tag:blogger.com,1999:blog-76170022589944444972023-11-16T08:04:29.791-08:00O ConservatórioAdriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.comBlogger47125tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-78136969828511429972021-08-13T10:27:00.000-07:002021-08-13T10:27:05.612-07:00Estamos no ar, pessoal!<p> Gente, eu nem pensei que um dia ia postar isso aqui, mas Noturno em Sol Maior (o nome verdadeiro dO Conservatório) está no ar, na Amazon.</p><p>Obrigada a todo mundo que contribuiu nessa jornada.</p><p>Cliquem na capa para ir para a Amazon.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.amazon.com.br/dp/B09CKH8BFD" imageanchor="1" rel="nofollow" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Capa com fundo roxo, teclas de piano azuis desalinhadas, notas musicais e morcegos. Na frente, tem as silhuetas de uma moça e um rapaz em amarelo. O título está no fundo, à esquerda, com uma fonte meio grunge." border="0" data-original-height="750" data-original-width="500" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFh3_4_3r3nthqIUpxTsmRMi7o2dJTtiDjqL-8B1avk_5S1tzprMkjpMTMPGPqcj6FP9VZfBOn_A_jJUHweUQsKhNM2Phix_pvw-C8IRND863hPEqfj2yJjzOQTAyg79gal46veUb_JyY/w213-h320/Capa+Noturno+baixa+res.jpg" width="213" /></a></div><br /><p><br /></p><p><br /></p>Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-37479593466716991332018-11-28T13:56:00.002-08:002021-03-01T11:32:55.181-08:00Agatha Christie, escritora de fantasia<span style="font-family: arial;">(O texto original é de 11/03/2011, postei na mailing list da ACBR (Agatha Christie Brasil). Estou postando aqui no blog pra resgatar meus textos antigos sobre a AC. Bom proveito!)<br />
<br />
<br />
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_736" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_735" style="font-size: small;">Você
já deve ter ouvido o nome dela ao menos uma vez na vida. Ela é a Rainha
do Crime, uma das autoras mais vendidas de todos os tempos, atrás
apenas de Shakespeare, e sua peça <i>A Ratoeira</i> detém no Guiness Book o recorde de peça a mais tempo em cartaz: são 58 anos ininterruptos de apresentação.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_794" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_795" style="font-size: small;">Esse
ano, Agatha Christie faria 120 anos. Em comemoração, gostaria de trazer
à baila um lado dela que costuma ser desconhecido ou ignorado da Dama,
mas que sempre esteve lá: Agatha Christie, escritora de fantasia.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_792" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_793" style="font-size: small;">Agatha
Mary Clarissa Miller nasceu em 1890, em Torquay, na Inglaterra. O país
estava em plena era vitoriana, e isso se refletiu em sua formação. Ela
morava em uma antiga mansão inglesa com seus pais, uma irmã e um irmão.
Desde criança, era muito imaginativa. Brincava de faz-de-conta e
aprendeu a ler sozinha, aos cinco anos. Suas leituras preferidas quando
criança eram as histórias do Antigo Testamento e livros vitorianos com
histórias de mortes trágicas. Mais tarde, Agatha se deliciaria com as
histórias de sua irmã mais velha e com livros infantis de contos de
fadas. </span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_800" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_799" style="font-size: small;">Tia
Agatha (tenho o hábito de chamá-la assim, carinhosamente) continuou
crescendo uma criança tímida, e lia muito. Aos “dezessete ou dezoito
anos”, conforme narra sua autobiografia, escrevia poemas, alguns
retratando os personagens d<i>a commedia dell’arte</i>, e chegou a ganhar alguns prêmios de uma revista com eles.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_802" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_801" style="font-size: small;">Aproximadamente
por esse período, enquanto convalescia de uma gripe, Agatha Christie
estava entediada e recebeu de sua mãe a sugestão de escrever histórias.
Ela produziu vários contos e mandou para muitas revistas, sendo recusada
em todas elas. Enquanto isso, resolveu escrever um romance, que sua mãe
enviou a Eden Phillpotts, na época, um escritor famoso e amigo da
família. Phillpotts fez uma crítica branda, mas firme, dando conselhos
de leituras e procedimentos que melhorariam a escrita da moça. Ele
também enviou o romance dela e seu editor, mais para que ela tivesse a
experiência de se ver frente a frente com ele que por alguma esperança
de publicação.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_804" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_803" style="font-size: small;">Depois
dessa nova recusa, Agatha Christie voltou-se algum tempo para suas
ambições musicais, enquanto continuava lendo histórias paranormais e
escrevendo contos por passatempo. Mais tarde, ela sentiria vontade de
escrever um romance policial e a insistência de sua irmã de que aquilo
era difícil demais para ela plantaria a semente da escritora que tia
Agatha viria a ser, mais tarde.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Por que estou dizendo tudo isso?</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_806" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_805" style="font-size: small;">As
biografias de Agatha Christie geralmente começam a falar de sua
carreira literária a partir da escrita de seu primeiro romance policial,
<i>O Segredo de Styles</i>. Pouco é dito ou sugerido dessa sua
fase juvenil de escritora por diversão e não me lembro de ter lido em
lugar nenhum que, nessa fase, a Dama do Crime escrevia fantasia.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_808" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_807" style="font-size: small;">Muitos
dos contos que ela escreveu nessa época foram reescritos e publicados
nos anos 20 e 30, por revistas e em uma coletânea de contos. Nas
próximas páginas, iremos fazer uma viagem pelo fantástico na obra de
Agatha Christie. Tanto o fantástico que permeia sua obra policial quanto
o fantástico dessa primeira fase de sua carreira. Os fãs mais antigos
da Dama irão reencontrar velhos amigos – como reencontrei ao escrever
esse artigo – e talvez os novos descubram um encanto que não julgavam
existir nos livros dela.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span><a name='more'></a></span><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_809" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: arial;"><b><span style="font-size: small;"><span>Agatha Christie e o Espiritismo</span></span></b></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_893" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_892" style="font-size: small;">Antes
de mais nada, não estou falando disso para fazer propaganda de
doutrinas, ou algo do gênero, mas porque o contato de tia Agatha com
espiritismo (ou, mais exatamente, espiritualismo inglês, que é diferente
do Espiritismo, de base francesa) influenciou a fantasia em suas
histórias, e um número respeitável de seus romances e contos possuem
sessões espíritas. Às vezes, fica provado que elas foram forjadas por
alguém, às vezes não.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_895" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_894" style="font-size: small;">É
bom deixar uma coisa clara: Agatha Christie era cristã anglicana e se
sentia bastante confortável em sua religião. Em sua autobiografia, ela
conta que teve um romance com um rapaz que se interessava por
espiritismo (com letra minúscula, isso é, por fenômenos espíritas) e que
lhe passou muitas leituras teosóficas que a entediavam.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_889" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_888" style="font-size: small;">A
experiência com esse rapaz deixaria uma marca na obra dela. Quando se
analisa os livros de tia Agatha, torna-se claro que ela lidava com
vários personagens recorrentes, que apenas mudavam de nome e aparência,
mas mantinham a personalidade. O velho militar irascível e falador, o
rapaz charmoso sem o menor pingo de caráter, a velha senhora fofoqueira,
mas que tinha uma acurada visão de mundo, além de vários outros. Um
desses personagens é a médium exoticamente vestida, de comportamento
extravagante, que, no fundo, é uma charlatã buscando enriquecimento à
custa dos crédulos ou uma tola que engana a si mesma. Essa personagem,
ao que tudo indica, é derivada de duas irmãs que o tal rapaz lhe
apresentara.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_811" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_810" style="font-size: small;">É
digno de nota que, sempre que essa médium exótica aparece no romance,
alguém respeitável (o detetive da história, ou algum estudioso qualquer)
em algum ponto explica que não se deve julgar o espiritismo por essas
pessoas, e que há gente séria investigando a verdade por trás dos
fenômenos. Após essa explicação, pode ou não haver o relato de um caso
de revelação mediúnica que não poderia ser obtida por charlatanismo.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_909" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_908" style="font-size: small;">Dois livros em que sessões espíritas desempenham papeis muito importantes são <i>O Mistério de Sittaford</i>, onde um homem vivo se manifesta na mesa e logo se descobre que ele foi assassinado, e <i>Poirot Perde uma Cliente</i>,
que conta com duas irmãs vegetarianas, teosofistas, ocultistas,
espíritas e incuravelmente tolas. Dizer por que a sessão espírita é
importante é <i>spoiler</i>, mas ela é. Esse é um livro pouco famoso da Dama, mas muito bom, e com uma virada de acontecimentos realmente genial.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_891" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_890" style="font-size: small;">Os
temas de comunicação com os espíritos, reencarnação e possessão
surgiriam mais tarde em seus contos fantásticos, como será visto mais
adiante.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_896" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_897" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: arial;"><b><span style="font-size: small;"><span>O Fantástico e o Policial</span></span></b></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Antes
de mergulharmos na obra fantástica propriamente dita da tia Agatha, é
importante notar que o sobrenatural esteve fortemente presente em várias
de suas obras. Em seus livros policiais, a abordagem é geralmente,
fantástica – no sentido todoroviano do termo. Isso quer dizer que, no
geral, o leitor fica livre para decidir se o que foi narrado é
sobrenatural ou não. Em muitos casos, fica provado que o sobrenatural
era um embuste ou um mal-entendido, mas não vou entregar o ouro e
separar as duas situações. Quem estiver lendo que se divirta tentando
descobrir.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_887" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_886" style="font-size: small;">Eu
poderia citar vários livros que contém elementos fantásticos, mas
escolhi aqueles em que eles são especialmente importantes para a trama.
Outro critério foi que os livros em questão tenham particularidades
interessantes, como é o caso de E no Final a Morte.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_813" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_812" style="font-size: small;">O mais fantástico de todos os livros policiais da Dama, sem dúvida, é <i>O Misterioso Sr. Quin</i>.
Essa é uma coletânea de contos estrelando o Sr. Satterthwaite, um
homenzinho solteirão com rosto de gnomo, e o Sr. Harley Quin, que surge e
desaparece quase que literalmente do nada e “catalisa” as deduções do
Sr. Satterthwaite a respeito dos mistérios. Os contos têm em comum
amantes que estão separados por culpa de um crime ou de um mistério
não-resolvido, e é sugerido o tempo todo que o Sr. Quin é mais que um
tranqüilo cavalheiro moreno (se você ainda não percebeu o trocadilho no
nome do homem, merece um pedala-robinho bem dado). O fantástico permeia
todos os contos e o último não tem nada de policial. É um conto
fantástico e apenas isso. Já falei que Agatha Christie escreveu poesias
de
arlequim e colombina quando jovem. Nessas poesias, ambos eram presenças
fantásticas, mais que os personagens cômicos da <i>commedia dell’arte</i>. O último conto de <i>O Misterioso Sr. Quin</i>
é uma homenagem a essas poesias, onde os fatos da vida real e de uma
história de arlequim e colombina se entrelaçam de um jeito muito bonito.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">O sobrenatural volta à baila em <i>O Cavalo Amarelo</i>,
um dos livros policiais da Agatha Christie que estão em minha seleta
lista de livros dela obrigatórios a qualquer escritor que queira se
aventurar pelo romance policial de mistério.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_885" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_884" style="font-size: small;">Dessa vez, não há o lirismo, o romance e o clima fantástico do livro do Sr. Quin. <i>O Cavalo Amarelo</i>
é um livro aventuresco, onde um tranqüilo historiador tropeça sem
querer na pista de uma organização que diz ser capaz de matar por
telepatia, através de três solteironas que são bruxas, cada uma à sua
maneira. Bella é a típica bruxa de interior, que sacrifica galos brancos
e emite gemidos bestiais. Sybil é uma médium com todas as
características da recorrente médium charlatã já discutida
anteriormente. Thyrza Grey é uma estudiosa do oculto, racional e usuária
de aparelhos emissores de ondas eletromagnéticas.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_907" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_906" style="font-size: small;">As
reviravoltas do livro são muito boas. Só tomem cuidado ao pesquisar
sobre ele no Google: são abundantes as notícias a respeito dele ter
salvado a vida de pessoas, mas essas notícias invariavelmente soltam um <i>spoiler</i> que acaba com metade da graça da narrativa.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Interessante também é o romance <i>E no Final a Morte</i>.
Ele foi proposto à Agatha Christie por um amigo arqueólogo, que sugeriu
que ela escrevesse uma história policial passada no Egito Antigo. Ao
longo do livro, uma pessoa é assassinada e visões de seu fantasma
começam a preceder a morte de vários membros da família da protagonista.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_899" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_898" style="font-size: small;">Embora
a trama policial desse romance seja relativamente fraca, em comparação a
outros títulos da autora, ele ainda assim é uma excelente história. É
particularmente notável como tia Agatha criou um ambiente egípcio com
base nos dados fornecidos por seu amigo sem tornar a leitura pedante ou
chata. Não fica a sensação de “aula de história” ou de “personagens
explicando o mundo”, e muitos escritores têm a aprender com ela nesse
quesito. A forma como as mulheres são as personagens mais fortes e bem
desenvolvidas, mesmo estando clara a base machista da sociedade
mostrada, merece um estudo à parte.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_883" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_882" style="font-size: small;">Outro livro onde o fantástico mostra as caras mais de uma vez é a coletânea de contos <i>Os Treze Problemas</i>.
Nesse livro, o escritor Raymond West, hospedado na casa de sua tia
velhinha Jane Marple, propõe que cada um dos convidados do jantar conte
uma história misteriosa que tenha presenciado para testar os dotes
detetivísticos das pessoas. Mais de uma história toca em pontos
sobrenaturais, particularmente o conto sobre o Ídolo de Astarteia.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_901" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_900" style="font-size: small;">Diferentemente dos outros, <i>Os Trabalhos de Hércules</i>
não é, em absoluto, um livro fantástico. Incluo aqui por ele ser
atraente para a maioria dos fãs de Fantasia. Como o maior detetive da
Dama, Hercule Poirot, é homônimo do herói da Antiguidade, ele decide
aceitar apenas 12 casos antes de se aposentar. Esses casos precisariam,
necessariamente, guardar alguma semelhança com os trabalhos de Hércules
originais. É um dos melhores livros de contos de Agatha Christie e fica
aqui como dica de leitura.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: arial;"><b><span style="font-size: small;"><span>A obra de Fantasia de Agatha Christie</span></span></b></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Depois
desse passeio pelas influências de Agatha Christie e pelo fantástico em
sua obra policial, finalmente é hora de dissecarmos a obra fantástica
da Dama do Crime. Sim, ela existe.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_881" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Como
já foi dito antes, o fantástico puro na obra de Agatha Christie
aparece, geralmente, em contos escritos em sua juventude, antes de se
tornar uma autora policial. Duas coletâneas reúnem praticamente tudo o
que foi produzido por ela nesse quesito: <i>A Mina de Ouro, Três Ratos Cegos e Outras Histórias </i>e <i>Enquanto Houver Luz</i>.
Ocasionalmente, algum outro conto pode ser encontrado, solto em
coletâneas diversas. Vou falar desses três livros detalhadamente, agora.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_911" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_910" style="font-size: small;">Começarei pelo segundo deles. Embora tenha sido lançado no Brasil muitos anos depois, <i>Enquanto Houver Luz</i>
é uma coletânea de contos da Agatha Christie que foram publicados fora
de livros, geralmente em revistas. A coletânea contém contos publicados
nos anos de 20 e 30, juntamente com a história dos mesmos e algumas
curiosidades. Esse livro contém a versão revisada do primeiro conto que
tia Agatha escreveu e considerou “promissor”, e era um conto fantástico.
</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_913" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_912" style="font-size: small;">Esse primeiro conto abre a coletânea e chama-se <i>A Casa dos Sonhos</i>.
