sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Estamos no ar, pessoal!

 Gente, eu nem pensei que um dia ia postar isso aqui, mas Noturno em Sol Maior (o nome verdadeiro dO Conservatório) está no ar, na Amazon.

Obrigada a todo mundo que contribuiu nessa jornada.

Cliquem na capa para ir para a Amazon.

Capa com fundo roxo, teclas de piano azuis desalinhadas, notas musicais e morcegos. Na frente, tem as silhuetas de uma moça e um rapaz em amarelo. O título está no fundo, à esquerda, com uma fonte meio grunge.



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Agatha Christie, escritora de fantasia

(O texto original é de 11/03/2011, postei na mailing list da ACBR (Agatha Christie Brasil). Estou postando aqui no blog pra resgatar meus textos antigos sobre a AC. Bom proveito!)


Você já deve ter ouvido o nome dela ao menos uma vez na vida. Ela é a Rainha do Crime, uma das autoras mais vendidas de todos os tempos, atrás apenas de Shakespeare, e sua peça A Ratoeira detém no Guiness Book o recorde de peça a mais tempo em cartaz: são 58 anos ininterruptos de apresentação.
Esse ano, Agatha Christie faria 120 anos. Em comemoração, gostaria de trazer à baila um lado dela que costuma ser desconhecido ou ignorado da Dama, mas que sempre esteve lá: Agatha Christie, escritora de fantasia.
Agatha Mary Clarissa Miller nasceu em 1890, em Torquay, na Inglaterra. O país estava em plena era vitoriana, e isso se refletiu em sua formação. Ela morava em uma antiga mansão inglesa com seus pais, uma irmã e um irmão. Desde criança, era muito imaginativa. Brincava de faz-de-conta e aprendeu a ler sozinha, aos cinco anos. Suas leituras preferidas quando criança eram as histórias do Antigo Testamento e livros vitorianos com histórias de mortes trágicas. Mais tarde, Agatha se deliciaria com as histórias de sua irmã mais velha e com livros infantis de contos de fadas.
Tia Agatha (tenho o hábito de chamá-la assim, carinhosamente) continuou crescendo uma criança tímida, e lia muito. Aos “dezessete ou dezoito anos”, conforme narra sua autobiografia, escrevia poemas, alguns retratando os personagens da commedia dell’arte, e chegou a ganhar alguns prêmios de uma revista com eles.
Aproximadamente por esse período, enquanto convalescia de uma gripe, Agatha Christie estava entediada e recebeu de sua mãe a sugestão de escrever histórias. Ela produziu vários contos e mandou para muitas revistas, sendo recusada em todas elas. Enquanto isso, resolveu escrever um romance, que sua mãe enviou a Eden Phillpotts, na época, um escritor famoso e amigo da família. Phillpotts fez uma crítica branda, mas firme, dando conselhos de leituras e procedimentos que melhorariam a escrita da moça. Ele também enviou o romance dela e seu editor, mais para que ela tivesse a experiência de se ver frente a frente com ele que por alguma esperança de publicação.
Depois dessa nova recusa, Agatha Christie voltou-se algum tempo para suas ambições musicais, enquanto continuava lendo histórias paranormais e escrevendo contos por passatempo. Mais tarde, ela sentiria vontade de escrever um romance policial e a insistência de sua irmã de que aquilo era difícil demais para ela plantaria a semente da escritora que tia Agatha viria a ser, mais tarde.
Por que estou dizendo tudo isso?
As biografias de Agatha Christie geralmente começam a falar de sua carreira literária a partir da escrita de seu primeiro romance policial, O Segredo de Styles. Pouco é dito ou sugerido dessa sua fase juvenil de escritora por diversão e não me lembro de ter lido em lugar nenhum que, nessa fase, a Dama do Crime escrevia fantasia.
Muitos dos contos que ela escreveu nessa época foram reescritos e publicados nos anos 20 e 30, por revistas e em uma coletânea de contos. Nas próximas páginas, iremos fazer uma viagem pelo fantástico na obra de Agatha Christie. Tanto o fantástico que permeia sua obra policial quanto o fantástico dessa primeira fase de sua carreira. Os fãs mais antigos da Dama irão reencontrar velhos amigos – como reencontrei ao escrever esse artigo – e talvez os novos descubram um encanto que não julgavam existir nos livros dela.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

RIP Museu Nacional

Ainda estou tão chateada com o incêndio do nosso Museu Nacional. É nosso incêndio de Alexandria particular. :(
O discurso do Alexandre é só meu meio particular de lidar com isso. :(




quinta-feira, 7 de junho de 2018

Cristina é 70% ódio da humanidade, 25% niilismo autodestrutivo e 5% sentimentos reprimidos




 








Adivinha quem estava fazendo uma revisão definitiva no Conservatório?

