líder (e não uma mera enciclopédia a favor do líder tapadinho, mas corajoso e de bom coração) ou a Rarity, a pônei branca, que é a patty dramaqueen do grupo, mas é generosa, capaz de sair sozinha de situações de perigo graças a seu cérebro (e não um kung-fu improvisado ou algo assim) e que, mesmo corroída de ciúmes e inveja de uma amiga, ainda a salva da humilhação pública sem pensar duas vezes (não, não foi uma daquelas situações onde a pessoa tem que escolher entre manter a amizade ou deixar o outro se ferrar e satisfazer sua inveja, foi algo natural e espontâneo, do tipo "minha amiga está com problemas e posso ajudar, todo o resto foi temporariamente apagado de minha mente").

Sei lá, você meio que se apega a esses personagens, e descobre que os vinte minutos do episódio foram talvez o momento mais agradável do seu dia. Que, pelo menos por vinte minutos, você assistiu algo que fala sobre respeito, amizade, generosidade, superação de dificuldades e de defeitos, e até mesmo sobre como uma dificuldade grande demais pra você superar sozinha pode te levar à insanidade clínica (todas as cinco pôneis sofrem de pelo menos um mal psiquiátrico em algum ponto da série, pra bom entendedor. O mais assustador, de longe, é o ataque esquizofrênico de Pinkie Pie, que não consegue lidar bem com o fato de que todas as suas amigas parecem estar evitando a todo custo seu convite para uma festa), tudo isso com leveza, bom humor e respeito à sua inteligência de adulto e à das crianças que são o público alvo.

Agora que você sabe por que sou fã, dá pra explicar onde Diego e Cristina foram parar nisso tudo. Bom, entre a comunidade de fãs de MLP, a palavra de ordem é representar como pôneis coloridos basicamente qualquer coisa. A famosa Regra 34 diz que, se existe algo, a internet tem pornô envolvendo esse algo. A Regra 34b diz que, se existe algo, a internet tem uma versão desse algo como pônei de MLP: FIM. Videogames famosos, outros desenhos, série de TV, filmes, personagens de livro, qualquer coisa que esteja em alta na cultura pop tem sua versão ponificada. Olhem que fofos esses cientistas famosos desenhados como pôneis: http://namingway.deviantart.com/art/The-Ponies-of-SCIENCE-264411200

Para construir as versões MLP de Diego e Cristina, peguei moldes de pôneis de pelúcia no DeviantArt (nesse perfil) e matutei sobre várias coisas. Lembram que falei da identidade visual do desenho? Tudo em MLP: FIM tem um significado: a cor do corpo do pônei, sua crina, o fato de ele possuir ou não chifre ou asas, a marquinha que ele tem nas coxas... Para os fãs ou não de My Little Pony, lá vai o raciocínio:

Cristina é uma garota fechada e mal-humorada, que parece ter um pouco menos de vitalidade que o resto das pessoas em volta. Achei que a combinação de cinza e preto cairia bem com essa personalidade. Ela ganhou o chifre de unicórnio porque, com sua mágica, pode fazer menos esforço físico que os pôneis normais. A marca na coxa é chamada "marca especial" ("cutie mark"), e a da Cris são três teclas de piano, porque ela, bem, toca piano. A crina num esquema meio Twilight Sparkle acabou fazendo a pônei ficar bem a cara da Cristina, mesmo. Como pôneis não tem nome de gente, pus nela o nome de Dó Menor.

Diego foi o mais difícil. O mais fácil seria fazê-lo branco com uma crina preta e cacheada, para ele ficar parecido com suas fotos e desenhos, mas lembra que eu disse que tudo num pônei é significativo? O codinome dele no livro é Sol Maior (é um dos acordes mais abertos e brilhantes, como o próprio Diego), daí, resolvi usar isso para fazê-lo. Primeiro, ele seria amarelo, com crina laranja e vermelha. Daí, imaginei que ele ficaria muito parecido com a pônei Spitfire do desenho, e preferi mudar sua cor para branco e fazer a crina tricolor (até porque Diego é um cara atraente e, como a maioria dos pôneis têm crina mono ou bicolor, achei que uma tricolor num padrão de fogo poderia ser visto como atraente). O esquema de "fogo" vem por causa de "Sol", claro. E porque a personalidade do Diego é bem "fogo", mesmo, sendo a Cris mais pra "gelo". A marca especial é uma clave de sol (duh) brilhante, lembrando a música e fazendo trocadilho com o Sol propriamente dito. Adicionei as asas porque os pégasos são os pôneis mais relacionados à velocidade e ao esporte e isso cai nele como uma luva.

CONTEMPLEM o trabalho final de Sol Maior e Dó Menor 

Vou ser honesta, fiz os dois como protótipos, usando cola ao invés de linha e agulha, só para ver se os moldes funcionavam, se precisavam de ajustes, e que cuidados eu deveria ter ao costurar para não desperdiçar tempo e tecido. Mas vamos lá, quem diria que o simples exercício de transformar seu personagem num pônei colorido ia demandar conhecer tão a fundo sua personalidade? ;)

Pra quem quer fazer pôneis de seus personagens, mas não tá a fim de costurar, tem um gerador de pôneis facinho de usar aqui, ó: http://generalzoi.deviantart.com/art/Pony-Creator-Full-Version-254295904

Amor e tolerância para todos. o/


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OBS: Para ver Pinkie Pie surtando com legendas, vá mais para o fim desse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=u2skHDDoWiY

segunda-feira, 2 de abril de 2012

É. Eu li Crepúsculo. Me processem.