Conta a história de um homem “parecido com um fauno”, que sonha com
aventuras e outras terras, mas se vê preso em uma vida burocrática e
mais lucrativa. Ele tem sonhos recorrentes com uma bela casa, que parece
conter tudo o que há de belo e de bom, mas onde ele não pode entrar. A
história conta sobre como ele se apaixona pela etérea Allegra, e como
sua vida muda radicalmente desde então. Esse conto é a segunda versão de
<i>A Casa da Beleza</i>, descrito pela própria Dama como muito
mais sombrio e confuso. De fato, a maior parte dos contos fantásticos
de Agatha Christie parecem ser sombrios e tensos psicologicamente.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Na linha do fantástico, embora o foco seja o romance, está <i>O Deus Solitário</i>.
É uma história muito simpática e muito sentimental, como a própria
Agatha descreve, sobre um pequeno ídolo de pedra, perdido no Museu
Britânico, e seus dois únicos seguidores.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Ligeiramente fantástico e altamente simbólico é <i>Paredes que Atormentam</i>,
um conto sobre um triângulo amoroso bem construído e instigante. O
elemento fantástico está contido em um quadro que, embora não tenha as
características vampíricas do retrato oval de Poe, parece ter algo mais
que as obras de arte, no geral.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_880" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_879" style="font-size: small;">Fechando a coletânea, há o conto que dá título a ela, <i>Enquanto Houver Luz.</i>
O fantástico está em uma premonição que a protagonista tem, e mais uma
vez somos apresentados a um triângulo amoroso. É um conto amargo e algo
irônico, com o clima pesado da maior parte dos contos fantásticos de
Agatha Christie.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span><i>A Mina de Ouro</i> e<i> Três Ratos Cegos e Outras Histórias </i>são
coletâneas de contos da Dama, e duas faces de uma moeda. Nessas
coletâneas se encontram os contos de uma coletânea que só existe em
inglês: <i>The Hound oh Death and Other Stories</i>. Metade se encontra em um livro, e metade em outro. Com a exceção de <i>A testemunha da acusação</i>
(que mais tarde, daria origem a uma peça de teatro e a um romance com
esse nome), os contos dessa coletânea são todos fantásticos, ora
pendendo à fantasia, ora recebendo explicações naturais e afastando o
sobrenatural (quase) todo. Nunca dá para saber, logo de cara, que
caminho a Dama vai tomar – e só os incautos confiam cegamente
nela, que sabia usar clichês a seu favor como poucos.</span></span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Esse
livro foi publicado em 1933. Como dito antes, é nas décadas de 1920 e
1930 que se concentram a maior parte das histórias fantásticas da Dama.
Alguns contos desse livro são mencionados, na Autobiografia, como tendo
estado entre os primeiros escritos por ela.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_914" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Em <i>A Mina de Ouro</i>, estão alguns contos selecionados da coletânea <i>The Listerdale Mystery</i>, de contos românticos de mistério e, mais para a metade, alguns dos melhores contos de <i>The Hound of Death</i>.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_917" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_916" style="font-size: small;">O primeiro deles, <i id="yui_3_15_0_1_1543441907704_915">O Cão da Morte</i>,
é uma história sobre uma enfermeira, que sonha com os Signos e a Cidade
dos Círculos (qualquer coincidência com Atlântida é mera coincidência.
Ou não.), e é estudada por um médico com um interesse um tanto quanto
exageradamente fervoroso. Foi um dos contos da tia Agatha que mais mexeu
com minha imaginação: fiquei meses brincando com a idéia dos signos na
minha cabeça.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span><i>A Cigana</i> recria uma velha lenda da charneca nos tempos modernos, contando um caso de premonição e sugere um caso de reencarnação.</span></span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span><i>O Lampião</i>
é uma história que me dava um misto de arrepio e comoção quando eu era
menor. É uma história de fantasmas, triste, clichê, mas que sempre me
toca.</span></span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_920" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_919" style="font-size: small;">Temos <i id="yui_3_15_0_1_1543441907704_918">O Estranho Caso de Sir Andrew Carmichael</i>,
em que um ilustre psicólogo vai tentar descobrir qual doença mental
aflige o jovem nobre. É uma história de fantasmas com uma atmosfera
sinistra bem construída. Bom, pelo menos, achei bem sinistra quando li
pela primeira vez, e ela ainda me faz olhar por cima do ombro quando
leio.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_878" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_877" style="font-size: small;">Mais um dos primeiros contos de tia Agatha surge nesse livro: <i>O Chamado das Asas</i>
é a história de um milionário materialista e feliz, mas que tem sua
felicidade abalada pela música tocada pela flauta de um mendigo sem
pernas.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Os outros oito contos de <i>The Hound of Death</i> (sim, são treze, tia Agatha gostava desse número) estão em <i>Os Três Ratos Cegos e outras histórias</i> (aliás, o conto <i>Os Três Ratos Cegos</i> é baseado na trama de A Ratoeira).</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span><i>O Sinal Vermelho</i>
é um conto sobre um jovem que tem a premonição do perigo, e de como
isso o salvou várias vezes. Como sempre, temos uma sessão espírita, e a
médium exótica com um toque tolo/charlatão surge de novo. Mas ela é
ligeiramente diferente das outras, um tanto mais autêntica e menos
antipática que o de costume.</span></span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Em <i>O Quarto Homem</i>,
três intelectuais discutem, em um trem, o estranho caso de múltiplas
personalidades da jovem camponesa francesa Felicie. Um quarto homem,
desconhecido para os três, intervém e conta a história de Annette Ravel,
e de como essa história explica e complementa a de Felicie.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">A trama de <i>O Rádio</i>
mostra uma velhota solteirona que começa a ouvir a voz de seu falecido
marido no meio de seus programas de rádio preferidos, dizendo que logo
irá buscá-la. O fim desse conto é um dos mais deliciosamente cruéis que
Agatha Christie pôde imaginar.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_923" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_922" style="font-size: small;">Como já foi dito, o conto <i id="yui_3_15_0_1_1543441907704_921">A Testemunha da Acusação</i>
não tem nada de fantástico. Recomendo fortemente que a pessoa leia
primeiro o romance (adaptado da peça de teatro, que foi adaptada do
conto), para não estragar o prazer da leitura: ele tem realmente uma
reviravolta de mestre.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span><i>O Mistério do Vaso Azul</i>
é sobre um prosaico homem que começa a ouvir um grito de “socorro –
assassinato – socorro” todos os dias, à mesma hora, em seu campo de
golfe. O curioso é que ninguém mais ouve o grito. Ele se alia a um
“médico da alma” para tentar descobrir a verdade por trás disso.</span></span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_876" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_875" style="font-size: small;">O tema espiritismo está de volta (de novo) em <i>A Última Sessão</i>.
Dessa vez, não há médiuns exóticas e extravagantes. A médium em questão
é uma moça bondosa e honesta, que se debilita a cada sessão e deseja
ardentemente parar com elas. Seu noivo organiza aquela que será sua
última sessão, uma materialização da filhinha desencarnada de Madame
Exe, mas há uma atmosfera de perigo envolvendo a todos.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Em <i>S.O.S.</i>,
temos Mortimer Cleveland, um estudioso da mente e do oculto que atola o
carro em uma noite chuvosa e termina em um chalé isolado, ocupado por
uma família. A tensão do ambiente é percebida pelo seu sexto sentido
aguçado e, mais tarde, ele percebe um S.O.S. escrito na poeira do
batente de seu quarto.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">De maneira geral, <i>The Hound of Death and Other Stories</i>
possui momentos brilhantes e momentos apagados, contos bons e contos
medianos. A coletânea foi recebida com torcer de narizes pela crítica,
por serem “histórias de fantasmas, com pouco ou nada de policial”. Esse
pode ter sido o motivo que levou as editoras americanas a dividirem a
coletânea, buscando “diluir” os contos de fantasmas em contos policiais
mais tradicionais (<i>A Mina de Ouro</i> e<i> Três Ratos Cegos e Outras Histórias </i>são traduções das coletâneas americanas correspondentes).</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Se,
por um lado, é fato que alguns dos contos são de uma Agatha Christie
ainda não totalmente amadurecida como escritora, por outro, a qualidade
deles não fica abaixo de outros contos policiais do mesmo período. E
compreensível que alguns deles (particularmente os que têm uma solução
inegavelmente sobrenatural) decepcionem aqueles que procuram crimes e
detetives, mas são contos bons de mistério/terror/sobrenatural. Como já
comentei, a habilidade de Agatha Christie em brincar com clichês para
surpreender seu leitor já está presente mesmo em seus contos mais
antigos.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Terminado esse pequeno <i>tour</i> pela obra fantástica da Dama, seja em suas breves aparições nos livros policiais, seja em carreira solo, o que fica para nós?</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Como
comentei no início, minha intenção era ser apenas uma guia turística,
mostrando uma parte menos conhecida, mas não menos interessante, de uma
bela cidade. Espero que, depois disso, cada um possa fazer seu próprio
“roteiro de viagem” pela obra de Agatha Christie e, quem sabe, se
divirta contando o número de aparições de personagens recorrentes e de
sessões espíritas na obra não-fantástica dela.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_872" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_871" style="font-size: small;">A
grande questão que pode surgir é: com uma pequena mudança de
circunstâncias, tia Agatha teria seguido com suas histórias de fantasia
e, talvez, feito romances com elas? Se ela tivesse feito isso, teria se
tornado tão famosa como se tornou no gênero policial?</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_874" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_873" style="font-size: small;">São
questões de difícil resposta. A obra policial de Agatha Christie tem um
selo próprio e inconfundível de estilo. Já sua obra fantástica,
conforme ela confessa em sua autobiografia, frequentemente emulava o
autor que ela estava lendo no momento da escrita. Mas é preciso levar em
conta que ela era uma escritora muito imaginativa e gostava de
experimentar coisas novas e mudar de ares. Talvez – e isso é apenas uma
especulação ociosa de fã – sua obra fantástica tivesse amadurecido, se
não fosse ofuscada pela obra policial (o gênero policial dava muito mais
retorno no começo do século XX). Aliás, é bom notar que mesmos os
contos policiais do início da carreira da Dama estão aquém do que
estariam alguns anos mais tarde.</span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_935" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_936" style="font-size: small;">Especulações,
especulações... O fato concreto que temos é que Agatha Christie se
achou no gênero policial. Desde a publicação de O Misterioso Caso de
Styles, em 1920, ela influencia leitores e mais leitores, em várias
línguas. Foram 4 bilhões de livros vendidos, o que é quase um planeta
inteiro de pessoas que leram Agatha Christie, quer tenham gostado, quer
não. </span></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><div class="ygrps-yiv-539342471MsoNormal" id="yui_3_15_0_1_1543441907704_924" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: arial;"><span id="yui_3_15_0_1_1543441907704_925" style="font-size: small;">Nada
mal para uma jovem tímida que escrevia contos paranormais por
distração, e foi recusada ao longo de anos por revistas literárias.</span></span></div>
Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-88080934343932741582018-09-04T08:53:00.000-07:002018-09-04T08:53:48.313-07:00RIP Museu NacionalAinda estou tão chateada com o incêndio do nosso Museu Nacional. É nosso incêndio de Alexandria particular. :(<br />
O discurso do Alexandre é só meu meio particular de lidar com isso. :(<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjnLqX_J9SCOmp6zBM_nXVdRh_K6ObjNHdam1dnODo_f79LqKtbQAMyG7-U3sZv6FyAhmo6PaSx-g3h3VkOttJcHJdyoqzW7EMIN_6k_zYqHawBy8kCdNCwk4qZvxlO80vV43z-pi96No/s1600/museum+page+1+PT.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjnLqX_J9SCOmp6zBM_nXVdRh_K6ObjNHdam1dnODo_f79LqKtbQAMyG7-U3sZv6FyAhmo6PaSx-g3h3VkOttJcHJdyoqzW7EMIN_6k_zYqHawBy8kCdNCwk4qZvxlO80vV43z-pi96No/s640/museum+page+1+PT.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9o7t6yoyZaDiPxXjl-OyF_-AiCpURnbSVEBDXi_BNbIQiUxUghZLj3IQ_yyBiiPej3pCXI_2zrQPQTRXbDO9k5z3bql8Vi7rSapCuKjyXzHcaDP2PpNPmQJJ7k_UZN3BaDeyI-Dwuirw/s1600/museum+page+2+pt.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9o7t6yoyZaDiPxXjl-OyF_-AiCpURnbSVEBDXi_BNbIQiUxUghZLj3IQ_yyBiiPej3pCXI_2zrQPQTRXbDO9k5z3bql8Vi7rSapCuKjyXzHcaDP2PpNPmQJJ7k_UZN3BaDeyI-Dwuirw/s640/museum+page+2+pt.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-72535480003130983072018-06-07T17:22:00.000-07:002018-06-07T17:23:37.639-07:00Cristina é 70% ódio da humanidade, 25% niilismo autodestrutivo e 5% sentimentos reprimidos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
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<br />
Adivinha quem estava fazendo uma revisão definitiva no Conservatório?<br />
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Fiz umas artes conceituais em inglês pros gringos conhecerem a Cristina e o Diego. Aproveitem:<br />
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Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-47446931045598746732017-06-22T11:14:00.000-07:002018-06-13T17:46:05.058-07:00Motivo e Oportunidade: um estudo de caso dos modelos cognitivos ideais em um conto de Agatha Christie<i>Apresentado para a Disciplina de Referenciais de Pesquisa, do Programa de Mestrado em Educação da FAE-UFMG, em outubro de 2013.</i><br />
<br />
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<br />
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">1 – Introdução</b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Uma de minhas escritoras
favoritas é a inglesa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dame</i> Agatha
Christie. Muitas horas de minha vida foram gastas lendo seus oitenta romances,
e através dela, conheci e passei a admirar o gênero literário conhecido como
“literatura policial”. Diferentemente de outros gêneros, há um nível de imersão
tão grande em alguns desses livros, que eles ficam na fronteira entre o livro e
o jogo. Compreender o que há de tão especial nos romances policiais sempre foi
uma de minhas paixões literárias, e acredito que os estudos realizados por
vários pesquisadores a respeito de como nossa mente categoriza seja uma forma
de alcançar essa compreensão.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Antes de mais nada, é preciso
apresentar o gênero policial àqueles que têm pouco ou nenhum contato com ele. A
literatura policial é um gênero difícil de definir. Suas histórias, de maneira
geral, apresentam um crime e um investigador que irá procurar solucionar os problemas
gerados por esse crime. Em alguns livros, o “problema” é resolver o mistério da
identidade do criminoso (ou de como ele pôde cometer tal crime). Em outros, não
há mistério, mas uma trama criminosa que deve ser impedida pelo investigador em
um clima de constante suspense.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Vou me ater, daqui por diante,
ao primeiro tipo acima: o romance policial em que há um mistério a ser
desvendado. Esse subgênero pode ser chamado de “romance policial inglês
clássico” ou “romance de enigma” (ao qual pertencem Agatha Christie e Conan
Doyle), e teve seu ápice na Inglaterra, durante o período entre-guerras.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Tzvetan Todorov (2006), em seu
livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Estruturas Narrativas</i>, tem
um capítulo dedicado à “Tipologia do Romance Policial”. Nele, há essa
constatação, ligeiramente mal-humorada, sobre o gênero:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">“A obra-prima habitual não entra em nenhum gênero senão o seu próprio;
mas a obra-prima da literatura de massa é precisamente o livro que melhor se
inscreve no seu gênero. O romance policial tem suas normas; fazer ‘melhor’ do que
elas pedem é ao mesmo tempo fazer ‘pior’: quem quer ‘embelezar’ o romance
policial faz ‘literatura’, não romance policial.”</i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Com todo o respeito que tenho a
Todorov (e tenho muito respeito pelos livros dele que já li), sou obrigada a
discordar firmemente dessa afirmativa, especialmente no tocante ao subgênero
“romance de enigma”. Após anos lendo livros policiais, percebi que o bom
romance policial, é justamente a história subversiva; aquela que, estando
consciente de suas normas, de alguma forma, quebra-as deliberadamente para
surpreender o leitor. Sem algum tipo de subversão, não há surpresa.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Não que eu acredite que o
respeitável teórico acima tenha toda a culpa por fazer essa afirmativa: ele