Fiz umas artes conceituais em inglês pros gringos conhecerem a Cristina e o Diego. Aproveitem:


quinta-feira, 22 de junho de 2017

Motivo e Oportunidade: um estudo de caso dos modelos cognitivos ideais em um conto de Agatha Christie

Apresentado para a Disciplina de Referenciais de Pesquisa, do Programa de Mestrado em Educação da FAE-UFMG, em outubro de 2013.

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1 – Introdução

Uma de minhas escritoras favoritas é a inglesa Dame Agatha Christie. Muitas horas de minha vida foram gastas lendo seus oitenta romances, e através dela, conheci e passei a admirar o gênero literário conhecido como “literatura policial”. Diferentemente de outros gêneros, há um nível de imersão tão grande em alguns desses livros, que eles ficam na fronteira entre o livro e o jogo. Compreender o que há de tão especial nos romances policiais sempre foi uma de minhas paixões literárias, e acredito que os estudos realizados por vários pesquisadores a respeito de como nossa mente categoriza seja uma forma de alcançar essa compreensão.
Antes de mais nada, é preciso apresentar o gênero policial àqueles que têm pouco ou nenhum contato com ele. A literatura policial é um gênero difícil de definir. Suas histórias, de maneira geral, apresentam um crime e um investigador que irá procurar solucionar os problemas gerados por esse crime. Em alguns livros, o “problema” é resolver o mistério da identidade do criminoso (ou de como ele pôde cometer tal crime). Em outros, não há mistério, mas uma trama criminosa que deve ser impedida pelo investigador em um clima de constante suspense.
Vou me ater, daqui por diante, ao primeiro tipo acima: o romance policial em que há um mistério a ser desvendado. Esse subgênero pode ser chamado de “romance policial inglês clássico” ou “romance de enigma” (ao qual pertencem Agatha Christie e Conan Doyle), e teve seu ápice na Inglaterra, durante o período entre-guerras.
Tzvetan Todorov (2006), em seu livro As Estruturas Narrativas, tem um capítulo dedicado à “Tipologia do Romance Policial”. Nele, há essa constatação, ligeiramente mal-humorada, sobre o gênero:

“A obra-prima habitual não entra em nenhum gênero senão o seu próprio; mas a obra-prima da literatura de massa é precisamente o livro que melhor se inscreve no seu gênero. O romance policial tem suas normas; fazer ‘melhor’ do que elas pedem é ao mesmo tempo fazer ‘pior’: quem quer ‘embelezar’ o romance policial faz ‘literatura’, não romance policial.”
Com todo o respeito que tenho a Todorov (e tenho muito respeito pelos livros dele que já li), sou obrigada a discordar firmemente dessa afirmativa, especialmente no tocante ao subgênero “romance de enigma”. Após anos lendo livros policiais, percebi que o bom romance policial, é justamente a história subversiva; aquela que, estando consciente de suas normas, de alguma forma, quebra-as deliberadamente para surpreender o leitor. Sem algum tipo de subversão, não há surpresa.
Não que eu acredite que o respeitável teórico acima tenha toda a culpa por fazer essa afirmativa: ele baseou muito de sua tipologia no que disseram os “teóricos do gênero”, especialmente os membros do Detection Club da Inglaterra, um clube de autores policiais famosos, dedicados a estudar e “proteger” o gênero policial. Esses teóricos são os principais responsáveis por essa visão de que o único romance policial que possa ser considerado “bom” é o que segue à risca todas as “regras” silenciosas desse gênero. Um dos presidentes do Detection Club, Van Dine, chegou mesmo a escrever e publicar uma série de regras que, segundo eles, jamais deveriam ser quebradas em um bom policial. Isso não impediu que todos os bons romances do período entre-guerras tenham subvertido ao menos uma delas.
A razão pela qual trago essa discussão de gênero literário para um trabalho sobre categorização por modelos cognitivos ideais, ou ICMs, (isso é, os pressupostos por trás de como fazemos uma categorização) é que acredito que são poucos os gêneros literários onde ICMs podem ser vistos em ação com toda a clareza. Mais que isso: enquanto bons escritores de outros gêneros podem fazer boa ficção com um conhecimento apenas intuitivo dos pressupostos de seu gênero, um escritor de romance policial necessariamente tem que conhecer algo dos modelos mentais formados por seus leitores, caso queira manter o mistério da história até o fim.
Em outras palavras, creio que o romance policial é um jogo cognitivo entre o autor e o leitor, em que um tenta deduzir e se adiantar às estruturas narrativas que crê que o outro está utilizando. E, dentre todos os autores policiais que conheci, poucos jogaram esse jogo tão bem quanto Agatha Christie. Essa é a razão pela qual escolhi um de seus contos, “O Móvel do Crime” (Motive versus Opportunity), como estudo de caso da aplicação de ICMs.
Antes de passarmos para essa parte, permitam-me uma breve explicação a respeito do que são ICMs.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