Era para eu ter postado isso ontem, mas a Annette nos chamou na sede da Polícia e disse: "Hoje vocês terão 4 horas de treinamento extra." Quando viu nossas faces caídas por termos trabalho num domingo, ela acrescentou: "Rá! Primeiro de abril! São seis horas de treinamento! Agora mexam-se!" #estagiáriodadepressão

Crepúsculo seria bem mais legal se fosse uma sátira. Quer dizer, um vampiro não poder sair no Sol porque brilha? Imaginem o potencial imenso de piadas com um machão/gótico/metaleiro que vire vampiro! Ia ser a bofetada do século na cara dos posers!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Série House of Night

Já disse pra vocês que tenho um rival? Que ele é inglês e vira e mexe me manda presentes de grego do exterior? (Hi, Robin! o/) Pois é, eu tenho. E sempre que sai um novo livro ruim de vampiros, ele me manda. Antigamente, eles chegavam em envelopes de papel pardo, uma ou duas vezes por ano. Hoje, recebo uma caixa cheia deles todo mês.

Tá, estou exagerando. Ele não gasta tanto dinheiro assim só pra me trollar. Mas poderia.

Abaixo, uma #truestory de quando ele me mandou House of Night em inglês.

Sempre que vejo "vampyre", sem ser no conto do Polidori, sei que a coisa vai ser brega. É mais ou menos como abrir um livro e ver que o protagonista se chama Phyllyphy.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

FAQ do Conservatório

Desde que comecei a escrever O Conservatório, algumas perguntas se repetem sempre. Acho que já passou da hora de montar um pequeno FAQ pra me economizar digitação. Divirtam-se. o/


1 – Sobre o que fala a história?

Sinopse extendida e revisada AQUI.

Um pouco sobre os personagens aqui e aqui.

2 – O que é um conservatório? (Não ria, tem quem não saiba)

Conservatório é uma instituição que pode ensinar música, teatro ou dança. Os mais comuns são os musicais. Geralmente, os conservatórios oferecem cursos avançados de música, de forma que completos n00bs têm que estudar em outro lugar antes de entrar em um (alguns abrem exceção quando o candidato n00b a aluno demonstra ter talento nato para a coisa).

Eles podem ser públicos ou privados e existem em vários pontos do mundo. Se você quer mais detalhes sobre como funciona um conservatório, a página do Conservatório de Tatuí (interior de SP) foi uma das fontes que usei para construir o da minha história:

3 – Hum... Tem um vampiro e uma humana... É uma história melosa como a sua da coletânea Meu Amor é um Vampiro?

Nops. Não é um romance sobrenatural. É uma história juvenil de investigação e aventura. O tom se aproxima mais de contos meus de oooutras coletâneas, como a Paradigmas 4 (amostra aqui, compre aqui) ou Sociedade das Sombras (compre aqui). Não vou dizer que não role um romance em paralelo com a investigação, mas vamos encarar: se não houvesse tensão sexual entre os dois protagonistas, eles não seriam adolescentes.

4 – Você tem a cara de pau de me escrever mais um livro de vampiros? Você não cansa, não? Olha os trezentos que têm por aí!

Ah, cara, as histórias de vampiro raramente tem o tom que eu mais gosto (algo que não seja só terror ou só romance e, definitivamente, algo que não tenha protagonistas emo/mongos), então, achei que ainda tinha um espacinho pra minha história. Além do mais, desde que Polidori escreveu o primeiro conto de vampiros do Ocidente, não se passa um ano em que algo (livro, peça, conto, filme ou game) de vampiro não seja publicado. Se em quase duzentos anos desse lançamento o interesse do público não arrefeceu, não vai ser Crepúsculo que vai conseguir fazer um dano permanente.

Na verdade, o interesse por vampiros sempre teve um nicho fiel (tipo o steampunk), antes e depois da modinha. Com a febre provocada por Stephenie Meyer esvaecendo, a única mudança é que vampiros vão voltar a ser nicho... Até o próximo bestseller.

Portanto, sim, eu tenho a cara de pau e não me sinto surfando nas ondas da modinha. Não quer ler, não leia, uai. Não é porque tou apontando um revólver pra sua cabeça que tou te forçando a alguma coisa.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Top 10 histórias de vampiros em outras mídias

Fiz o top 10 de livros, agora, como o prometido, eu tinha que fazer o de outras mídias. Só lembrando que esse é um top 10 de histórias de vampiros puramente pessoal. Não faço qualquer esforço para escolher obras clássicas e relevantes, de qualidade inquestionável, só as histórias que mais me marcaram e influenciaram. E que são, de alguma forma, originais e/ou interessantes, o que não é fácil na seara vampírica.


10 – Zorro x Drácula (HQ)

Olha, Zorro x Drácula não é um primor das HQs norte-americanas. O traço é meio esquisito, a trama é aquele clichê arroz-com-feijão de sempre, mas uma história que tenha o Zorro e o Drácula merece estar em qualquer top meu. Don Diego é meu herói de infância, e certo protagonista de certo livro recebeu seu nome em homenagem a ele.

Se você estiver se perguntando por que não tem nenhuma HQ de mais respeito nesse top 10 – a partir de agora, o mundo quadrinístico colaborará apenas através de mangás – explicarei.