baseou muito de sua tipologia no que disseram os “teóricos do gênero”, especialmente
os membros do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Detection Club </i>da
Inglaterra, um clube de autores policiais famosos, dedicados a estudar e
“proteger” o gênero policial. Esses teóricos são os principais responsáveis por
essa visão de que o único romance policial que possa ser considerado “bom” é o
que segue à risca todas as “regras” silenciosas desse gênero. Um dos presidentes
do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Detection Club</i>, Van Dine, chegou
mesmo a escrever e publicar uma série de regras que, segundo eles, jamais
deveriam ser quebradas em um bom policial. Isso não impediu que todos os bons
romances do período entre-guerras tenham subvertido ao menos uma delas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
A razão pela qual trago essa
discussão de gênero literário para um trabalho sobre categorização por modelos
cognitivos ideais, ou ICMs, (isso é, os pressupostos por trás de como fazemos
uma categorização) é que acredito que são poucos os gêneros literários onde
ICMs podem ser vistos em ação com toda a clareza. Mais que isso: enquanto bons
escritores de outros gêneros podem fazer boa ficção com um conhecimento apenas
intuitivo dos pressupostos de seu gênero, um escritor de romance policial
necessariamente tem que conhecer algo dos modelos mentais formados por seus
leitores, caso queira manter o mistério da história até o fim.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Em outras palavras, creio que o
romance policial é um jogo cognitivo entre o autor e o leitor, em que um tenta
deduzir e se adiantar às estruturas narrativas que crê que o outro está
utilizando. E, dentre todos os autores policiais que conheci, poucos jogaram
esse jogo tão bem quanto Agatha Christie. Essa é a razão pela qual escolhi um
de seus contos, “O Móvel do Crime” (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Motive
versus Opportunity</i>), como estudo de caso da aplicação de ICMs.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Antes de passarmos para essa
parte, permitam-me uma breve explicação a respeito do que são ICMs.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<a name='more'></a><br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">2 – Sobre categorias
e ICMs</b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Dividir coisas em categorias
parece ser algo tão simples e natural que dificilmente paramos para pensar a
respeito. Ainda assim, categorizar (iremos usar “conceituar” com o mesmo
significado aqui para frente) é essencial em nossa vida, uma vez que nossa
linguagem está basicamente atrelada a nossa capacidade de organizar.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Vygotsky, em seu Pensamento e
Linguagem, lida um pouco com essa relação. Segundo esse pensador com baixa
porcentagem de vogais no nome, a formação de conceitos ocorre quando a criança
é capaz de perceber que certos objetos fazem parte de um conjunto com
características semelhantes. Isso não é um processo simples, onde a pessoa
simplesmente associa uma palavra a um estímulo e pronto, como se nossa mente
fosse um poodle amestrado. É uma série complexa de operações, que visa a
obtenção de um objetivo, e é preciso de anos de contato social intenso para que
uma criança apreenda de maneira correta as categorias que irá usar em sua
linguagem.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Em seu trabalho, Vygotsky
comenta que, antes de serem capazes de formarem conceitos da forma acima
descrita, o que seria algo que a mente humana só começaria a fazer na
puberdade, as crianças formariam “complexos”, que seriam formas imperfeitas de
conceituação. Os complexos teriam algo de subjetivo em sua formação, e nem
sempre as crianças usariam critérios fixos e conscientemente exprimíveis para
criá-los. Por exemplo, digamos que um adulto entregue um triângulo amarelo para
uma criança e pede a ela que separe, de um conjunto de formas geométricas
coloridas, outras que sejam semelhantes ao triângulo, para formar com ele um
grupo. Uma pessoa capaz de conceituar, no entendimento de Vygotsky, separará
outros triângulos, ou talvez outras peças amarelas. A pessoa poderá mesmo separar
outros triângulos amarelos, e isso ainda será operar com conceitos. Porém,
algumas crianças poderão realizar a seguinte operação: comparando o triângulo
amarelo com as outras formas, poderão separar um triângulo azul para fazer
parte do grupo. Então, poderão escolher um quadrado azul logo em seguida e,
depois, um trapézio vermelho (por possuir quatro lados, como o quadrado). No
fim, ela terá um conjunto de formas bem diferentes entre si, cuja lógica de
formação não poderia ser deduzida por alguém que não fosse a criança. A isso,
Vygotsky chamou “complexo em cadeia”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Antes de rirmos das crianças e
suas tolices ao fazer conjuntos, vamos pegar o conceito (ou categoria) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">alegre</i>. O que há em comum entre uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pessoa</i> alegre, uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">melodia</i> alegre e um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">acorde</i>
alegre? Uma pessoa alegre é alguém que experimenta o sentimento de alegria. Uma
melodia, sendo uma... bom, uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">coisa,</i>
certamente não tem sentimentos próprios. Logo, melodia alegre não é o mesmo que
pessoa alegre. Uma melodia alegre é aquela que causa o sentimento de alegria em
alguém. Um acorde em si não causa alegria ou tristeza, como uma letra do
alfabeto em si não causa alegria ou tristeza. Mas melodias alegres geralmente
têm a presença de certos acordes (geralmente acordes maiores), que podem acabar
ganhando o adjetivo de alegres.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;">
</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi34o0ftBRpZX0dXNr7T3oDGJ29YRN-jCyZaYIsaJ3TCvDNgsNUQReULDYWst3LlfU8rMVcDO2XsRukGohSOFsI7owN02VkQfPFka2HCinNpcGhyphenhyphenjGb_p60JRkWl5bCysFVCVKovwY0pew/s1600/imagem1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="76" data-original-width="715" height="42" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi34o0ftBRpZX0dXNr7T3oDGJ29YRN-jCyZaYIsaJ3TCvDNgsNUQReULDYWst3LlfU8rMVcDO2XsRukGohSOFsI7owN02VkQfPFka2HCinNpcGhyphenhyphenjGb_p60JRkWl5bCysFVCVKovwY0pew/s400/imagem1.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Figura 1: Diagrama demonstrando a relação em cadeia na
categoria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">alegre</i>. Note-se que “acorde
alegre” não se relaciona diretamente com “pessoa alegre”, pois o acorde não é o
que causa a alegria na pessoa. Primeiro, ele precisa se relacionar com “melodia
alegre”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Outro exemplo de complexo que
temos é a categoria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">brincadeira</i>. Ao
longo desse texto, temo ter escrito frases, como aquela em que chamo Vygotsky
de “pensador com baixa porcentagem de vogais no nome”, que irão fazer com que
os leitores duvidem de minha seriedade acadêmica, ainda que sejam estritamente
verdadeiras no contexto científico (o nome Vygotsky possui apenas 12,5% de
vogais). Essas frases ditas por mim podem ser classificadas como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">brincadeiras</i>. Uma pessoa que conte uma
mentira (“Esse trabalho tem cem páginas!”) e logo depois esclareça a mentira
(“Te peguei!”) apenas para causar confusão no interlocutor está fazendo uma
brincadeira. Uma criança que fique por mais de uma hora quicando uma bola no
chão também está envolvida em uma brincadeira. Entretanto, qual critério
objetivo está sendo empregado para colocar essas três ações tão distintas – uma
verdade inusitada, uma mentira perceptível e um ato repetitivo – em uma mesma
categoria? Brincadeira não seria uma categoria formada por critérios subjetivos
e culturais, que em nada lembra os “conceitos verdadeiros” de Vygotsky,
parecendo-se mais com complexos?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Eu poderia gastar as próximas
vinte páginas citando exemplos de complexos que são utilizados na comunicação
do dia-a-dia, até convencer o leitor por puro cansaço de que tais complexos não
são uma exceção em nossa vida, um mero resquício de conceituação imperfeita,
mas uma das formas básicas que nossa espécie tem de categorizar. Com isso, não
digo que Vygotsky está errado ao dizer que “conceituamos corretamente” e
conscientemente apenas após determinada idade, apenas que a ideia de “conceito”
vigente na época dele era um tanto limitada, levando em conta como seres
humanos realmente conceituam. Ela levava em conta apenas um tipo específico de conceituação.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Na época de Vygotsky, um
conceito (ou categoria) era um conjunto de objetos com propriedades em comum.
Essas propriedades devem ser propriedades intrínsecas dos objetos. Elas não
poderiam depender de quem está categorizando, caso contrário, cada pessoa
formaria seus próprios conceitos e a comunicação seria impossível. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Essa teoria clássica vigorou por
muito tempo até que a natureza das categorias começou a ser discutida. George
Lakoff, em seu livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Women, Fire and
Dangerous Things</i>, faz um panorama dos trabalhos que, ao longo do século XX,
levaram diversos pesquisadores a repensar o que é uma categoria, e como ela é
formada. O caso do conceito de “alegre” logo acima já é um exemplo de conceito
onde os membros da categoria não têm necessariamente propriedades em comum, mas
se unem através de uma cadeia de regras. E sobre as propriedades dos objetos
não dependerem de quem categoriza?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Para explicar meu ponto,
precisarei apresentar o leitor à Grande Raça de Yith. É um povo ficcional de
seres inteligentes, criados pelo escritor H. P. Lovecraft no livro A Sombra que
veio do Tempo (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">The Shadow out of Time</i>).
Eles teriam vivido na Terra muito antes dos ancestrais dos seres humanos serem
mais do que pequenos mamíferos e seriam altamente inteligentes. Um yithiano é
descrito como possuindo um corpo cônico. Do topo do cone, saem quatro longos
tubos, dois com garras na ponta, um contendo uma cabeça onde estão os olhos da
criatura, algumas antenas e uma série de tentáculos, e o quarto tubo terminando
em tubos menores, em forma de canudos, que são as bocas da criatura. Na base do
cone, há um músculo que contrai e relaxa, para que o ser possa se deslocar.
Eles se comunicam com estalos de suas garras e têm um tempo médio de vida de
5000 anos.</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;">
</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpNHsgRGathGIszPwF_9wtNfCqwP7trYBxm5uNTO-J3wP9FcqV8vC06pe4FhMADKajNJYQ3QD1z2GXZZdD42UZHwMxVoJmw6z9-mT3RAK_ywspVpsaD_UX1774XKWpYkF-034dd9fHlPQ/s1600/imagem+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1031" data-original-width="774" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpNHsgRGathGIszPwF_9wtNfCqwP7trYBxm5uNTO-J3wP9FcqV8vC06pe4FhMADKajNJYQ3QD1z2GXZZdD42UZHwMxVoJmw6z9-mT3RAK_ywspVpsaD_UX1774XKWpYkF-034dd9fHlPQ/s320/imagem+2.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Figura 2: Representação artística de um yithiano.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Imaginemos agora que uma
anomalia cósmica, tão comum nos trabalhos ficcionais de Lovecraft, fosse
responsável por transportar um yithiano para éons no futuro, bem no meio de uma
cidade humana deserta. Ele não é um grande estudioso de sua raça, logo, nunca
viu, nem ouviu falar de humanos. À sua volta, tem apenas ruínas de uma cidade e
vários objetos espalhados pelo chão. Digamos que nosso pobre viajante no tempo,
que acredita pertencer à única raça inteligente que existiu e existirá na
Terra, encontre no chão uma camisa de malha, uma calça jeans, uma meia de
poliéster e uma luva de lã. A grande pergunta é: ele será capaz de dizer que
todos esses objetos que ele nunca viu podem ser reunidos em uma mesma categoria,
a de “peças de vestuário”?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Além disso, yithianos possuem
sentidos que os seres humanos não possuem. Digamos que sejam capazes de
enxergar radiações infravermelhas e ultravioletas. Enxergariam eles o mundo com
as mesmas cores que somos capazes de ver? A categoria “frutas vermelhas” faria
algum sentido para eles? Uma vez que as bocas desses seres ficam separadas da
cabeça, seriam capazes de fazer uma categoria que incluísse “olhos” e “boca”?
Uma vez que se comunicam com sons feitos por suas garras, haveria alguma chance
de eles terem uma categoria que incluísse “boca” e “palavras”?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Parece bastante óbvio para nós
que nosso viajante do tempo não formaria essas categorias por conta própria. A
menos que ele pudesse ter contato com humanos e aprender a se comunicar
conosco, o yithiano categorizaria o mundo de acordo com sua cultura e sua
experiência corporal. Entretanto, por mais óbvio que isso possa parecer agora,
essa dedução contraria a teoria clássica das categorias. De acordo com ela, desde
que tivesse tempo o bastante, o yithiano categorizaria os objetos que encontrou
na cidade abandonada da mesma maneira que um humano faria, porque o simples
fato de não haver humanos por perto não mudaria as características que os
objetos têm em comum.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Esse tipo de contradição levou
vários pesquisadores a reformularem a forma como veem as categorias. Após
vários trabalhos, foi constatado que categorias nem sempre possuem “limites”
fixos (exatamente em que ponto uma pessoa deixa de ser considerada
“baixinha”?), e que algumas categorias possuem “protótipos”, isso é, aquilo que
pode ser considerado o melhor exemplo da categoria – os objetos que se
assemelharem mais ao protótipo pertencerão “mais” à categoria (por exemplo, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">verde-bandeira</i> é um bom exemplo de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">verde</i>, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">verde-piscina</i>, nem tanto, já que algumas pessoas o chamam também de
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">azul</i>-piscina). Outra coisa importante
é que categorizamos de acordo com nossa experiência corporal e cultural. Muitas
categorias que usamos simplesmente não têm razão de ser fora de nossa cultura e
de nossa lógica de como nosso corpo humano funciona. Isso não quer dizer que é
impossível para nós nos comunicarmos com pessoas de culturas diferentes (ou com
yithianos), é só que há uma dificuldade a mais para ser transposta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Outra coisa interessante é que
parece haver, na escala de um conceito mais geral para um mais específico, um
nível básico, onde é mais fácil conceituar. Esse nível não é o mais específico,
nem o mais geral, mas um que fique em algum lugar entre os dois. Por exemplo,
tomemos o cão doméstico: vamos dizer, para fins de simplificação, que a
categoria mais específica à qual ele faz parte é sua raça, e a mais geral é a
de “animal”. Uma criança não aprende primeiro a diferenciar cães pela raça, ou
pelo fato de que eles são animais (colocando-o na mesma categoria que gatos ou
pássaros). Ela o identifica por seu gênero, “cão” (ou “au-au”, na linguagem dos
bebês). O mesmo aconteceria para diversas outras categorias. Isso abre uma
questão importante sobre estudos de categorização em crianças: normalmente, os
cientistas concluem que elas ainda não categorizam corretamente porque exigem
delas que lidem com níveis não-básicos de conceitos (digamos, que possam formar
um grupo apenas de animais e apenas de plantas). Acontece que o nível básico é
tão básico e tão natural, que é como se usá-lo não exigisse esforço nenhum da
mente. Quer dizer, a princípio, não parece digno de nota que uma criança possa
diferenciar cachorros de gatos, mas esse é um esforço de imaginação tão digno
quanto diferenciar um poodle de um bichon frisé.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh93L7h-zkRzn_dGXfMr_6lt6PpopoONLTyDH4Pw1Mkz2iI8zXBdkky5KPn7wOCg6ridk6OSeFSLLyjdvdm_Q1U9z_WFPpnteb_Qtda32f20i_R16-sTzB0vLz-kXdMn3xNffADkO5oe1g/s1600/imagem4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="473" data-original-width="631" height="148" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdFt2yf8TNIapgdh3eUNfHFQBC8vMg-RURE2Q12UkZ3605_tIN9wD78sCBUrmA-FtAqpxmj9fePpGXWzhsoMV0B2D-C1PP4Uy2A3mJHmNjE7_ZRcCKzVhj5G9-te0f-k0OHBfm13MhW_c/s200/imagem3.jpg" width="200" /> <img border="0" data-original-height="194" data-original-width="259" height="148" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh93L7h-zkRzn_dGXfMr_6lt6PpopoONLTyDH4Pw1Mkz2iI8zXBdkky5KPn7wOCg6ridk6OSeFSLLyjdvdm_Q1U9z_WFPpnteb_Qtda32f20i_R16-sTzB0vLz-kXdMn3xNffADkO5oe1g/s200/imagem4.jpg" width="200" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Figura 3: Diferenciar
um poodle de um bichon frisé não é tão fácil quanto parece. A propósito, o
poodle é o da esquerda.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Lakoff tem sua própria teoria a
respeito de como categorias são formadas, e ela será muito interessante na
discussão a que nos propomos a respeito do romance policial. Ele acredita que categorizamos
utilizando-nos daquilo que ele chama de ICMs (modelos cognitivos ideais). ICMs
são estruturas especiais de pensamento. Lakoff explica os ICMs por exemplos.