Resenhas de Drácula anotado e Lovecrat anotado

Comprei e li as duas obras juntas. Aqui vão as impressões:

Annotated Dracula (Bram Stoker & Leslie Klinger):

Eu já conhecia Leslie Klinger do monumental Sherlock Holmes Anotado, que foi publicado no Brasil em 9 volumes pela Editora Zahar. O autor é um estudioso sherlockiano apaixonado e eu fiz questão de colocar todos os volumes na estante. Essa obra é uma mina de ouro para informações da era vitoriana, além de trazer muitas interpretações alternativas das histórias de Sherlock, que são uma forma interessante de perceber contradições e furos nas histórias (ou, simplesmente, outras maneiras de se interpretar os mesmos acontecimentos). Além disso, os livros são feitos sob a premissa de que Holmes e Watson eram pessoas reais, e que Conan Doyle foi só o agente literário de Watson. Essa ficção inocente dá um sabor especial às discussões das histórias, e ao material complementar.

O Drácula Anotado foi feito depois dessa empreitada, e tudo o que eu disse em relação à obra acima pode ser dito em relação a essa. É visível que Klinger é apaixonado pela Inglaterra vitoriana. E Drácula é um livro com uma extensa bibliografia acadêmica, de onde o autor pôde tirar muita informação para suas notas. A "ficção" de que Drácula é um livro real é feita aqui (de uma maneira um pouco menos isenta do que em Sherlock Holmes, talvez porque o autor não parece ser tão fã de Drácula quanto de Sherlock), o que leva àquelas interpretações alternativas instigantes e reveladoras que citei ali acima. Por mais que eu tenha minhas próprias teorias a respeito de Drácula, o trabalho de Klinger foi tão abrangente e completo que ele adicionou ao invés de me irritar, como eu temia antes de ler o livro. Sabe como é, quando você gosta demais de algo, pode se tornar muito "protetor" do que gosta e ficar chato. Fico feliz de saber que ainda não estou tão chata. xD

Foi um livro quase perfeito para mim, pedindo só um pouquinho a mais de "vozes" e "teorias" diferentes, mas muito prazeroso. Ah, sim, vale a pena dizer que o autor é uma das poucas pessoas que pôde comparar o manuscrito original com a versão impressa do livro, e ele traz muitas informações inéditas para fãs e estudiosos do vampirão mais famoso do mundo.

Uma coisa que eu sei que é problemática para outras pessoas (apesar de não ter me incomodado) é que Klinger colocou tantas notas, mas TANTAS NOTAS que o texto frequentemente tem que ser interrompido por páginas só de notas. Como já estou mais que acostumada com a história e comprei só pelas notas, mesmo, não me incomodou. Além disso, amo textos com notas. Odeio ter que ficar indo ao fim do capítulo ler as notas, como no Sherlock Anotado, e amei o esquema de Drácula Anotado, colocando as notas nas margens. Infelizmente, sou obrigada a concordar que muita gente acha as interrupções do texto irritantes, e seria melhor ter arrumando outra maneira de colocar essas notas sem interromper o fluxo do texto.

No mais, a apresentação é maravilhosa. Vivo reclamando que as edições de Drácula raramente têm uma capa decente, mas a dessa edição é linda. As ilustrações são lindas, tudo é lindo. No início, eu estava receosa de comprar esse livro e ele aparecer traduzido no Brasil logo depois, mas agora, não tenho esse medo. A edição brasileira dificilmente seria tão luxuosa, e como Drácula é a inspiração de Bram & Vlad, uma das minhas maiores empreitadas criativas, então acho que merece esse pequeno "esbanjamento" de minha parte.