Antes de mais nada, me digam se essa trama lhes é familiar:

“Vampirão particularmente poderoso chega a um lugar qualquer e começa a matar pessoas e criar outros vampiros, para espalhar sua raça e dominar o dito lugar e, mais tarde, o mundo. Ele dá o azar de matar/transformar uma mulher (e é SEMPRE uma mulher) ligada ao personagem principal ou a um dos principais (que serão em totalidade, ou quase totalidade, homens), que passa a perseguir o vampirão em busca de vingança e para salvar o mundo, como bônus. Armados até os dentes com coragem, armamento pesado e o que de mais avançado a Ciência tem para oferecer, eles perseguem o vampirão e suas crias até o fim do mundo para restaurarem a ordem.”

Essa é uma trama em linhas muito gerais de Drácula (o livro), mas também é a premissa de praticamente QUALQUER HQ norte-americana de vampiros (excetuando aí adaptações de livros da Anne Rice, da Stephenie Meyer ou de material ligado a Vampiro: A Máscara). Um ou outro detalhe muda, mas o resto... é a mesma recontagem de Drácula, de novo, e de novo e de novo! E me desculpem, mas eu ainda prefiro o original.

Existem, é claro, HQs em que os vampiros são colocados de forma ligeiramente diferente do comum, mas geralmente eles são bem secundários à trama, e a trama principal não me interessa (como em Preacher, para dar o primeiro exemplo que me veio à cabeça – tá, é um clássico dos quadrinhos, blá-blá-blá, mas simplesmente não é minha praia).

Aceitarei alegremente qualquer indicação de histórias que não corram nos moldes descritos acima. Comentários pra que te quero!

9 – O Pequeno Vampiro (The Little Vampire) (Filme)

Falando em infância, eu adorei esse filme, na época. Mesmo hoje, continuo achando ele adorável. Tá na lista das coisas que meus sobrinhos vão assistir. Se você nunca viu, dê uma chance. Se você não gosta de admitir para ninguém que ainda gosta de filmes de criança, se quer manter sua pose de adulto, chame uma criança para assistir com você (para você ter a desculpa de que está passando tempo com a criança, que o filme é só para ela e tal) ou baixe e esconda na sua pasta de pornografia – como diz um brony (garoto fã de My Little Pony), às vezes é mais fácil explicar a pornografia...

Se você ainda precisa de uma razão pela qual eu gosto desse filme até hoje, duas palavras: VACAS VAMPIRAS. Nada mais a declarar.

 8 – Vampiros de John Carpenter (John Carpenter’s Vampires) (filme)

Esse filme é quase um guilty pleasure. A trama é simples, os efeitos especiais são toscos ou inexistentes, blá-di-blá-di-blá. Mesmo assim, gostei mais dele do que de muitas adaptações de Drácula e outros filmes de vampiros mais pretensiosos. Podem me processar, se quiserem, mas acho que o Vampiros de John Carpenter tem aquele sabor de filme de Sessão da Tarde: não eram os melhores filmes, mas eram o que tinha, então, têm valor afetivo.

Não vou dizer mais nada porque não há muito a se dizer.

7 - Série Castlevania (jogos)

Ei, eu adoro Castlevania. Tudo bem, é mais sobre caçadores de vampiros, mas dá mais ou menos no mesmo. Tem o Conde Drácula, é o bastante.

Joguei alguns jogos de Castlevania, incluindo o primeiro para NES (e cheguei até a Morte, mas perdi o save, junto com a paciência de jogar tudo de novo até ali). Tem um certo charme em controlar uma cópia de Conan, o Bárbaro armada com chicote, crucifixos, água benta e todo o resto contra toda a sorte de coisas-ruins que habitam o Castelo Drácula. Aliás, o chicote dele é especialmente abençoado e se chama Vampire Killer. Nomes diretos: amo. <3

Meu Belmont preferido, entretanto, não é o conanesco Simon, mas o Juste, de Castlevania: Harmony of Dissonance. Esse jogo é de nível fácil a médio, e Juste Belmont é um mago capaz de usar magias elementais para aumentar o poder do Vampire Killer. Depois de juntar power-ups o bastante, você mata Drácula quase sem querer. Diliça! Chamem-me de fraca, mas eu jogo videogame pra relaxar. Não quero estar sempre cercada de inimigos ao ponto de ficar tensa de adrenalina, só quero seguir a linha mais reta possível entre mim e o chefe de fase e as cenas importantes para a trama do jogo.

Como um bônus, você também pode jogar com o próprio Conde Drácula em dois jogos (não posso dizer quais, é spoiler e tem gente chata com spoilers). Tá, tecnicamente, é uma reencarnação do Conde, tentando se redimir de sua vida de Senhor do Mal (e que no final ruim do jogo pode voltar a ser o vampirão cruel de sempre), mas é legal assim mesmo. Esses dois jogos também são de dificuldade fácil-média. Não sou piolha de videogame, mas derrotei o chefão final do primeiro sem usar poderes especiais equipados e com uma rapieira. É. (E eu gosto de rapieiras, mesmo sendo as espadas mais fracas e patéticas do jogo. Elas são elegantes.)