Seu primeiro é o da categoria “terça-feira”. Essa é uma categoria que só faz
sentido se, em sua mente, você estrutura a passagem do tempo em ciclos de
claro/escuro chamados “dias”, e agrupa os dias em uma estrutura de sete,
chamada “semana”. Sem isso, “terça-feira” não tem nenhum significado. O modelo
de semana é uma idealização humana, já que, a rigor, não há nada na natureza
que nos obrigue a dividir os dias dessa forma (como os calendários bem
diferentes de outras civilizações provam).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Em outras palavras, para Lakoff,
nós caracterizamos com base em uma série de pressupostos (que, por si próprios,
são categorias). A teoria dos ICMs propõe que categorias se entrelaçam, se
relacionam e se superpõe, de forma a moldar os pressupostos que nos guiarão na
criação de novas categorias. Mais ainda: podemos usar ICMs diferentes para
lidarmos com a mesma situação, como quando tomamos o remédio contra a gripe que
nos foi prescrito, mas não esquecemos de tomar o chazinho de ervas de nossa
avó. Nosso conjunto de conceitos científicos nos leva a categorizar o
comprimido como um meio de cura. Nosso conjunto de conceitos populares,
adquiridos na infância, nos leva a colocar o chá da avó na mesma categoria.
Entretanto, um ICM não invalida o outro. Um ICM nem sequer possui a “obrigação”
de corresponder fielmente à realidade do mundo, e é aí que surgem os protótipos
em uma categoria.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Vou pegar emprestado o exemplo
de Lakoff, com algumas ligeiras adaptações para a língua portuguesa. Na nossa
sociedade, “solteirão” é uma categoria que abarca homens de certa idade que
nunca se casaram, e tem um ligeiro tom de ofensa, ou depreciação. O pressuposto
(ou ICM) por trás dessa categoria é que, na sociedade brasileira, homens e mulheres
se casam enquanto estão jovens, e que esse é o comportamento socialmente
aceitável. Entretanto, como esse modelo acomoda padres, homossexuais, casais
“amigados” e um muçulmano que tem apenas uma esposa, quando poderia ter três? A
verdade é que acomodará com variados graus de dificuldade, e é por essa razão
que o homem acima de quarenta anos, heterossexual, não-celibatário e não casado,
será o exemplo máximo da categoria “solteirão”, enquanto um homem assumidamente
homossexual na mesma situação será um exemplo ligeiramente menos adequado, aos
olhos da população em geral.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Basicamente, estudar ICMs é
destrinchar os pressupostos que governam a sociedade e a comunicação humana. O
que nos leva novamente à nossa proposta de utilizá-los para estudar o romance
policial de enigma, exemplificado por Agatha Christie.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">3 – A elaboração do
ICM do romance de enigma</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Para começarmos nosso estudo do
conto de Agatha Christie, primeiramente, temos que definir qual é o modelo de
pressupostos que permeiam o gênero policial. Como já foi citado anteriormente,
o escritor S. S. Van Dine publicou, em 1928, vinte regras que, em teoria,
formariam o protótipo de um romance policial de enigma. Todorov (2006) resumiu
as regras em oito, que reproduzirei abaixo:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
“1. O romance deve ter no máximo
um detetive e um culpado, e no mínimo uma vítima (um cadáver).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
2. O culpado não deve ser um
criminoso profissional; não deve ser o detetive; deve matar por razões
pessoais. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
3. O amor não tem lugar no
romance policial. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
4. O culpado deve gozar de certa
importância: </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 63.8pt;">
a) na vida: não ser um empregado
ou uma camareira; </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 63.8pt;">
b) no livro: ser uma das
personagens principais. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
5. Tudo deve explicar-se de modo
racional; o fantástico não é admitido. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
6. Não há lugar para descrições
nem para análises psicológicas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
7. É preciso conformar-se à
seguinte homologia, quanto às informações sobre a história: “autor: leitor =
culpado: detetive”. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
8. É preciso evitar as situações
e as soluções banais (Van Dine enumera dez delas).”</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Essas regras, como fica
implícito pelo ponto 7 de Todorov,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se
destinam a fazer do romance policial um “jogo justo”, de forma que seja
possível, desde que o leitor faça um esforço intelectual suficiente, a
antecipação da revelação final. O autor deve fazer esforços para evitar o
sucesso do leitor, mas sem “trapacear”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Sendo assim, podemos criar o ICM
do romance policial de enigma como composto dos seguintes pressupostos,
assumidos pelos leitores quando leem o gênero:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
1. Há um mistério a ser
resolvido, os fatos da história não são meramente fortuitos ou acidentais.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
2. Os fatos apresentados pelo
autor são necessariamente verdadeiros e completos em cada detalhe essencial à
solução do mistério.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
3. O autor deseja manter a
identidade do verdadeiro culpado em segredo até o fim do livro.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
A proposição 1 é tomada como
garantida pela própria natureza do gênero (ele tem “enigma” no nome, afinal), e
raramente gera satisfação no leitor quando é subvertida. Um romance que não
possua o fator 1, portanto, será um exemplo ruim de romance policial de enigma.
A tensão entre o pressuposto 2 (o autor não pode falar mentiras) e o 3 (o autor
quer que o leitor não descubra a verdade por si próprio) é aquilo que gera as
demais características do romance policial. A imperfeição do modelo de Van Dine
está no fato de que ele tenta criar uma lista muito limitada de regras que
permitam que essa tensão seja criada. Agatha Christie subverteu cada uma das
regras dele e ainda assim, não violou o ICM acima. Infelizmente, caso eu cite
os títulos dos romances, estarei estragando o final deles. Para os leitores
curiosos, recomendo os três melhores romances da autora (não direi qual regra
quebram): O Caso dos Dez Negrinhos, O Assassinato de Roger Acroyd e Assassinato
no Expresso do Oriente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Para fins de análise do conto a
que me propus, farei uma lista de corolários do ICM acima. Eles podem ser
inúmeros, mas, após ler todos os oitenta livros de Agatha Christie, separei os seguintes
como relevantes para o presente trabalho:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Corolários derivados do pressuposto 1:</b></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 71.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">A.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>O
romance tem no mínimo um culpado, que estará no rol de suspeitos. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Todos</i> os personagens devem ser considerados
suspeitos.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">B.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Um
aparente suicídio será sempre um assassinato. De maneira similar, qualquer
pequeno mistério, assim como um eventual segundo crime, estará de alguma forma
relacionado ao plano do criminoso.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 71.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">C.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>O
móvel do assassinato de uma pessoa rica é, de maneira geral, o dinheiro.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Corolários derivados do pressuposto 2:</b></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 71.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">D.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>O
detetive está sempre certo em suas deduções, seu assistente está sempre errado.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">E.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Um
suspeito que possa provar que possui um álibi para o momento do crime será,
portanto, inocente.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">F.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Todas
as pistas da história apontarão para o culpado, mesmo que o leitor tenha
dificuldade em explicar a relação entre elas.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 71.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">G.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>O
motivo do crime, assim como algumas pistas, estão diretamente ligadas à
psicologia dos envolvidos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Corolários derivados do pressuposto 3:</b></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 71.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">H.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>O
verdadeiro culpado será o suspeito menos provável; o que parecer mais culpado
no início da história será inocente ao fim.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 71.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">I.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Um
personagem que saiba algo a respeito do crime será morto antes de poder contar
a informação ao detetive.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
É bom notar que esse não
pretende ser um modelo exaustivo das recorrências na obra de Agatha Christie,
apenas um modelo simplificado das recorrências mais comuns nos livros da
autora, e que os leitores geralmente têm em mente ao ler uma obra da mesma.
Como a obra analisada será um conto curto, tal modelo será mais que suficiente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">4 – Motivo e
Oportunidade</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
O conto escolhido para análise
será o conto “O móvel do crime” (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Motive
versus Opportunity</i>), que, em sua adaptação animada, ganhou o título em
português de “Motivo e Oportunidade”. Ele figura na coletânea de contos Os
Treze Problemas (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">The Thirteen Problems</i>),
de 1932. A razão da seleção é o fato dele ser curto e, ainda assim, conter boa
parte dos corolários acima.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
O texto completo pode ser lido <a href="http://www.agathachristie.com/stories/motive-vs-opportunity" target="_blank">aqui</a>. Recomendo fortemente que o leiam antes da análise, porque irei contar
o final e estragar a surpresa. Além disso, certos efeitos funcionam melhor no
texto completo que em uma lista de fatos. Já leu ou não se importa? Então,
prossigamos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Para facilitar de análise, farei
um resumo dos eventos significativos do texto em uma lista numerada:</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">1.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Simon
Clode é um senhor de idade que perdeu sua família mais próxima (filha, genro e
neta) e adotou três sobrinhos, Grace, Mary e George.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">2.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>George
consegue emprego em um banco, Grace se casa com Phillip Garrod, um químico e
pesquisador, Mary continua em casa cuidando do tio.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">3.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>A
suposta médium Eurydice Spragg e seu marido passam a influenciar o idoso,
dizendo serem capazes de evocar a neta de Clode, que, em suas mensagens, elogia
a médium continuamente. Phillip Garrod tenta desacreditar a médium
repetidamente, sem sucesso.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">4.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Simon
Clode decide fazer um novo testamento deserdando seus três sobrinhos e
beneficiando apenas a Sra. Spragg, então chama seu advogado e narrador da
história, Sr. Petherick. Clode escreve seu testamento com sua própria caneta (após
repreender a empregada por guardá-la no lugar errado) e passa para o advogado e
as testemunhas assinarem. </div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">5.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Petherick
coloca o testamento em um tipo de envelope azul que só ele possui e deixa-o
cair sem querer. Uma empregada o pega para ele e Petherick o coloca em um bolso
de seu casaco.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">6.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Antes
de ir embora, o advogado janta com a família. George Clode pega o casaco dele
para pendurar. Logo depois, Mary toma o casaco das mãos dele e o pendura no
hall de entrada, tudo isso sob os olhos do advogado.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">7.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Quando
vai embora da mansão, Petherick vê a médium ajoelhada próxima a seu casaco e
tem certeza de que ela teve tempo de ler o testamento.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">8.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>O
marido da médium visita Petherick em seu escritório e fica sozinho com o
testamento enquanto o advogado está atendendo a um telefonema.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">9.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Meses
depois, quando Simon Clode finalmente morre, Petherick abre o envelope lacrado
na frente de todos, e ele contém apenas uma folha de papel em branco.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">10.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>A
essa altura, o advogado interrompe a narrativa e a resume dessa forma para sua
audiência: “<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Desse modo, estamos diante
de um curioso problema: as duas pessoas que tiveram a <i>oportunidade </i>de
substituir o documento por um papel em branco não teriam um <i>motivo </i>para
assim fazer, ao passo que as duas outras pessoas que possuíam algum <i>motivo </i>para
fazê-lo não tiveram qualquer <i>oportunidade </i>de agir.”</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">11.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Miss
Marple, a “detetive” do livro, imediatamente ri e escreve algumas palavras no
papel. Petherick as lê e dá a entender que são a solução do mistério, mas não
as revela para o leitor.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">12.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Os
demais personagens buscam resolver o enigma. Um deles propõe que a substituição
foi feita pelos sobrinhos do Sr. Clode quando estiveram com seu casaco, mas a
teoria é logo descartada.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">13.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Dois
outros personagens constroem juntos a teoria de que a médium substituiu o
testamento, mas, quando teve oportunidade de lê-lo e ver que a beneficiava, não
pôde colocá-lo de volta no lugar, de forma que o escondeu em algum lugar. Algum
dos sobrinhos ou das empregadas poderia tê-lo encontrado antes da morte de
Simon Clode e o destruído. Essa teoria também é revelada incorreta.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">14.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Petherick
revela que Phillip Garrod, o químico que se casou com Grace Clode, colocou,
próxima à caneta-tinteiro de Simon Clode, uma caneta idêntica contendo tinta
evanescente (uma solução de amido e iodo). A empregada da família não sabia que
a caneta dada a ela por Phillip era falsa, apenas sabia que deveria entregá-la
para o patrão no lugar da verdadeira, caso ele quisesse escrever algum
documento.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">15.<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>É
revelado que o papel entregue por Miss Marple a Petherick aludia à tinta
evanescente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Agora, iremos dividir os eventos
da seguinte forma:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Os fatos de 1 a 5 estabelecem os
motivos que os três sobrinhos de Clode podem ter para quererem destruir o
testamento. Eles também estabelecem que os Spragg provavelmente são
inescrupulosos o bastante para tentar algum golpe, assim como o fato de que a
empregada da família tocou o testamento em algum ponto.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
De 4 a 10 (interpenetrando a
apresentação dos suspeitos) está a narrativa do crime, onde as pistas são
apresentadas. As ações de cada suspeito são cuidadosamente mostradas e, em
teoria, o leitor seria capaz de descobrir a identidade do culpado apenas ao ler
essa descrição, assim como Miss Marple faz no evento 11.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Em 12 e 13, as explicações mais
óbvias para o crime são apresentadas e afastadas, de modo que o leitor é
convidado a um novo esforço de imaginação.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Em 14, a solução é revelada.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Por fim, em 15, Miss Marple se
prova correta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Agora, façamos um confronto
entre a história e os corolários do ICM:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjelge_STHwD3P3pg10eqrppHJvr_3WQbNNbUmRRdVcewfMW6aMjcXJjSYJIlRPKmceENmyVqdSp5iLTZGQPspRmL1SFdU2TIrTvxYfA6Eg5JbsXpXMzCCIGRgUImBIltZ8IoI6oAUYR4s/s1600/Imagem5.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1121" data-original-width="1157" height="617" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjelge_STHwD3P3pg10eqrppHJvr_3WQbNNbUmRRdVcewfMW6aMjcXJjSYJIlRPKmceENmyVqdSp5iLTZGQPspRmL1SFdU2TIrTvxYfA6Eg5JbsXpXMzCCIGRgUImBIltZ8IoI6oAUYR4s/s640/Imagem5.png" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Além do que foi exposto no
quadro acima, há que se destacar que o próprio título original do conto mostra
que Agatha Christie estava perfeitamente consciente que estava jogando com um
dos pressupostos de sua ficção ao destacar a questão da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">oportunidade</i> (é por essa razão que gosto mais da tradução da versão
animada do conto, uma vez que a tradução do livro apenas acentua o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">motivo</i>). O corolário christiniano quanto
à oportunidade é a presença do criminoso no local e momento do crime, e o
criminoso do conto realmente teve acesso ao local, repetidamente. O que os
leitores só percebem ao fim é que a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">momento</i>
do crime não é aquele que eles esperavam (isso é, após o testamento ser
guardado no envelope), mas um momento anterior a ele (quando a empregada
entrega a caneta preparada por Phillipe Garrod a Simon Clode).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
No conto, os pressupostos do ICM
proposto por mim são perfeitamente atendidos: há um mistério (o roubo do
testamento), a autora conta a verdade a respeito de todos os pormenores do
caso, mas, graças à sua intenção de manter o suspense, ela habilmente esconde
uma verdade importante em meio a várias verdades inofensivas, de modo que o
leitor inevitavelmente será levado a conclusões errôneas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Muito da força do conto está em
que nenhum dos corolários foi violado, nenhuma mentira foi contada pela autora.