Annotated Lovecraft (H. P. Lovecraft & Leslie Klinger):

Eeeeee... Como eu queria dizer tudo o que eu disse acima a respeito de Annotated Lovecraft. A edição é maravilhinda, as ilustrações são lindas, tem menos notas que Drácula Anotado, e portanto o texto flui... E isso é parte do problema.

Em Sherlock Holmes Anotado e em Drácula Anotado, é possível ver paixão. Não é só o número de notas, é também a paixão pela "ficção" de que essas histórias realmente aconteceram, que levam àquele sabor delicioso de "aprender brincando". As especulações a respeito de "quem poderia ser o personagem tal no mundo real" levam o autor a explorar muitas personalidades reais que não foram abordadas pelas obras. Para mim, uma das grandes forças dos outros livros anotados que li do Klinger foi a forte intertextualidade, e o respeito e estima pelo "universo mítico" dos respectivos autores. Eram obras intelectuais, sim, mas com paixão.

O Lovecraft Anotado... não tem muito disso. É um livro muito mais "frio". A "ficção" está lá, mas muito distante. O Klinger faz um monumental dever de casa, traz toneladas de notas históricas maravilhosas, mas eu não consegui ver nesse livro aquela paixão pela obra do autor que existe nos livros anteriores.

A intertextualidade é pífia ou quase nula. Em O Caso de Charles Dexter Ward, por exemplo, há uma quantidade gigante e cansativa (para mim) de notas sobre Providence e as personalidades reais citadas no texto. Mas procure alguma anotação sobre o "universo" de Lovecraft e você se desaponta. Não tem quase nada sobre o elusivo Yog-Sototh, tão mencionado no texto. Nenhuma especulação sobre as "vítimas" de Joseph Curwen. Nenhum comentário sobre as explorações do Dr. Willet. Pelo amor de Deus, o Lovecraft estava piscando tanto quando colocou suas referências a Drácula no texto que só faltou chamar um personagem tal de Alucard e não tem nem uma notazinha reconhecendo isso. Nem. Uma.

Em Nas Montanhas da Loucura, temos lindas notas sobre as expedições antárticas, os aviões e tudo o mais, mas muito pouco sobre as conexões mil entre essa obra e outras. Nenhuma especulação sobre qual poderia ser a "Expedição Starkweather-Moore". Nessa história há mesmo uma nota onde Klinger diz que Lovecraft, em determinado ponto, escreve "pteridófita" quando deveria dizer "pterodáctilo", mas no contexto, tio HP escreveu perfeitamente certo. Ele estava falando de estruturas vegetais nas asas dos aliens, não sobre as asas em si. Uma falta de atenção imperdoável de um anotador tão cuidadoso. Tem outras, mas essa é uma das mais óbvias.

Enquanto não dava pra ler Sherlock Holmes Anotado e Drácula Anotado sem ter ao menos uma nota por página, Lovecraft Anotado tem páginas e páginas de texto sem anotação, sem comentários de personagens recorrentes, sem nada... Deu vontade de pegar minha caneta nanquim e fazer as anotações eu mesma. Ainda não me convenci a não fazer isso. Dane-se "estragar o livro", ele é meu e eu comprei pela informação, não pela beleza.

Enfim, me pareceu uma obra feita quase que com "má vontade", quando se compara com as demais.

Continua sendo uma edição obrigatória para grandes fãs de Lovecraft, e, se eu tivesse a oportunidade, não devolveria, nem pediria o dinheiro de volta. Só fiquei um tiquitinho decepcionada. É como se o melhor chef do mundo convidasse você para um jantar e te levasse no restaurante de outro, que ainda por cima tem uma estrela a menos. OK, a comida vai continuar sendo boa, muito acima do que você normalmente come, mas não dá para evitar a decepção.

Minhas teorias são que (a) reclamaram tanto que Drácula Anotado tinha anotações demais e que a "ficção" do Klinger não era legal, blábláblá, que ele resolveu ser "sério" (o que é um enorme desperdício) ou (b) como Lovecraft está na moda, chegaram um dinheiro no autor pra fazer essa edição anotada e ele pegou o trabalho, mesmo não ligando muito para a obra.

Para mim, é uma afronta pessoal que Lovecraft Anotado tenha mais estrelas na Amazon que Drácula Anotado. Sério, caras, não.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Gatinho carente

Eu estava relendo o manuscrito de O Conservatório e isso aconteceu:

Vampiros são só gatinhos carentes.


Não, não tenho vergonha nenhuma. E sim, sei que o mais provável é que a Cristina lançasse o Diego fora do sofá, mas ela tem um fraco por gatos.