Não sinto necessidade de jogar todos os Castlevanias para ser feliz, mas ainda quero jogar o Castlevania: Bloodlines (uma sequência direta do livro Drácula :B) e o Castlevania: Symphony of Night pra jogar com o Alucard, o filho meio-vampiro do Drácula, que combate a vilania do papai e tem quase os mesmos poderes que ele. :B

 6 – Hellsing (mangá, anime e OVA)

Meu preferido é o mangá. O anime é uma adaptação apenas razoável e o OVA parece que tem sido fiel ao mangá, mas fiquei com preguiça de assistir tudo. Alucard é uma das melhores versões de Drácula ever (não venha encher dizendo “spoiler”, só olha o nome dele!), Seras Victoria é muuuuuito fofa e Integra Hellsing é durona o bastante para merecer meu respeito como heroína. E como descendente de Van Helsing, embora só Deus saiba o que foi feito do “Van” do nome. Eles parecem ter algum problema com isso no Japão. Em Don Drácula, o descendente dele virou “Von” Helsing. “Van” é alguma palavra engraçada ou ofensiva, talvez? Vai saber.

Mas enfim, digressões à parte, o mangá me ganhou definitivamente quando houve uma cena de matança... no Brasil. :3 Com policiais usando uniformes fieis à realidade. Com “polícia” escrito com acento, vejam só! Isso é menos comum do que vocês podem pensar... O vilão desse arco se veste como um malandro carioca típico, aliás. xD

Só mais uma palavra: Schrödinger. Ponto.

E é um dos poucos mangás a não tornar a história uma bizarria sem pé nem cabeça no decorrer dos (muitos) capítulos para encher lingüiça. O que também é menos comum dos que vocês podem imaginar.

5 – Karin (mangá e anime)

Karin é uma das coisas mais dolorosamente fofas feitas com vampiros na última década. E isso inclui O Pequeno Vampiro. É um shoujo bunitim sobre uma garota que vive em uma família de vampiros, mas tem um problema: ela é uma “anti-vampira”, que produz sangue em excesso (!) e precisa injetar nas pessoas através de uma mordida (!!!). Além disso, ela não tem nenhuma força ou fraqueza de sua família, sendo incapaz mesmo de hipnotizar as vítimas para encobrir suas atividades (quem faz isso é sua irmã mais nova).

Ela conhece e acaba se envolvendo com Kenta, um humano meio tristonho que sente, a princípio, um instinto de proteção em relação à garota e acaba se apaixonando no decorrer dos episódios. Eu ainda achei interessante o fato de os vampiros, no desenho, absorverem sentimentos da vítima junto com o sangue, fazendo com que a vítima em questão fique temporariamente privada deles. Quando é um sentimento ruim, tipo raiva ou tristeza, ótimo. Mas, no anime, a avó da Karin suga o amor. Ouch.

Ah, sim. O corpo de Karin também reage sentimentos, fazendo com que seu sangue se multiplique loucamente. No caso, é o sentimento de tristeza, que é apagado quando ela injeta seu sangue. Kenta é um menino triste e com baixa autoestima. Façam as contas e verão, de repente, que Karin nada mais é que uma garota japonesa com uma razão real para sangrar pelo nariz ao lado do ser amado. Ouch duas vezes.

O que não faz com que a história seja menos fofa, de qualquer maneira, e mais profunda que a maioria dos shoujos: nem tudo é cor-de-rosa e a tristeza e a depressão são temas constantes.

4 – Vampire Knight (mangá e anime)

O mangá é dez vezes melhor que o anime e isso está fora de discussão.

Vampire Knight é aquilo que Crepúsculo tinha potencial para ser e não foi: uma história de amor entre uma humana comum e meio burrinha e um vampiro hot-hot, com um terceiro cara pra fechar o triângulo amoroso.

A trama, entretanto, é beeeeem mais complexa, e é um dos poucos mangás que já li que tem um ritmo bom de mistério, jogando pistas relevantes nos momentos certos e revelando os fatos aos poucos, ao invés de segurar todas as revelações para o fim e fazer do meio da história uma psicodelia só.

Só li o mangá até o episódio 50 ou 60, por motivos de força maior, mas estava gostando do que estava lendo. E em tempo: não comparem Kaname Kuran com Edward Cullen, por favorzinho. Kaname é um monstro manipulador, mas chega a ser dolorido o tanto que ele gosta da Yuuki. Malzaê, meninas do Team Zero Kiryuu. u_u

3 – Turma da Mônica – Especial Vampiros (Quadrinhos)

Você não está lendo errado. Recentemente (leia-se: ano atrasado), a MSP lançou um almanaque temático da Turma da Mônica com uma coletânea de antigas histórias de vampiros protagonizadas pela turminha (obviamente, não estamos falando das trocentas histórias onde o Zé Vampir aparece). Comprei esse almanaque por causa de duas histórias, que são pequenas joias: Um Amor Dentuço e O Vampiro Caipira.

Um Amor Dentuço também está bem mais acima que muita história romântica de vampiros nas minhas preferências. (A adaptação para animação perdeu metade da graça, diga-se de passagem). Antes que perguntem, lembro de ter lido a primeira publicação dessa historinha muito antes de ouvir falar em Crepúsculo, logo, não é uma paródia.

Aqui, um menino vampiro é acordado pela conversa da Mônica e da Magali, que fizeram piquenique perto da casa dele, e acaba se apaixonando pela dentucinha. Ele tenta transformar a Mônica em vampira para viverem juntos e o resto é uma historinha típica da turminha. Por que uma HQ infantil de umas poucas páginas e história simples está tão alta no meu top 10? Simples: a gente fica com dó do vampirinho e de como ele fica sozinho quando a turminha salva a Mônica (por mais que ele tenha seu final feliz, depois), e essa breve sensação de solidão (deve durar um quadrinho ou dois) foi uma das sementinhas da criação de Bram & Vlad. A sério.