As verdades foram apenas selecionadas de forma que os corolários não se
aplicavam da forma como o leitor foi levado a pensar, ainda que, a rigor, ele
pudesse ter percebido a solução, caso se apegasse a uma verdade específica, ao
invés de se focar em todas as outras.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Essa habilidade do autor
policial de enganar, creio eu, também tem suas raízes no ICM comunicativo que
Lakoff resume naquilo que ele chama de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">máxima
da solicitude</i>: “Pessoas têm a intenção de ajudar umas às outras.”</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
O leitor do romance policial tem
consciência de estar em um “jogo” contra o autor do livro, como diz o princípio
3 do ICM proposto por mim, mas, ao mesmo tempo, a máxima da solicitude
frequentemente o leva a esquecer isso, acreditando que todas as informações
dadas pelo autor policial têm como objetivo ajudá-lo em suas deduções, quando,
em verdade, ele deveria desconfiar da utilidade de cada uma delas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Após anos de leitura de Agatha
Christie, acho impressionante a capacidade dela de nos desviar da pista correta
usando os artifícios acima, ainda que o leitor esteja consciente que a maior
parte dos fatos narrados por ela são apenas uma cortina de fumaça. Na verdade,
ela escreveu um livro inteiro chamado “Um passe de mágica” (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">They do it with mirrors</i>) onde, a todo
instante ela avisa que as circunstâncias do crime são apenas uma distração
criada pelo assassino, e ainda assim, o leitor é enganado até o momento da
revelação final.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Podemos dizer, acredito, que o
verdadeiro passe de mágica realizado por ela era saber lidar com a cognição
humana como poucos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">5 – Conclusão</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
A criação de um modelo cognitivo
ideal (ICM) para a literatura policial de enigma se provou uma forma útil e interessante
de analisar o que está por trás das surpresas que o gênero pode oferecer e da
satisfação que o leitor experimenta ao ler uma história do gênero. Podemos
dizer que a surpresa no conto analisado não vem do fato de que o ICM é
subvertido pela autora, mas de como ela induz o leitor a fazê-lo, esquecendo-se
de que faz parte do ICM policial o fato de o autor não estar tentando ajudar o
leitor a descobrir o criminoso, mesmo que esteja o tempo todo falando a
verdade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Não apenas isso: no conto, a
autora segue o ICM policial e todos os corolários que propus à risca, mas, sem
contar uma única mentira, consegue induzir o autor a não prestar a devida
atenção a todas as condições dos corolários, assumindo como verdadeiras proposições
que não foram explícitas (como o momento exato em que o crime aconteceu).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Isso me faz retornar à crítica
que fiz a Todorov em busca de uma pacificação entre nós: no fim das contas, é
verdade que, como ele afirmou, um romance policial se atenha às suas regras
internas, mas continua sendo verdade que, em uma história em que as regras não
são subvertidas de nenhuma forma, não haverá surpresa. O que une as duas falas
é que a subversão não é realizada pelo autor: sem quebrar nenhuma regra, o
autor leva o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">leitor</i>, por sua vez, a
subverter as “regras” (ou o ICM) inadvertidamente, ao se esquecer
temporariamente de uma de suas máximas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Resta agora, apenas, a
curiosidade de saber se a consciência das regras desse “jogo cognitivo”, como o
apelidei na Introdução, faz com que o leitor se torne mais capaz de vencê-lo e
descobrir a solução de qualquer livro policial antes da revelação do criminoso.
No tocante à ficção de Agatha Christie, tenho minhas dúvidas. Ela era uma
jogadora experiente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">6 – Referências</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
CHRISTIE, A. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Treze Problemas.</i> <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Editora Record, 1930.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">LAKOFF, G. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Women,
Fire and Dangerous Things</i>. The University of Chicago Press, 1987.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
LOVECRAFT, H. P. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra Vinda do Tempo.</i> Editora Hedra,
2011.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
TODOROV, T. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Estruturas Narrativas.</i><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Editora Perspectiva, 2006. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
VYGOTSKY, L. S. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pensamento e Linguagem</i>. Editora Martins
Fontes, 1991.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Créditos das imagens</i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Figura 1: Elaboração própria</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Figura 2: </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<a href="http://kreugerpranka.deviantart.com/art/Great-Race-Remake-193666130">http://kreugerpranka.deviantart.com/art/Great-Race-Remake-193666130</a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Figura 3: </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8rukWNKEkKCAAS3dNXnEwYMH-FjjGkTTxuFvyFkiZ_DKSz4LBLJbtGF6MXteLFJwCBagGH8RgDLZqN4q5JUSMlLVE4SbOq2aBm-n-uEMIvStXeL-_CppVtd1LZTwLUZSFk7QVe3_aDAUg/s1600/poodle-puppy.jpg">https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8rukWNKEkKCAAS3dNXnEwYMH-FjjGkTTxuFvyFkiZ_DKSz4LBLJbtGF6MXteLFJwCBagGH8RgDLZqN4q5JUSMlLVE4SbOq2aBm-n-uEMIvStXeL-_CppVtd1LZTwLUZSFk7QVe3_aDAUg/s1600/poodle-puppy.jpg</a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<a href="http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bichon_Frise.jpg">http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bichon_Frise.jpg</a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-492305930465847682015-09-29T20:30:00.001-07:002015-09-29T20:40:10.709-07:00Resenhas de Drácula anotado e Lovecrat anotadoComprei e li as duas obras juntas. Aqui vão as impressões:<br />
<b><br /></b>
<b>Annotated Dracula (Bram Stoker & Leslie Klinger):</b><br />
<br />
Eu já conhecia Leslie Klinger do monumental Sherlock Holmes Anotado, que foi publicado no Brasil em 9 volumes pela Editora Zahar. O autor é um estudioso sherlockiano apaixonado e eu fiz questão de colocar todos os volumes na estante. Essa obra é uma mina de ouro para informações da era vitoriana, além de trazer muitas interpretações alternativas das histórias de Sherlock, que são uma forma interessante de perceber contradições e furos nas histórias (ou, simplesmente, outras maneiras de se interpretar os mesmos acontecimentos). Além disso, os livros são feitos sob a premissa de que Holmes e Watson eram pessoas reais, e que Conan Doyle foi só o agente literário de Watson. Essa ficção inocente dá um sabor especial às discussões das histórias, e ao material complementar.<br />
<br />
O Drácula Anotado foi feito depois dessa empreitada, e tudo o que eu disse em relação à obra acima pode ser dito em relação a essa. É visível que Klinger é apaixonado pela Inglaterra vitoriana. E Drácula é um livro com uma extensa bibliografia acadêmica, de onde o autor pôde tirar muita informação para suas notas. A "ficção" de que Drácula é um livro real é feita aqui (de uma maneira um pouco menos isenta do que em Sherlock Holmes, talvez porque o autor não parece ser tão fã de Drácula quanto de Sherlock), o que leva àquelas interpretações alternativas instigantes e reveladoras que citei ali acima. Por mais que eu tenha minhas próprias teorias a respeito de Drácula, o trabalho de Klinger foi tão abrangente e completo que ele adicionou ao invés de me irritar, como eu temia antes de ler o livro. Sabe como é, quando você gosta demais de algo, pode se tornar muito "protetor" do que gosta e ficar chato. Fico feliz de saber que ainda não estou tão chata. xD<br />
<br />
Foi um livro quase perfeito para mim, pedindo só um pouquinho a mais de "vozes" e "teorias" diferentes, mas muito prazeroso. Ah, sim, vale a pena dizer que o autor é uma das poucas pessoas que pôde comparar o manuscrito original com a versão impressa do livro, e ele traz muitas informações inéditas para fãs e estudiosos do vampirão mais famoso do mundo.<br />
<br />
Uma coisa que eu sei que é problemática para outras pessoas (apesar de não ter me incomodado) é que Klinger colocou tantas notas, mas TANTAS NOTAS que o texto frequentemente tem que ser interrompido por páginas só de notas. Como já estou mais que acostumada com a história e comprei só pelas notas, mesmo, não me incomodou. Além disso, amo textos com notas. Odeio ter que ficar indo ao fim do capítulo ler as notas, como no Sherlock Anotado, e amei o esquema de Drácula Anotado, colocando as notas nas margens. Infelizmente, sou obrigada a concordar que muita gente acha as interrupções do texto irritantes, e seria melhor ter arrumando outra maneira de colocar essas notas sem interromper o fluxo do texto.<br />
<br />
No mais, a apresentação é maravilhosa. Vivo reclamando que as edições de Drácula raramente têm uma capa decente, mas a dessa edição é linda. As ilustrações são lindas, tudo é lindo. No início, eu estava receosa de comprar esse livro e ele aparecer traduzido no Brasil logo depois, mas agora, não tenho esse medo. A edição brasileira dificilmente seria tão luxuosa, e como Drácula é a inspiração de <a href="http://bramevlad.blogspot.com/" target="_blank">Bram & Vlad</a>, uma das minhas maiores empreitadas criativas, então acho que merece esse pequeno "esbanjamento" de minha parte.<br />
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<b>Annotated Lovecraft (H. P. Lovecraft & Leslie Klinger):</b><br />
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Eeeeee... Como eu queria dizer tudo o que eu disse acima a respeito de Annotated Lovecraft. A edição é maravilhinda, as ilustrações são lindas, tem menos notas que Drácula Anotado, e portanto o texto flui... E isso é parte do problema.<br />
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Em Sherlock Holmes Anotado e em Drácula Anotado, é possível ver paixão. Não é só o número de notas, é também a paixão pela "ficção" de que essas histórias realmente aconteceram, que levam àquele sabor delicioso de "aprender brincando". As especulações a respeito de "quem poderia ser o personagem tal no mundo real" levam o autor a explorar muitas personalidades reais que não foram abordadas pelas obras. Para mim, uma das grandes forças dos outros livros anotados que li do Klinger foi a forte intertextualidade, e o respeito e estima pelo "universo mítico" dos respectivos autores. Eram obras intelectuais, sim, mas com paixão.<br />
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O Lovecraft Anotado... não tem muito disso. É um livro muito mais "frio". A "ficção" está lá, mas muito distante. O Klinger faz um monumental dever de casa, traz toneladas de notas históricas maravilhosas, mas eu não consegui ver nesse livro aquela paixão pela obra do autor que existe nos livros anteriores.<br />
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A intertextualidade é pífia ou quase nula. Em O Caso de Charles Dexter Ward, por exemplo, há uma quantidade gigante e cansativa (para mim) de notas sobre Providence e as personalidades reais citadas no texto. Mas procure alguma anotação sobre o "universo" de Lovecraft e você se desaponta. Não tem quase nada sobre o elusivo Yog-Sototh, tão mencionado no texto. Nenhuma especulação sobre as "vítimas" de Joseph Curwen. Nenhum comentário sobre as explorações do Dr. Willet. Pelo amor de Deus, o Lovecraft estava piscando tanto quando colocou suas referências a Drácula no texto que só faltou chamar um personagem tal de Alucard e não tem nem uma notazinha reconhecendo isso. Nem. Uma.<br />
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Em Nas Montanhas da Loucura, temos lindas notas sobre as expedições antárticas, os aviões e tudo o mais, mas muito pouco sobre as conexões mil entre essa obra e outras. Nenhuma especulação sobre qual poderia ser a "Expedição Starkweather-Moore". Nessa história há mesmo uma nota onde Klinger diz que Lovecraft, em determinado ponto, escreve "pteridófita" quando deveria dizer "pterodáctilo", mas no contexto, tio HP escreveu perfeitamente certo. Ele estava falando de estruturas vegetais nas asas dos aliens, não sobre as asas em si. Uma falta de atenção imperdoável de um anotador tão cuidadoso. Tem outras, mas essa é uma das mais óbvias.<br />
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Enquanto não dava pra ler Sherlock Holmes Anotado e Drácula Anotado sem ter ao menos uma nota por página, Lovecraft Anotado tem páginas e páginas de texto sem anotação, sem comentários de personagens recorrentes, sem nada... Deu vontade de pegar minha caneta nanquim e fazer as anotações eu mesma. Ainda não me convenci a não fazer isso. Dane-se "estragar o livro", ele é meu e eu comprei pela informação, não pela beleza.<br />
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Enfim, me pareceu uma obra feita quase que com "má vontade", quando se compara com as demais.<br />
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Continua sendo uma edição obrigatória para grandes fãs de Lovecraft, e, se eu tivesse a oportunidade, não devolveria, nem pediria o dinheiro de volta. Só fiquei um tiquitinho decepcionada. É como se o melhor <i>chef </i>do mundo convidasse você para um jantar e te levasse no restaurante de outro, que ainda por cima tem uma estrela a menos. OK, a comida vai continuar sendo boa, muito acima do que você normalmente come, mas não dá para evitar a decepção.<br />
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Minhas teorias são que (a) reclamaram tanto que Drácula Anotado tinha anotações demais e que a "ficção" do Klinger não era legal, blábláblá, que ele resolveu ser "sério" (o que é um enorme desperdício) ou (b) como Lovecraft está na moda, chegaram um dinheiro no autor pra fazer essa edição anotada e ele pegou o trabalho, mesmo não ligando muito para a obra.<br />
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Para mim, é uma afronta pessoal que Lovecraft Anotado tenha mais estrelas na Amazon que Drácula Anotado. Sério, caras, <b>não</b>.Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-12303995221691081492015-04-20T18:01:00.000-07:002015-04-20T18:01:16.382-07:00Gatinho carenteEu estava relendo o manuscrito de O Conservatório e isso aconteceu:<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXAIxjwoeaxq-VCKyUno2K4ndC3wDmwT9AwZmKmJvXT6Csc3bWVfExidi2iqT6Qh2BiF-drnhdBeuC1jaEoTgzbaq5SLDN0O_XXM2UL41uXvk2e3sBxVZUl7jlMYlFlU0TmrrPt7Fq0js/s1600/needy+kitten+port.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Vampiros são só gatinhos carentes." border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXAIxjwoeaxq-VCKyUno2K4ndC3wDmwT9AwZmKmJvXT6Csc3bWVfExidi2iqT6Qh2BiF-drnhdBeuC1jaEoTgzbaq5SLDN0O_XXM2UL41uXvk2e3sBxVZUl7jlMYlFlU0TmrrPt7Fq0js/s1600/needy+kitten+port.jpg" height="300" title="Vampiros são só gatinhos carentes." width="400" /></a></div>
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Não, não tenho vergonha nenhuma. E sim, sei que o mais provável é que a Cristina lançasse o Diego fora do sofá, mas ela tem um fraco por gatos.Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-33761754579317093492015-01-12T10:44:00.001-08:002015-09-29T20:54:32.904-07:00A arte de ser do contra<a href="http://toucadaraposa.tumblr.com/post/107893809305/vamos-irradiar" target="_blank">No meu tumblr</a>, escrevi um pequeno texto sobre a questão da representatividade nos quadrinhos que me atrevo a fazer, para servir de introdução ao Manifesto Irradiativo. Aqui, achei de bom tamanho dar um depoimento sobre o que isso significa pra mim na literatura, antes de linkar vocês para ele.<br />
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Desde sempre, minha grande preocupação foi que meus protagonistas fossem legais de escrever. E "legais de escrever" para mim sempre foram os personagens que tinham algo de diferente dos outros, e como essa diferença muda bastante (ou, paradoxalmente, não muda absolutamente em nada) a forma como essa pessoa interage com o mundo cotidiano. Se existe um tema que vai aparecer em quase todos os meus escritos mais longos, em todos os meus quadrinhos, é isso. É uma coisa que realmente me dá prazer de explorar. Sendo assim, todo protagonista meu é, por definição, diferente. E eu vou dizer um negócio, isso é delicioso. Alguns estão na minha zona de conforto, outros são um desafio delicioso.<br />
<br />
Mas sabe o que é mais delicioso? É depois de tudo, você ver que aquilo que você achava que era alien, que você estava colocando por "diversidade", por "desafio", ou simplesmente, por "diversão", estava ali dentro de você o tempo todo. E é aí que sua própria atitude para com as pessoas "diferentes" muda, porque elas não são diferentes de verdade. Elas podem ter muito em comum com você.<br />
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Como é o blog do Conservatório, posso falar sobre os protagonistas dele, a Cristina e o Diego. O que me pus como desafio com a Cristina é que nasceu como uma reação às protagonistas doces e nobres de young-adult. Cristina é mal-humorada, frequentemente mal-educada, é solitária mas não quer fazer amigos, é cética, ateia e tem toda o romantismo de uma batida policial. Muitas dessas características não são só diferentes de mim, elas são o total oposto. Mas não é que eu descobri que escrever a Cristina é delicioso naqueles dias que você acorda de mau humor e quer mais que o mundo se exploda? Foi tão divertido que um pouco da atitude dela foi parar em personagens secundários e várias outras histórias (lalal<a href="http://bramevlad.blogspot.com/" target="_blank">Vlad</a>lala<a href="http://tirasperiodicas.blogspot.com/" target="_blank">Xerém</a>lalala).<br />
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Diego? Diego também é uma reação ao interesse romântico todo cheio de pudores e dramas internos. Ele é zoeiro, frequentemente invade o espaço pessoal da mocinha, é extrovertido, convencido e age primeiro para pensar depois. Eu absolutamente não sou extrovertida (embora possa fingir muito bem, se precisar) e não muito fã de... tocar... pessoas... enfim, eu não esperava que escrever Diego seria gostoso como foi.<br />
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Eu podia ficar aqui detalhando cada um dos meus cerca 65 protagonistas (ah, não acredita? Pus a planilha no Dropbox. <a href="https://www.dropbox.com/s/w9rx49wyrbanaap/personas.xls?dl=0" target="_blank">Contemplem</a>.), mas acho que já entenderam o espírito da coisa. E nem estou falando dos secundários, que também recebem muito carinho e onde também aproveito para colocar muita coisa. Basicamente, sabe quando acusam os secundários de serem mais interessantes que o protagonista, porque as pessoas não arriscam com protagonistas? Digamos que não me sinto motivada a escrever uma história a menos que meu protagonista seja um desses secundários legais.<br />
<br />
Isso dito, toda vez que vejo gente falando que os personagens principais tem que ser genéricos para o pessoal se identificar (sendo que "genérico" geralmente significa "homem-hétero-cis-branco") e que a luta por representatividade na literatura é "bobagem politicamente correta", eu morro um pouco por dentro. Representatividade significa novos mundos psicológicos para explorar, novas histórias para contar, novas coisas para descobrir sobre o outro e sobre você. Quem, em sã consciência, não está agora mesmo explorando esse mundo todo? Quem, em sã consciência, não está saindo do seu pequeno círculo criativo para contar novas histórias, irradiando para mais longe do que antes?<br />
<br />
Agora, sim, acho que estão no estado de espírito certo para ler essa iniciativa bacaníssima dos escritores <a href="http://www.jimanotsu.tk/" target="_blank">Jim Anotsu</a> e <a href="http://www.alliahverso.com.br/" target="_blank">Alliah</a>, o <a href="http://manifestoirradiativo.wordpress.com/" target="_blank">Manifesto Irradiativo</a>. Assine e irradie. Literatura diversa é literatura fresca, território inexplorado.Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-74260610889039011052014-05-19T16:05:00.000-07:002014-05-19T16:07:10.459-07:00Diego e Cristina gravam vídeos de protestoNão olhem assim pra mim, foi ideia deles.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ9SNCtfVcV7MR9fGGw-pAtMJq9UP8iks8fADW6-Fi4MNOyytnjGvhJzCHCMIqICp96Rt5GUwqL5slBovPinLz8XxkeZHRyqDna2XtIdgBtLd6C9BwPCLIF5Ut-EqaW13IXQ3AUAX2iig/s1600/diego+rant.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ9SNCtfVcV7MR9fGGw-pAtMJq9UP8iks8fADW6-Fi4MNOyytnjGvhJzCHCMIqICp96Rt5GUwqL5slBovPinLz8XxkeZHRyqDna2XtIdgBtLd6C9BwPCLIF5Ut-EqaW13IXQ3AUAX2iig/s1600/diego+rant.jpg" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIIL2z2ISr4dR75oMen-nODCmExy-__zoXQBEYmZB0yJFWXtdiVOSrzh4-4VqvznWWuFV4BBwTexzPwAfIbtHGBk6onzMRa9qvSZ2Icz5pXH9xDpRG-PTahs0-aYDHTysdfTr4Yhcn-D4/s1600/cristina+rants+port.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIIL2z2ISr4dR75oMen-nODCmExy-__zoXQBEYmZB0yJFWXtdiVOSrzh4-4VqvznWWuFV4BBwTexzPwAfIbtHGBk6onzMRa9qvSZ2Icz5pXH9xDpRG-PTahs0-aYDHTysdfTr4Yhcn-D4/s1600/cristina+rants+port.jpg" /></a></div>
<br />Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-44853114654612893692014-05-19T15:53:00.000-07:002014-05-19T15:53:29.809-07:00Playlist do ConservatórioEu não acredito que esse post era só um rascunho até hoje. Eu jurava que tava publicado. ._.<br />
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Enfim. XD Em junho (do ano passado...), montei uma playlist rápida no YouTube com as músicas clássicas que são citadas no Conservatório e fiz esse pequeno guia para leigos das músicas e marromenos as relações delas com o livro.<br />
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<a href="https://www.youtube.com/playlist?list=PL0kkQItLzJIKvdXr2oQveM3b3d-PCBjFt" target="_blank">CLIQUE AQUI PARA IR PARA A PLAYLIST</a><br />
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<b>Prelúdio:</b> Prelúdio de Chopin, No. 12 em G# op. 28 (Presto)<br />
Opus 28 é um conjunto de 24 prelúdios para piano, escritos por Chopin. Um fabricante de pianos encomendou a obra. O mais famoso dos prelúdios é o #15, o prelúdio das Gotas de Chuva (Raindrop Prelude). Escolhi o Presto porque isso significa "muito rápido" e o prelúdio do livro são três cenas rápidas. Esse prelúdio tem o "apelido" de "O Duelo" (dado pelo músico Hans von Bülow) e acho que vocês podem dizer que há alguns duelos implícitos nessas três cenas. E mais não digo.<br />
<br />
<b>Parte 1: Sinfonia em C menor</b><br />
<br />
<b>Movimento 1:</b> Beethoven, Piano Sonata No. 8 em C menor, Op. 13 (Adagio cantabile) - Pathetique Sonata<br />
<br />
A Patethique é uma das obras mais famosas de Beethoven. Ela tem 3 movimentos, o Grave-Allegro, o Adagio Cantabile e o Rondo. Escolhi o Adagio porque adágios são movimentos lentos, geralmente soando tristes. Esse capítulo serve pra mostrar o lado patético da vida da Cristina: escola chata, meninas chatas falando com ela, a leve sugestão de uma vida amorosa... que não dá em nada.<br />
<br />
<b>Movimento 2: </b>Concerto de Vivaldi, "La notte", RV 439 (Largo) - Il sonno<br />
<br />
"La notte" (A Noite) é um famoso concerto em flauta do Vivaldi, com 6 movimentos. Os mais famosos são o segundo ("Fantasmi") e o quinto ("Il Sonno"). É uma música ótima de se pôr em histórias de vampiro: tem um nome legal e uma atmosfera bem bacana. A princípio, eu ia usar o nome do concerto como título da história, já que o capítulo todo acontece em uma única noite. No fim, escolhi o movimento "Il sonno", já que as coisas também acontecem em um sonho (além disso, o capítulo é grande, achei que um Largo cairia bem).<br />
<br />
<b>Movimento 3: </b>Concerto para violino nº 2 de Paganini (Rondo) - La Campanella<br />
<br />
"La Campanella" (a sineta) é uma música daquelas bem chicletes. Nunca me canso dela. Na verdade, ela é o treceiro movimento do Concerto para violino nº 2, e o jeito certo de tocar é com uma sineta marcando as recorrências do rondo. Rondo, se você não sabe, é uma melodia que tem certas partes se repetindo, como um refrão. Esse rondo de que estamos falando é tão chiclete que o Lizst, outro gigante da música, fez uma composição usando essa melodia. Gente Da Música diz que La Campanella tem uma atmosfera cigana, o que a faz perfeita para o capítulo onde Diego é apresentado. Isso e o fato de uma sineta ter um papel importante nesse capítulo. Fora isso, o capítulo tem suas "voltas", como um rondo.<br />
<br style="background-color: #fffffa; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19.5px;" />
<b>Movimento 4: </b>Quinta sinfonia de Beethoven em C menor (Allegro Con Brio) - Destino<br />
<br style="background-color: #fffffa; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19.5px;" />
Qualé, gente. É a Quinta Sinfonia. Tã-tã-tãããm. O que mais você quer ouvir sobre ela? Tá, vamos ver.<br />
<br />
Algumas pessoas dizem (não é oficial, mas é bem conhecido) que a sinfonia representa "o Destino batendo à porta". Beethoven pensava no tom de C menor como "tempestuoso e heroico". Isso é o que faz essa sinfonia perfeita pro capítulo: é onde o destino bate na porta de Cristina e dó menor é a nota dela. Ela <i>é </i>tempestuosa e heroica... do seu jeito. Escolhi o Allegro porque é o movimento mais famoso e porque "Allegro con brio" significa "rápido e brilhante, com vigor e espírito", e é assim que Diego toca no concerto que acontece no capítulo.<br />
<br />
<b>Movimento 5: </b>Serenata de cordas nº 13 em G maior, K. 525, de Mozart (Minueto) - Eine kleine Natchmusik<br />
<br />
"Eine kleine Natchmusik" significa "uma pequena serenata" (algumas pessoas traduzem errado como "uma pequena canção noturna" e eu uso esse erro no capítulo). É a música do Diego, usando a nota do Diego, G maior. Você provavelmente conhece o primeiro movimento dessa música, o Allegro. Escolhi o Minueto porque esse nome vem de uma dança, e esse capítulo é um tipo de dança, se você pensar sobre isso.<br />
<br style="background-color: #fffffa; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19.5px;" />
<b>Parte 2: Ópera em F menor</b><br />
<br />
Os atos da ópera não são nomeados.<br />
<br />
<b>Parte 3: Noturno em G maior</b><br />
<br />
<b>Movimento 1:</b> Fantasia sinfônica de Tchaikovsky em homenagem a Shakespeare, Op. 18 (Fantasia de Abertura) - A Tempestade<br />
<br />
Essa música é baseada na peça de Shakespeare chamada "A Tempestade", se não ficou claro o bastante. Escolhi essa música porque tem um brainstorm nesse capítulo e porque "fantasia" é uma composição que é quase uma improvisação inspirada. Daqui por diante, não posso explicar muito pra vocês porque essa última parte é cheia de spoilers.<br />
<br />
<b>Movimento 2: </b>Quarteto de Cordas de Mozart em B-bemol Maior, K. 458 (Allegro vivace assai) - A caçada<br />
<br />
Essa peça é um quarteto dedicado a Haydn (um grande músico que Mozart admirava). A Wikipedia diz que ela é usada em vários filmes. Vou acreditar porque não sou uma fã enorme de filmes. Escolhi essa música porque ela se chama "Caçada". Não falarei mais nada. Peguei o allegro vivace assai porque isso, em música, basicamente significa "muito muito muito muito rápido".<br />
<br />
<b>Movimento 3:</b> Quarteto de Cordas de Schubert Nº 14 em D menor (Scherzo) - A Morte e a Donzela<br />
<br />
Schubert escreveu essa peça quando estava terminalmente doente e tudo nessa música é sobre a morte se aproximando e o músico se rebelando contra isso. É baseada em um poema chamado "A Morte e a Donzela", de Matthias Claudius. Acho que é bem claro por que essa música está aqui. Sobre o porquê do movimento ser o Scherzo, não digo. Se virem.<br />
<br />
<b>Movimento 4: </b>A Valquíria, de Wagner, Ato III (Prelúdio) - A Cavalgada das Valquírias<br />
<br />
Experts em música conhecem essa como o prelúdio de um dos atos da famosa ópera de Wagner, A Valquíria. Vocês provavelmente conhecem como a música que toca quando os aviões bombardeiam o Vietnã em Apocalypse Now. Essa música é tão icônica que nunca conheci quem não a tivesse escutado.<br />
<br />
Como curiosidade sobre a ópera, A Valquíria é a segunda parte do ciclo do Anel dos Nibelungos, de Wagner. A história de A Valquíria é longa e confusa, mas é basicamente sobre incesto entre gêmeos e uma valquíria rebelde. Sério. Eu não conseguiria inventar isso sozinha.<br />
<br />
Vou deixar vocês decidirem por que essa música específica encerra o livro.<span style="background-color: #fffffa; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19.5px;"> </span><img alt=":evillaugh:" data-embed-id="414" data-embed-type="emoticon" src="http://e.deviantart.net/emoticons/m/mwahaha.gif" height="15" style="background-color: #fffffa; border-style: none; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19.5px; max-width: 100%; vertical-align: baseline;" title="EVIL Laughter!" width="29" /><br />
<br style="background-color: #fffffa; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19.5px;" />
<b>Outras peças</b><br />
<br />
Essas músicas são mencionadas no livro, tocadas pelos personagens, ou só importantes no geral:<br />
<br />
<i>Sinfonia No. 9 em D menor de Beethoven, Op. 125 - Quarto Movimento, "Ode à Felicidade"</i><br />
<br />
Também conhecida como "Sinfonia Coral", é uma das maiores obras musicais jamais escritas. O quarto movimento, "Ode à Felicidade", é nada menos que uma das mais famosas músicas de todos os tempos. Sério, o tempo de gravação em um CD é de uma hora e vinte de música porque esse é o tamanho dessa sinfonia. A letra vem de um poema escrito por Friedrich Schiller (um poeta muito famoso) e foi encomendada pela Sociedade Filarmônica de Londres.<br />
<br />
<i>Musette em D menor de Bach</i><br />
<br />
Não sei muito sobre ela, só sei que é simples de tocar. Eu queria uma música que uma criança pudesse praticar e uma amiga me recomendou essa.<br />
<br />
<i>Sonata ao Luar de Beethoven</i><br />
<br />
Eu gosto de Beethoven, OK? Essa é uma das minhas favoritas. Cristina a toca à meia noite, embora não esteja, tecnicamente, ao luar naquela cena.<br />
<br />
<i>Ave Maria de Gounod</i><br />
<br />
A Ave Maria mais famosa de todos os tempos. Cristina toca em um desafio. Eu queria uma música que exigisse bem de uma soprano.<br />
<br />
<i>Réquiem em D Menor de Mozart - Canção "Dies Irae"</i><br />
<br />
Haveria um capítulo entitulado "Dies Irae" no livro, mas acabei cortando e colocando as partes úteis em "A Tempestade". É impossível ouvir essa música e não ficar sentado apreensivo na beirada da cadeira. Ela é tão épica que seu cérebro explode toda vez que ela toca (alguns trailers a usam, já que está em domínio público). Amo tanto essa música que talvez eu crie um conto chamado "Dies Irae" só pra usá-la.<br />