A do vampiro caipira é ótima. Uma vampirinha estava caçando comida, vê o Chico Bento dando bobeira e... cara, tentem visualizar Chico Bento virando vampiro. Chico FREAKING Bento. Com direito a uma capa xadrez. Essa história é uma pérola!

2 – Deixe Ela Entrar (Let the Right One in) (Filme)

Eu sei que não devia dizer que um filme cheio de sangue, desmembramentos, assassinatos, pessoas queimando e tudo o mais é fofo, mas ele é. ._.

Aqui temos o garoto Oskar, que começa a conversar com sua nova vizinha, uma garotinha meio esquisita chamada Eli. Oskar sofre de um bullying sério na escola, e sua vida doméstica é um inferno. Com o tempo, ele e Eli vão ficando mais próximos, ele eventualmente descobre que ela é uma vampira, mas termina aceitando o fato, e o resto é só você ver o filme.

Aliás, ao procurar algumas coisas sobre ele na Wikipédia, descobri duas coisas que talvez você não saiba:

1- Estou chamando Eli de “ela” por causa do título oficial em português. Eli, na verdade, é Elias, um garoto castrado que tem traços delicados o bastante para ser confundido com uma menina (e se veste como uma).

2 – O autor do livro na qual o filme foi baseado aparentemente encheu o saco das pessoas não entenderem que ele estava contando uma história de amor – meio macabra, mas de amor – e escreveu um epílogo ao romance, o conto “Let the Old Dreams Die”. Não sei se já saiu em inglês, ACHO que sim. Não é difícil achar spoilers na internet, caso você esteja curioso.

1 – Bloody Kiss (mangá)

Não, eu não pus Bloody Kiss no topo desse top porque acho que seja a melhor e mais original história de vampiros já escrita. Ela não é. É uma série em seis capítulos do bom e velho drama adolescente no bom e velho estilo japonês.

Está aqui porque estamos falando de influências que eu tive, e trabalhos que foram especialmente significativos para mim, lembra? (Egocêntrica? Eu? O blog é meu, cacilda.) Bom, Bloody Kiss foi o mangá que me ajudou a dar a tônica final ao casal de Noturno em Sol Maior (vulgo O Conservatório, pra quem ainda não viu que troquei o nome).

Vou dar um breve resumo da trama, e quando lerem o Noturno, vocês me digam se entenderam porque Bloody Kiss está aqui no topo. :B

O mangá conta a história de Kiyo, uma garota adolescente que é órfã de mãe e cujo pai foi preso por um crime que não cometeu. Seu sonho é se tornar uma advogada para provar a inocência do pai. Ela foi criada por tios que a rejeitavam pela infâmia de seu pai, e com quem nunca pôde contar para nada. Quando sua avó morre, ela deixa para Kiyo uma mansão caindo aos pedaços e a moça decide vendê-la e usar o dinheiro para custear sua faculdade de Direito.

O que ela não esperava é que fosse encontrar dois vampiros vivendo nessa mansão. Ou melhor, um e meio... Kuroboshi e Alsh fugiram da convivência dos outros vampiros porque Kuroboshi é um dampiro (pai vampiro, mãe humana) e, por isso, foi rejeitado por sua sociedade. Alsh é seu servo, e não fica muito claro seu parentesco com Kuroboshi, se é que existe. A avó de Kiyo permitiu que eles se refugiassem em sua mansão e, se ela for vendida, eles estão no olho da rua.

Bom, resumindo, Kiyo e Kuroboshi vão se aproximando graças a várias situações, bláblá, história de sempre. O que tem nela que gostei tanto, então?

Primeiro, a Kiyo é uma garota forte. Não forte no sentido de que ela salva o mundo todo dia na hora do almoço, mas forte no sentido de que ela não fica simplesmente ao sabor da trama. Na verdade, os capítulos todos de Bloody Kiss giram em torno das escolhas dela. O Kuroboshi é aquele típico cara folgado que não tem o mínimo respeito pelo espaço pessoal dos outros, mas ele raramente faz algo com Kiyo sem que ela permita. Da primeira vez que eles se encontram, quando ele tenta mordê-la, ela ela se assusta, fica paralisada... e o lança longe com um golpe de karatê. Além disso, a moça é determinada e esforçada – ela não conquista NADA na história sem uma boa dose de esforço pessoal e sacrifícios.

A segunda coisa que mais me atrai é o fato de que a Kiyo e o Kuroboshi são complementares. Não é a velha história da garota violenta e forte que aprende a ser doce e feminina depois de se apaixonar. Ao mesmo tempo em que aprendem coisas juntos, eles ainda são essencialmente os mesmos ao fim da trama. Nenhum dos dois “se domestica” pelo outro e isso é algo singularmente raro em shoujos com esse tipo de protagonistas.

A terceira coisa que eu mais gosto é que a história é uma comédia, é super para cima, e nenhum personagem fica de “mimimi, o mundo não presta” por mais que dois ou três quadrinhos. :B

Menções honrosas:

Don Drácula (anime)

O anime é um clássico e eu assisti quando era criança. Gostava o bastante para me lembrar da Sangria quando cresci, mas, infelizmente, não fui muito mais longe do que isso... Por isso a posição no top está tão aqui para baixo.