A seção de comentários do You Tube está além de qualquer salvação, mas foi lá que vi a melhor descrição dessa música: "Deus deu a Mozart 2 minutos pra fazer algo épico. Mozart fez isso e ainda sobraram 10 segundos."Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-3169553771923435922013-08-29T20:00:00.000-07:002015-01-12T16:41:41.532-08:00Maratona de cinema<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;">Nossa, tem mesmo tanto tempo que não escrevo aqui? o.o</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;">Eu pensei que tinha postado meu artigo acadêmico sobre Agatha Christie aqui. D: Oh, well, fica pra outro dia, porque agora, quero falar da minha jornada pelos filmes clássicos de Drácula. :3</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;">Quando alguém fala em voz alta o nome “Drácula”, é difícil dizer o que vai na mente dessa pessoa. É um dos personagens mais revividos, recontados e reinventados da cultura pop. Embora tenha sido apresentado ao mundo por Bram Stoker no ano de 1897, é seguro afirmar que a maioria das pessoas tem uma figura dele em mente que foi moldada no cinema a partir do filme </span><i style="text-indent: 35.45pt;">Drácula</i><span style="text-indent: 35.45pt;">, de 1931, com o Bela Lugosi no papel-título. Sendo assim, Drácula não é um, é muitos. Para conhecer esses muitos, decidi assistir aos filmes mais clássicos de Drácula por aí e formar minhas próprias opiniões.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Como <a href="http://bramevlad.blogspot.com/" target="_blank">tenho uma tirinha que é derivada do <i>livro</i> Drácula</a>, é justo dizer que tenho mais familiaridade com ele do que com os outros retratos do personagem. Toda vez que vou fazer um arco narrativo importante e/ou introduzir um novo personagem, acabo lendo o livro quase todo de novo – já devo ter lido de capa a capa umas seis vezes, e conheço alguns trechos quase de cor. A parte boa é que não é um sacrifício pra mim fazer isso, porque gosto do livro e vim a amar os personagens. A parte ruim é que isso faz com que eu pareça obcecada por esse livro, a ponto de não ter outro assunto. (o que é mentira, também sou obcecada com Agatha Christie).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Antes de mais nada, deixa eu explicar que não sou o tipo de fã que entra em combustão quando o filme desvia meio milímetro do livro. Livros tipicamente contém horas de plot se desenvolvendo, filmes tipicamente dispõem de duas horas e pouco, quando muito. É temporalmente impossível para um filme dramatizar o livro, e um tanto pobre, também. O filme é sempre uma interpretação do livro. Pra mim, existem filmes bons, que contam sua história ou passam bem sua mensagem e filmes ruins, que se perdem no caminho. E também existem interpretações que eu acho legais ou não, mesmo que eu saiba, no fim, que todas são válidas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Isso dito, acho que vocês vão entender melhor quando eu classificar os filmes - há um componente meu analisando o filme pelo filme, e um meu analisando o filme contra minha percepção do livro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Quem dispuser de algum tempo pode ser apresentado à minha percepção lendo meu recap do livro <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2012/07/recap-de-dracula-parte-1.html" target="_blank">aqui </a>e <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2012/07/recap-de-dracula-parte-ii.html" target="_blank">aqui</a>. Se vocês não tiverem esse tempo, vou resumir os traços que creio serem os mais fortes do livro:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
No primeiro ato, Jonathan Harker é mandado para a Transilvânia para vender casas ao Conde Drácula. Apesar de ser recebido com gentileza, Harker logo descobre que algo está muito errado com seu anfitrião.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Passando para o segundo ato, o Conde vai para a Inglaterra, onde ataca a melhor amiga da noiva de Harker. Ela tem um noivo e dois outros pretendentes. Um deles, um psiquiatra preocupado com ela, chama seu mentor e amigo, o Dr. Van Helsing. Esse mesmo psiquiatra está estudando um louco, que parece ser profundamente afetado pela presença de Drácula.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
No terceiro ato, Mina e Jonathan Harker se juntam ao grupo, que passam a perseguir Drácula até sua morte.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Os personagens mais marcantes são, em um plano mais próximo, o heroico casal Harker (ambos contribuem com seus diários para a narração) e Renfield, através dos olhos de Dr. Seward (outro narrador). Num plano mais alto, Drácula e Van Helsing, como os dois reis que se digladiam no tabuleiro de xadrez que é a trama. Lucy tem um pouco mais de estofo que outros personagens, mas sua vida relativamente curta como narradora tira um pouco de sua força. Arthur e Quincey são quase descartáveis, pelo pouco desenvolvimento que têm. O Dr. Seward tem uma voz própria, mas ele, como Watson, é um personagem que mais reage do que age. Ele começa reagindo a Renfield (e é graças a ele que Renfield ganha cor e importância, assim como Watson glorifica Holmes) e depois se torna o "leal amigo e biógrafo" de Van Helsing. Entre Renfield e Van Helsing, Seward acaba totalmente eclipsado.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cinemamuseum.org.uk/wordpress/wp-content/uploads/2013/04/cushing-less-contrast.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.cinemamuseum.org.uk/wordpress/wp-content/uploads/2013/04/cushing-less-contrast.jpg" height="320" width="244" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Sabe, pensando bem, não é coincidência que Peter Cushing tenha interpretado Sherlock Holmes e Van Helsing. O que faz dele meu ator preferido ever.</i></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Quando eu for comentar os filmes, é contra isso que vou compará-lo ao decidir se gosto ou não da adaptação. Talvez ajude vocês também a entender minhas análises o fato de que meus personagens preferidos são, do mais preferido ao menos: Van Helsing > Mina > Jonathan > Seward > Lucy > Renfield > Quincey > Arthur >>>>>> Drácula (no livro de Stoker, ele é um vilãozão vitoriano, que mata, estupra, coage e engana sem remorsos, é difícil gostar dele).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Ótimo. Passemos pros filmes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br />
<a name='more'></a><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Nosferatu (1922):</b> Estou falando do filme mudo, não dos remakes. Filmes mudos são uma arte quase que à parte do atual cinema, é interessantíssimo. Recomendo a quem puder assistir. Pra quem não conhece, Nosferatu foi a primeira versão de Drácula para o cinema, e, como os produtores não tinham a permissão da família Stoker para fazer o filme, os personagens têm nomes diferentes (Drácula é Orlok e Mina é Elen, por exemplo). Algumas cópias do filme tiveram os nomes restaurados para os nomes originais do filme. A que eu assisti foi uma dessas cópias.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://images4.wikia.nocookie.net/__cb20100517225705/horrormovies/images/8/8e/%60nosferatu_poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://images4.wikia.nocookie.net/__cb20100517225705/horrormovies/images/8/8e/%60nosferatu_poster.jpg" height="320" width="225" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Só um beijinho, vai.</i></div>
<br />
<span style="text-indent: 35.45pt;">O filme é uma adaptação muito boa do livro, embora o fim seja uma reescrita total. Sério, os produtores tiraram leite de pedra ao fazer uma história fechadinha e cheia de atmosfera com tão pouco. Os personagens que ganham destaque são "Jonathon", "Nina", o Conde e Renfield. A economia de palavras e de tempo (o filme só tem uma hora e meia) levou a vários cortes e adaptações (praticamente não há o segundo ato com Lucy, por exemplo), mas o filme resultante é bem amarrado e tem uma personalidade bem próxima.</span><br />
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Acho legal como o filme escolheu retratar o Conde como a personificação de uma praga, uma doença, e como "Nina" é a grande heroína do filme. Ela salva até seu marido, através do que parecem ser quase poderes psíquicos. Não, sério. Seu marido passa a maior parte do filme correndo apavorado, os médicos não fazem nada além de estabelecer quarentena na vila da história e tentar tratar as vítimas de Nosferatu como se tivessem a peste. Ela é quem lê como acabar com o vampiro, ela sofre com a indecisão enquanto mais e mais pessoas morrem e ela se sacrifica pelo bem de todos, ao fim. ♥ eterno.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Nosferatu também tem a distinção de trazer a tradição de que o Sol destrói vampiros - ele era uma mera inconveniência para Drácula, mas literalmente reduz Nosferatu a cinzas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Drácula (1931): </b>É o famosíssimo filme da Universal, com o Bela Lugosi. Ele é filmado em preto e branco e ainda tem uns resquícios do cinema mudo (por ser mudo, esse tipo de cinema conta mais com expressões faciais exageradas dos atores, por exemplo). Aqui, Jonathan é substituído por Renfield no primeiro ato. E um Renfield bem gatchenhow, diga-se de passagem (ele é um velhote no livro). Mais tarde, Jonathan aparecerá como personagem, mas ele é quase um coadjuvante, e o cara cético que vai dizer que vampiros não existem e o professor está variando. A grande estrela do filme é, sem sombra de dúvidas, Bela Lugosi. As expressões dele como Drácula são impagáveis. Dwight Frye como Renfield está tão insano que também rouba suas cenas. Os outros personagens acabam ficando ligeiramente apagados por eles.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://exclamationmark.files.wordpress.com/2006/08/dracula-1931.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://exclamationmark.files.wordpress.com/2006/08/dracula-1931.jpg" height="256" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Você está me dizendo que no livro, Drácula tem um bigodão? E pelos na mão?! EW.</i></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
É irônico que a versão autorizada do livro seja menos fiel à história que a “versão pirata” que era Nosferatu. Não acho que seja um filme totalmente ruim (a atuação de Lugosi é realmente magistral), mas vou falar a verdade, eu ri em mais de um ponto e fiquei cheia de perguntas em outros tantos.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Quero dizer, acompanhem comigo: o Conde compra uma propriedade e se apresenta a seus vizinhos logo que chega à Inglaterra. Ele diz, por extenso, a casa onde está e que é um prazer conhecer Seward, sua filha Mina e a amiga deles, Lucy. Certo? Certo. Daí, mais tarde, mais ou menos quando Lucy morre, o Prof. Van Helsing (em sua versão com mais cara de cientista alemão ever) descobre que o Conde é um vampiro e O CONFRONTA ABERTAMENTE sobre isso. DUAS FREAKING VEZES. A primeira pergunta que surge é: OK, o professor é imune à hipnose do Drácula. Mas isso não seria mais razão ainda pro Conde, sei lá, atirar um sofá nele e o matar de uma vez? Mas não, eles só trocam umas palavras educadas, como se estivessem discutindo porque o Conde deixou o vaso sanitário sem dar descarga.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH3aewiatuLQsoCPtU2u_QwWNkFbTwUYhA3syK-n7uSOfWaMxkJiyb56KJ1B5afNjCvdnpF2zQtzqUFO2rAQAwbXDlBf4uhHe-SIGTJJqPSac8glUysmfYS_h9e31gX6851VCmakeNmqly/s1600/07_dracula_1931.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH3aewiatuLQsoCPtU2u_QwWNkFbTwUYhA3syK-n7uSOfWaMxkJiyb56KJ1B5afNjCvdnpF2zQtzqUFO2rAQAwbXDlBf4uhHe-SIGTJJqPSac8glUysmfYS_h9e31gX6851VCmakeNmqly/s320/07_dracula_1931.jpg" height="226" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Dê. Descarga.</i></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mais tarde, Van Helsing diz que precisa achar o caixão do Drácula e estaqueá-lo, e age como se isso fosse um graaaande mistério. Mas peraí, o Conde não está NA CASA AO LADO, FOR GOD’S SAKE? ELE MESMO DISSE ISSO! Acho que o mínimo seria, sei lá, examinar a casa ao lado e ver se ele realmente mora lá, ou se deixou alguma pista. Porque isso tipo que é meio um caso de via ou morte pra Mina. Mas nãããão, a pobre garota é quase morta e, mais tarde, sequestrada pelo vampirão. Nem assim, os personagens se dignam a, tipo, IR NA CASA AO LADO. Não, é preciso que o Renfield fuja do sanatório (ele foge tanto que me pergunto se a cela dele realmente fica trancada, ou se o enfermeiro-alívio-cômico Martin realmente se preocupa em vigiá-lo) e tente se reunir a Drácula pra que Van Helsing, Harker e Seward o sigam e se dignem a, tipo, ENTRAR NA MALDITA CASA AO LADO.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas sabem qual é o pior de tudo? O CONDE AINDA ESTÁ LÁ! Ele sabe que Van Helsing sabe que ele é um vampiro, e o professor jurou Drácula de morte! E, mesmo assim, ele está ali, na casa ao lado, onde ele disse que estaria, só esperando para ser estaqueado lindamente.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Junte tudo isso ao fato de que Jonathan é clinicamente retardado e você chega à conclusão de que não é surpreendente que gerações de fãs dos filmes de Drácula sempre torçam mais pro vampiro do que pros humanos. Apesar de que Drácula não é a ferramenta mais afiada da caixa, pelo menos ele tem um levantar de sobrancelhas realmente da hora.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://m.cdn.blog.hu/fi/filmbook/image/dracula-1931-15-g.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://m.cdn.blog.hu/fi/filmbook/image/dracula-1931-15-g.jpg" height="256" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mina e Jonathan: Espera, nós somos realmente relevantes nesse livro! Vamos falar com nossos advogados.</i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><br /></b>
<b>Drácula, o Vampiro da Noite (Horror of Dracula, 1958):</b> é o primeiro filme da Hammer, com Christopher Lee como Drácula e Peter Cushing como Van Helsing. Não riam do "vampiro da noite", isso não eram pleonasmo quando a história surgiu. Ainda assim, vou me referir ao filme como "Horror de Drácula", é mais fácil.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Já vou logo avisando: ele tem defeitos especiais. O sangue parece (e muito provavelmente é) guache vermelho, as presas dos vampiros são quase uma daquelas dentadurinhas de plástico que criança ganha em pacotinhos-surpresa e o Conde não se transforma em nenhum bicho pra economizar.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.sensesofcinema.com/wp-content/uploads/images/08/47/dracula-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.sensesofcinema.com/wp-content/uploads/images/08/47/dracula-2.jpg" height="192" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Olha nos meus olhos e ME DIZ que isso não é guache.</i></div>
<br />
<span style="text-indent: 35.45pt;">Esse filme segue fracamente os três atos do livro, sendo mais fiel no segundo, de Lucy. Peter Cushing é o astro do filme (veja o filme, o nome dele é o primeiro a aparecer e o maior - Lee aparece no "also starring"), então, não é surpresa que Van Helsing roube a cena. Nesse filme, ele é o mais próximo de um herói de filme de ação que um Van Helsing pode chegar sem desfigurar o personagem, tipo certas versões. *cofHughcofJackmancof*</span><br />
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga9n1Af1gjGCcYMRzGCxW0EHIf4dozRcKLdK2hFHqwMrDmq1M8p2J9e1_V9HK174A9CtKc2K-tOjb_o6Jw3hhbL_spO5gah4HXCp34OYNflc-IqBvtb3iVMn95UQTEX_y1nphkHThtXm8/s1600/cushingcauterize.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga9n1Af1gjGCcYMRzGCxW0EHIf4dozRcKLdK2hFHqwMrDmq1M8p2J9e1_V9HK174A9CtKc2K-tOjb_o6Jw3hhbL_spO5gah4HXCp34OYNflc-IqBvtb3iVMn95UQTEX_y1nphkHThtXm8/s1600/cushingcauterize.jpg" height="240" width="400" /></a></div>