Andei assistindo os poucos episódios que vieram para o ocidente (três ou quatro, se me lembro bem) e percebo por que eu gostava. As histórias são simples, o humor é bobo, mas eu me lembro bem de que, na infância, eu era ainda mais sentimental do que sou hoje.

Entrevista com o Vampiro (filme)
  
Já falei dele quando fiz o top 10 de livros, logo, não vou me repetir. Mas gostava muito desse filme cheio de colírios para os olhos de garotas adolescentes. *aiai*

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Baronato de Shoah - A Canção do Silêncio

Antes de mais nada: tava aqui vendo as keywords do blog (aquelas palavras que o povo digita no Google pra parar aqui) e me deparo com:

quero conseguir um contato com um vampiro tauriano

Pouco mais para frente, acho:

tem um vampiro me seguindo o que significa

Caros(as) leitores(as), vampiros vivem de sangue que catam das pessoas desavisadas. Stalkear é uma segunda natureza para eles. Pense nisso antes de procurar contatos com vampiros. #fikdik

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Bom, mas o que interessa é que li recentemente o romance Baronato de Shoah - A Canção do Silêncio, do José Roberto Vieira. E aí, conhece o gênero steampunk? Não? Deveria, seu desinformado. Vai lá na wikipedia, que eu espero.

Como assim eu deveria ter explicado aqui? Cambada de folgado que quer tudo na mão...

Enfim, tão aí as impressões:


Que fique claro que eu GOSTEI do livro. Sei lá porque tem gente que acha que comparar com videogame é diminuir alguma coisa... Eu AMO videogame e desafio alguém a dizer que não gosta de nenhum joguinho.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Meus top 10 livros de vampiros

Olha, não é fácil fazer isso.

Eu li TANTA coisa, mas TANTA coisa sobre vampiros ao longo da minha vida, de contos a romances, de mangás a historinhas da Turma da Mônica, que é difícil selecionar um top 10 das histórias. Mesmo dos livros, é complicado selecionar 10 sem cometer injustiças. Ainda assim, como eu tenho preguiça de fazer um top 20 como eu amo meus leitores do blog e faço tudo por eles, resolvi montar o top. Futuramente, quero montar um top 10 histórias sobre praticantes de magia, por que estou escrevendo sobre isso no momento. :B

Uma das dificuldades em ranquear as histórias abaixo foi que "livros de vampiro" não são um gênero. Vampiros abarcam vários gêneros, do horror ao infantil. É difícil comparar um livro infantil com um de terror pra escolher um melhor. Sendo assim, ranqueei pelo nível de influência que o livro em questão teve no modo como eu vejo e escrevo os vampiros - colocando os livros que li há mais tempo por último, quando só lembro deles um eco distante.

Mas chega de papo e simbora:

10 - Série Draculinha (Carlos Queiroz Telles)

São livros infantis que conheci na aurora da minha vida, na minha infância querida, que... bom, vocês entenderam. Os livros do Draculinha são uma sátira escrachada da Tradicional Família Brasileira. É meio pastelão hoje que sou adulta, mas eu adoraaaava quando era criança. Tinha um tom diferente dos outros livros infantis e eu gostava da Dracunilda. Por muito tempo, foi uma das únicas vampiras não-femme-fatale que eu conheci e isso era sempre um refresco.

9 - O diário de um vampiro (Hudson Simão) - não confundir com a série Diários de um Vampiro, OK?

Esse livro infanto-juvenil era meio um guilty pleasure de adolescente, mas ele tem seus méritos. Ele conta a história do Augustus, um gentil cavalheiro polonês que salva um homem mortalmente ferido e, como recompensa, esse homem o transforma em vampiro. O livro está cheio de umas coisas bizarras e contraditórias, do tipo: no seu diário, Augustus anota que foi instruído a tomar TRÊS VEZES O SEU PESO em sangue TODA NOITE. Matemática, caras: um homem médio pesa em torno de 70 kg. Três vezes o seu peso é 210 kg. Um ser humano médio tem uns 6 L de sangue no corpo. Como sua densidade é bem próxima à da água, cada litro de sangue pesa pouco mais de 1 kg. Logo, o cara teria que secar nada menos que 35 pessoas adultas POR NOITE. Mas, mais pra frente, tem uma seca na cidade e Augustus comenta que, antes da seca, um humano saudável podia alimentar até dois vampiros. É. Nesse níuvo.

Ainda assim, eu li e reli porque gosto da atitude positiva do Augustus e da Clarice, a esposa dele. Nenhum dos dois vai pro cantinho da vergonha choramingar porque não gosta de matar humanos, mas é preguiçoso demais pra pensar em outro método de conseguir sangue. E isso não faz deles monstros amorais, o que costuma ser o outro lado do espectro. E além de tudo, a história é uma aventura e eu gosto de aventuras.

8 - Sete faces do terror (Vários) - A marca da serpente (Carlos Queiroz Telles - é, de novo - conto)

Antes que você abra a boca: meu blog, minhas regras. Eu quis falar sobre um conto, posso?

Esse conto específico eu cito porque achei muito legal. Muito legal mesmo. Legal o bastante para eu ter andado anos com o xerox dele antes de comprar o Sete Faces em um sebo. Olha, mais uma vez: essa é uma lista pessoal. Aposto que você pode vir com milhares de contos de vampiros mais originais, mais intrigantes ou mais bem escritos que esse, mas foi o impacto que ele me causou que faz ele vir aqui. E, pra ser honesta, não tem taaaaaantos contos de vampiros melhores que esse circulando por aí em papel impresso. :P

A Marca da Serpente conta a jornada de Vlad (nãããão), um vampiro que resolveu ir pra Inglaterra, mas foi preso na primeira mordida. Como o enforcamento não resolveu para ele, resolveram degredar o demônio pro Brasil. Aqui, ele dorme um sono de um século e, quando acorda, ele não sabe se tem mais sede de sangue ou de companhia. Numa fazenda isolada, ele conhece uma moça bonita e decide que a quer - ele não se apaixona e quer conquistá-la, ele a quer - uma decisão que vai ter consequências inesperadas.

Uma nota curiosa: eu ouvia os sons desse conto. De alguma maneira que não sei explicar, eu ouvia.

7 - O vampiro que descobriu o Brasil (Ivan Jaf)

Esse livro só está aqui embaixo pelo tempo que eu li. Não, veja a premissa: Antonio era um português tranquilo, dono de uma taverna. Daí, um vampiro o ataca, mas por razões misteriosas, larga a "refeição" pela metade e o resultado é um gajo de presas longas. Um vampiro amigável, condoído com a situação do Antonio, explica que, para voltar a ser humano, ele deve matar o seu "criador" e aspirar suas cinzas. E explica que o Velho, o dito criador, está possuindo um corpo e embarcando na frota de Pedro Álvares Cabral.

Antonio tenta de tudo para matar o Velho antes disso, mas sem sucesso, acaba embarcando no navio e torcendo para resolver tudo e voltar para casa o quanto antes. Infelizmente, o plano não dá lá muito certo, e ele termina no Brasil, perseguindo o Velho pelos próximos 500 anos. A história é deliciosa e uma excelente desculpa para ensinar História do Brasil. O momento em que o Antonio grita "CHEGA!" e resolve fazer seus poderes servirem para alguma coisa prática é uma das melhores cenas do livro todo.

6 - Os Sete (André Vianco) & Alma e Sangue - O Despertar do Vampiro (Nazarethe Fonseca)

Quem disse que não posso pôr dois livros em uma posição? O top 10 é meu, criatura!

Tá, o Vianco pode não ser um primor da literatura, mas duas coisas você precisa admitir: Os Sete é um marco da literatura de vampiros no Brasil e o livro é divertido. Literatura cinematográfica no que tem de melhor e pior, e realmente recomendo. Não foi por pura sorte de principiante que o livro vendeu horrores, a ponto do Vianco conseguir emplacar mais um monte de livros e merecer uma exposição em homenagem a ele. O Diego já resenhou aqui.

Alma e Sangue, da Nazarethe, não teve tanto hype, mas também se tornou bastante popular. A escritora já escrevia romance com sanguessugas bem antes de Crepúsculo dar as caras, mas seus romances açucarado são, na verdade, azedinhos-doces. Ou seja, saborosos o bastante pra não te darem diabetes. Pra quem gosta do gênero, vale uma boa olhada.

5 - Vampiro: A Máscara - Livro do Jogador (?)

Mais uma vez, nem uma palavra sobre o que vale e o que não vale aqui. Esse é um livro, certo? Fala sobre vampiros, certo? Então, shhh.

Não dá pra negar que VtM (Vampire, the Masquerade - os americanos amam siglas, e elas facilitam a vida) influenciou toda uma geração. Eu nunca joguei RPG presencial na vida (só de videogame :B), mas eu conhecia VtM e cheguei a pegar o livro do jogador emprestado de um amigo só para conhecer sua mecânica e a história permeando o cenário.

As historinhas online mostrando a interação entre um membro estereotípico de cada clã me divertiam um bocado, e eu admirava como o jogo tinha conseguido compilar praticamente todos os poderes e características que os vampiros tinham ganhado em todo o século XX. E mais, de uma forma coesa e agradável. Nosferatu, Drácula e Louis são bem diferentes entre si, mas os três podem ganhar uma ficha de personagem de VtM bem arrumadinha e completa.

Ainda assim, o cenário não me pegou o bastante para eu querer escrever histórias baseadas nesse universo, por exemplo. Sei lá, acho que era justamente isso, todo tipo possível e imaginável de vampiros rondavam esse cenário, e eu não era necessariamente fã de todos eles. Além disso, acho que li contos DEMAIS baseados no universo de VtM, e isso me deixou meio enjoada. Ainda assim, reconheço o mérito do bicho.

4 - Entrevista com o vampiro (Anne Rice)

Agora é o seguinte. Eu SEI que estou devendo a leitura de O Vampiro Lestat até hoje. Eu SEI. Mas acho que Entrevista me encantou e traumatizou um bocado para os demais da autora. Vejamos se me explico.

Quando assisti Entrevista com o Vampiro na TV, tudo o que eu posso dizer foi que eu fiquei *_________*

Só um emoticon explica isso apropriadamente. Não só os atores era lindos (a garota que nunca suspirou por eles que atire a primeira pedra!), mas deve ter sido o primeiro filme de vampiros - sem ser comédia - em que eles não eram os vilões a serem caçados e destruídos para trazer a felicidade aos mocinhos. Isso era diferente, para dizer o mínimo, e me pegou em cheio. Tempos depois, peguei o livro emprestado (não me lembro bem onde) e devorei. Eu devia ter o quê? Quatorze anos? Quinze? Sei lá, algo assim. O livro me fascinou porque era grande, denso e com uma trama que fazia sentido (e melodramático no ponto para um adolescente, embora isso eu só tenha percebido mais tarde...). E claro que eu sempre imaginava o Louis como o Brad Pitt.

Recentemente, comprei e fui reler o livro e fui obrigada a parar, por que a emice afetada do Louis me cansou antes das 100 primeiras páginas. Acho que tenho que estar no humor certo para ler o livro. Enfim, Anne Rice está mais para cima no top 10 porque os livros dela são seminais para as histórias modernas de vampiros (Crepúsculo é uma simples flanderização* de Anne Rice), porque eu acho que ela escreve bem em comparação com os derivados dela e pelo que o livro significou para mim quando o li. Mas não entrou pro top 3 porque já tem algum tempo que ele não me influencia em nada a não ser piadas. :P

3 - O vampiro antes de Drácula (Marta Argel e )

É um ensaio sobre os vampiros na literatura antes da publicação do livro Drácula (o que, você não sabia que existiam? ಠ_ಠ) com uma série de contos escolhidos entre os que os autores acharam ser o melhor da literatura vampírica do século XIX pré-Drácula.

Eu já sabia de muito do que foi falado, e li muita coisa nova nesse livro, também. Acho uma leitura super-hiper-mega-válida para metade dos críticos que ficam de "mimimi, vampiros têm que ser assim, vampiros têm que ser assado, mimimi, essa geração tá perdida" e para muitos autores que saem copiando e/ou flanderizando VtM.

2 - Carmilla (Sheridan Le Fanu)

Aaaaaah, os clássicos. Não estão nessa posição porque eu acho que tudo o que foi feito depois é pior. Estão nessa posição porque gosto deles e pronto. Eles permitem uma liberdade que os trabalhos posteriores tiraram um pouco.

Não acontece nada de muito eletrizante em Carmilla, e, ainda assim, é uma história poderosa. Foi depois de ler que eu criei a Bessie, em Bram & Vlad. A personagem-título é interessante, e a novela tem algo que muitos tentam, mas não conseguem criar: atmosfera. É uma atmosfera meio sinistra, meio inquietante, com um toque de exotismo. Acho que se pode dizer que é uma atmosfera gótica, mas em um nível que só alguém que viveu na Inglaterra do século XIX consegue criar. Aliás, eu acho esse o erro de muito escritor recente: tentar imitar uma atmosfera de um tempo que a pessoa não viveu, nem vivenciou, ao invés de tentar criar sua própria atmosfera sinistra.

Enfim, Carmilla é uma novela tensa, e muito interessante. E só por ter vários elementos que iriam mais tarde alcançar seu ápice em Drácula, já merece uma menção honrosa.

1 - Drácula (Bram Stoker)

Por que esse é meu livro preferido? Primeiro, por ser um dos únicos que me fez torcer de verdade pelos humanos e não pelo vampiro. Segundo, porque adoro vários dos personagens, mesmo que metade deles sejam só clichês andantes com um nome pregado. A outra metade faz valer a pena. E terceiro porque ele pega aquela atmosfera de Carmilla e eleva à décima potência.

Sério, Drácula ainda não perdeu o posto de uma das melhores histórias de vampiros de todos os tempos e não é à toa que o Conde é uma figura tão icônica da Era Vitoriana. Acho que não posso dar um testemunho maior do quanto amo esse livro do que ter nada menos que um blog de tirinhas que é basicamente uma fanfic de Drácula.

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E é isso. Mais uma vez: esses foram os livros que me marcaram, na ordem de significação que tiveram para mim. Não fiz esse top 10 com base em qualidade, originalidade ou o que quer que seja, mas na ordem do quão interessante achei a leitura.

Ah, por que Crepúsculo não entrou? Eu já disse, é uma flanderização de Anne Rice.

*Flanderização é quando você pega um traço da personalidade de um personagem e exagera até o personagem virar uma caricatura. Foi divertido ler a série Crepúsculo, admito, mas não trouxe muitos elementos novos para a minha bagagem. Pelo menos, não o bastante para merecer estar no top 10. Histórias de amor entre vampiro e humana, já li melhores (A Marca da Serpente, por exemplo), histórias envolvendo vampiros e adolescentes, idem (n mangás, só para começo de conversa), o Louis da Anne Rice meio que brilha ao luar, e rivalidade vampiros x lobisomens, dá até preguiça de contar. Ainda assim, ao codificar esses elementos, a obra de Stephenie Meyer provavelmente figuraria em uma lista de obras que acho importantes para entender a literatura de vampiros, por mais que doa no coração de muita gente de mente mais estreita. Desenvolvo isso mais em outro dia.

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Enquanto você lê este post, estou preparando um top 10 (talvez 20) de vampiros em outras mídias, e um top 10 livros de vampiros que eu gostaria de ter lido, mas o din-din não deixou.

Qualquer hora estarão aí.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Neon Azul, ou Cris me odeia

Postei essa tirinha só porque a Cris me desafiou a fazê-lo. E porque quem lê blogs como esse aqui é nerd o bastante para não poder tirar sarro da minha cara sem levar uma de volta.

O Neon Azul, romance do Eric Novello, é um tal de "romance fix-up" noir, o que é um nome bonitinho para um punhado de contos interligados que acontece em um mesmo universo. No caso, o universo do bar Neon Azul e seus frequentadores bizarros.



Eu tenho hábitos noturnos por natureza, não porque fico na internet a madrugada inteira. E tenho um sobretudo preto cheio de botões legais. O que mais preciso pra ser noir?