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<i>Isso é o Van Helsing de Cushing tratando uma mordida de vampiro com um ferro em brasa, caso não tenha notado. (A cena é da continuação de Horror of Dracula, mas enfim.) Top that, Hugh Jackman.</i></div>
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O filme se foca, no primeiro ato, em Jonathan e no Conde. É interessante como, assim como acontece no livro, Drácula praticamente só fala nesse primeiro ato. Daí por diante, Van Helsing assume o protagonismo e mantém até o fim. No meio do caminho, ele toma Arthur Holmwood como Watson (esse Arthur é um misto do Jonathan Harker e do Dr. Seward do livro, com uma leve dose do Holmwood do livro). Mina é uma matrona, uma personagem simpática, mas que não tem a mesma força de sua homônima do livro. Renfield está totalmente ausente, ele não cabe nessa versão da história.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Um ponto curioso é que o filme tem três personagens femininas interessantes e impactantes que não vêm do livro: a filha anônima do taverneiro, que desobedece as ordens do pai para ajudar o Dr. Van Helsing; Martha, a bondosa e meio atrapalhada empregada de Mina e Tanya, a filhinha de Mina e Arthur, que rouba todas as cenas em que aparece. Faz falta uma personagem forte como a Mina do livro, mas, pelo menos, não temos só as donzelas em perigo.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Esse filme é mais amarrado que o do Lugosi, embora eu tenha coçado a cabeça por duas ou três vezes (Drácula achou mesmo que poderia se esconder na adega da casa sem ninguém notar? E por que raios ele tenta enterrar a Mina viva enquanto é perseguido? Wth?) As interpretações estão mais bem balanceadas. Cushing é Cushing e gosto do Van Helsing dele; além disso, os atores têm uma química legal entre eles.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://erthstationone.files.wordpress.com/2012/02/dracula-christophe_1384608c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://erthstationone.files.wordpress.com/2012/02/dracula-christophe_1384608c.jpg" height="205" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>OK, Team Drácula, uma foto do Christopher Lee pra vocês. Mas não acho o ketchup na boca digno.</i></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O filme tem muito pouco a ver com o livro, pra falar a verdade, mas se sustenta tranquilamente como uma obra independente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Conde Drácula (BBC, 1977):</b> Esse é um filme que a BBC produziu direto pra TV. Oh, Deus. Oh Deus oh Deus oh Deus. Eu sou assex e não tenho pelo sexo um interesse mais do que acadêmico. Mas vou dizer pra vocês, se um dia eu fizer sexo, espero que ele faça pro meu corpo o que esse filme fez pra minha mente quando eu estava assistido. Já ouviram falar de um fã-gasmo? É uma palavra razoavelmente boa pra explicar minha reação a esse filme relativamente obscuro da BBC.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O filme tem 2 horas e meia (consideravelmente mais que seus antecessores) e, com a exceção de uma ou outra adaptaçãozinha que não prejudicou em nada a história (Mina e Lucy sendo irmãs, Drácula com mais falas além de vários cortes), é uma versão que faz jus ao material de onde saiu. Dá pra ver que foi feito por fãs do livro para fãs do livro.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
A única mudança realmente gritante de tom é que Drácula tem mais falas, desafia mais os perseguidores, é mais sutilmente malevolente. Ele também acaba sendo mais sensual que sua contraparte livresca (anos de sexualização do Drácula no cinema não vão embora tão fácil), menos violento, mas o mal dele continua lá, sutil pra quem quiser ver. No livro, Drácula é muito mais um Lúcifer levemente disfarçado que um símbolo sexual, e nesse filme ele consegue ser um pouco dos dois.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://serendipity3864.files.wordpress.com/2012/01/count-dracula.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://serendipity3864.files.wordpress.com/2012/01/count-dracula.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Tá, eu posso não ter o bigodão, mas eu TENHO os pelos na mão.</i></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Tem uma cena que achei particularmente forte e inteligente (e foi feita de uma forma infinitamente melhor do que acontece no livro): Van Helsing e Harker estão colocando hóstias nos caixões de Drácula, para impedir que eles o usem. Drácula entra de mansinho, pega um papel e algum dinheiro numa gaveta e só então bate a gaveta com força para se anunciar. Os dois homens pulam de susto e Van Helsing empunha um crucifixo. Drácula, então, tranquilo e sorridente, chama o professor de “supersticioso”, põe em dúvida a existência da alma de Mina, que eles querem tanto salvar, e se pinta como um homem que só quer seguidores. Ainda pergunta qual a diferença moral entre ele sugar o sangue das pessoas e os humanos comerem carne. Parece que ele venceu a discussão de longe, que é um homem calmo e racional sendo enfrentado por dois palhaços supersticiosos com mentalidade medieval e se mantém teimosamente em suas crenças fanáticas. Mas, e é aí que mora a inteligência da cena, Drácula não os ataca. Ele não se aproxima do crucifixo. Se o uso dele fosse “mera superstição”, por que o Conde escapa imediatamente, saltando pela janela e dizendo “Vocês pensam que não tenho mais onde descansar? Rá!” ao invés de a) destruir/converter os oponentes ou b) pelo menos sair da casa andando com dignidade, se ele quer passar uma imagem de racional e civilizado? Resposta: ele de fato é afetado pelo crucifixo, e ele realmente tem medo dos perseguidores. Sua máscara era uma tentativa de fazê-los perder a fé e baixar a guarda.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
De resto, os personagens estão bem reconhecíveis, mesmo os que foram combinados (o filme combina Quincey P. Morris e Arthur Holmwood no personagem Quincey P. Holmwood, o que acho ótimo – Quincey é mil vezes mais legal que Arthur). As atuações são fabulosas, e o Van Helsing é tão fofo, ele parece mesmo o personagem do livro – vou poupar vocês de um rosário de aclamações ao meu personagem favorito, mas, só pra ilustrar de novo a sutileza maravilhosa do filme, ele mostra o lado cientista do Van Helsing quando ele prepara o círculo de hóstias em torno de Mina e insiste que ela o ultrapasse, para ter certeza de que ela não pode (e, consequentemente, as vampiras também não). Só então ele definitivamente adota o círculo como forma de defesa. Essa cena existe da mesmíssima forma no livro.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-XCywBmoQusnaZzKO8ejYn8-RXe-rSkWZ5WCFz1kJohtNyP_UTosDlBoV2Xqg8xLF4-v9xNAsIYTRKV9cmli2Ygcke-FUBm7w77AE-rlWLlUEcmNfwYnQS0soIJmnb1K1TD0_dJmM7fG5/s400/COUNT+DRACULA6.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-XCywBmoQusnaZzKO8ejYn8-RXe-rSkWZ5WCFz1kJohtNyP_UTosDlBoV2Xqg8xLF4-v9xNAsIYTRKV9cmli2Ygcke-FUBm7w77AE-rlWLlUEcmNfwYnQS0soIJmnb1K1TD0_dJmM7fG5/s320/COUNT+DRACULA6.png" height="247" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Eu também apostaria em uma chance de 78% de Van Helsing ser um timelord, ele certamente se parece com um (e se comporta como).</i></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
E, por fim, o filme tem SNIPER MINA! *-* E ela realmente acerta dois ciganos que estão ameaçando seu amado Jonathan e seu amigo Quincey. *-* Van Helsing não tem tanta sorte com seu alvo, mas ele estava se movendo mais rápido. Além disso, mesmo sem acertar o cigano, o professor tem uma contagem de corpos maior que a do Drácula nesse filme, então a gente pode perdoá-lo. xD<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Enfim, ESSA é a adaptação que você deve assistir pra fingir pro seu professor que você leu o livro. Se tentar pegar qualquer outro filme, você se estrepa. Como é a versão mais fiel e mais inteligente, naturalmente é a mais obscura, o que é uma pena. Dizem que é a quase falta de efeitos especiais, mas convenhamos – eles quase não fazem falta. O filme tem uma atmosfera própria e a maquiagem dos vampiros e as marcas de mordida são muito mais bem feitas que em muito filme com mais orçamento. Se pelo menos eu pudesse confiar que Hollywood faria um remake sem estragar tudo, eu desejaria isso. Mas acho que é melhor que os americanos mantenham suas mãos longe dessa pequena joia. Ela é valiosa por si só.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://ferdyonfilms.com/Dracula%2010.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://ferdyonfilms.com/Dracula%2010.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mas sério, WHAT THE HELL é isso, e porque isso acontece tantas vezes ao longo do filme?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="text-indent: 35.45pt;">Drácula de Bram Stoker (1992):</b><span style="text-indent: 35.45pt;"> E aqui, precisamente AQUI está a razão pela qual eu não quero que Hollywood adapte o filme anterior. Esse é talvez a única versão de Drácula remotamente próxima ao livro que a geração atual de internautas conheceu. Olha, vou falar logo de saída: o maior pecado desse filme é se marquetear como sendo “a versão mais fiel do livro já produzida” e pôr “Bram Stoker” no título. Maldito seja Coppola.</span><br />
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjue4jD2vDZGhitnCdhI2hfPh0KjX7pVUToaHlnPCRqngWmbzrAOSz8-Tk10pVXbX1cZoIlrl1R5nSeSt1U7JFMe_ddWi9lpug3RnmSOiXi0oMnu2POwlKpjmUy1OOh5ODkR_mWmwSUW5M/s320/Bram-Stokers-Dracula-Dracula-Mina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjue4jD2vDZGhitnCdhI2hfPh0KjX7pVUToaHlnPCRqngWmbzrAOSz8-Tk10pVXbX1cZoIlrl1R5nSeSt1U7JFMe_ddWi9lpug3RnmSOiXi0oMnu2POwlKpjmUy1OOh5ODkR_mWmwSUW5M/s320/Bram-Stokers-Dracula-Dracula-Mina.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="text-indent: 35.45pt;"><i>Do que você está reclamando? Eu tenho o bigode!</i></span></div>
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O filme realmente se mantém relativamente fiel ao livro, no sentido de ter a maior parte dos personagens e de ter a mesma estrutura em três atos. E é só. No setor de fidelidade aos personagens, só foram mantidos os nomes, de resto eles são irreconhecíveis. Eu sou chata no setor de personagens, admito. Além disso, Drácula virou o anti-herói desse filme, uma figura patética (no sentido real de patético, não no sentido ofensivo) que desenvolve um romance com a reencarnação de sua ex-esposa, com ambos movendo mundos e fundos para estarem juntos.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Minha sensação é que esse filme é meio “Bram Stoker encontra Anne Rice e os dois têm um filho bastardo”. Não me entendam mal, <span style="text-indent: 35.45pt;">se você abstrai o fato de que o filme mentiu e não tem muito a ver com o livro mesmo, ou se você nunca leu o livro na vida (nem é um fã babante dele), é um bom filme</span><span style="text-indent: 35.45pt;">.</span><span style="text-indent: 35.45pt;"> Como eu disse acima, o pecado desse filme é se vender como algo que ele não é. O Drácula desse filme é tão de Bram Stoker quando o Drácula de Don Drácula. E o que mais me irrita é que, anos depois, ainda tem um monte de gente que vê o filme e julga o livro com base nele, porque MEIO que o filme se vendeu como uma adaptação fiel. Se eu ganhasse um centavo pra cada pessoa que diz “mimimi, no livro do Bram Stoker o Drácula é um monstro feio, cadê a história de amor dele com a Mina, mimimi”, eu teria mais dinheiro que a Stephenie Meyer e a J. K. Rowling juntas.</span><br />
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://cdn.mos.totalfilm.com/images/b/bram-stoker-s-dracula-400-80.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://cdn.mos.totalfilm.com/images/b/bram-stoker-s-dracula-400-80.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Uh? "Excêntrico" não significa "clinicamente insano"? Oh. Bom, tarde demais, minhas cenas já foram gravadas.</i></div>
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span>
<o:p></o:p><br />
Ah, enfim, o filme me irrita. Mas pelo menos sou honesta o bastante pra admitir que é um ódio todo pessoal. O que acho mais interessante no filme é que você pode assistir a cristalização dos clichês de vampiros da nossa época (anti-heróis atormentados, tudo o que querem é o amor de uma garota, cometem um ou dois homicídios só pra mostrarem que, ei, eles são emos, mas ainda são monstros, e por aí vai).<br />
<br />
Hum, e o reencontro da Mina com o Jonathan depois da cena final vai ser muuuuito estranho.<br />
<br />
<br />
E é isso aí. Eu sei que fiquei meio que devendo uma análise melhor de Drácula de Bram Stoker, mas... Ah, quer saber, fiquei devendo coisíssima nenhuma. Nunca prometi não ser tendenciosa. *pega o vudu de Coppola e põe uma agulha*<br />
<br />
<span style="text-align: start; text-indent: 0px;">Quanto a vocês, bravos leitores, recomendo que assistam os filmes e formem suas próprias opiniões sobre eles. Foi um processo divertido pra mim, aposto que vão gostar.</span><br />
<span style="text-align: start; text-indent: 0px;"><br /></span>
<span style="text-align: start; text-indent: 0px;">E pra fechar essa maratona, uma outra foto do Van Helsing do Cushing. Porque o blog é meu e coloco fotos dos meus personagens preferidos o quanto eu quiser.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: start; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.bluemilkspecial.com/wp-content/uploads/2011/02/Hammer-1958-Horror-Of-Dracula-Peter-Cushing-Van-Helsing-7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.bluemilkspecial.com/wp-content/uploads/2011/02/Hammer-1958-Horror-Of-Dracula-Peter-Cushing-Van-Helsing-7.jpg" height="220" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i>Ei, taverneiro, eu vi a comida se mexer!</i></div>
Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-85439730354701360512012-12-13T17:58:00.000-08:002013-06-30T22:44:25.409-07:00Pôneis de novoÉ, de novo. Meu blog, minhas regras.<br />
<br />
Aprendam um pouco sobre a filosofia dos pôneis vampiros. Já falei de My Little Pony e o Conservatório <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2012/04/era-uma-vez-um-casal-de-poneis.html" target="_blank">nesse post</a>. E <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2012/06/problem.html" target="_blank">nesse</a>.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr9M9B8pjHGxKT17etw_dqGyPwfFXGH_LCl1ff9M-vlPJyIN7dAS72aEHgEEHw3aU7Q_HdSYEzY5ENh6lPve1vUZ81y0O1jclCLzJ603DmZQFhKRrE4QckXA_iJLAokKZ-I_bsUPpiU4A/s1600/Imagem1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr9M9B8pjHGxKT17etw_dqGyPwfFXGH_LCl1ff9M-vlPJyIN7dAS72aEHgEEHw3aU7Q_HdSYEzY5ENh6lPve1vUZ81y0O1jclCLzJ603DmZQFhKRrE4QckXA_iJLAokKZ-I_bsUPpiU4A/s400/Imagem1.png" width="305" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Isso são pôneis de cristal: [<a href="http://stuffpoint.com/my-little-pony-friendship-is-magic/image/210128/crystal-ponies-picture/" target="_blank">LINK</a>] Digam se não são Cullens quadrúpedes</i>.</div>
Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-25918462830106042202012-10-17T19:37:00.001-07:002012-10-17T19:41:40.943-07:00Um bom resumo do relacionamento deles<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiTu89kT0-9ZdEkJEzFKg0QQ1NTKi5DBgC2AMkgU9Q0GqH7Dg4DJyLKEIZthhlcN9Gt8ZDdSh0Hwct8gXvnn790lEdv28nhHwlIp80lCYtts0DKZHDqOtIR_hAc-1EA8HpRUdsalIGM9s/s1600/tirinha+1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="356" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiTu89kT0-9ZdEkJEzFKg0QQ1NTKi5DBgC2AMkgU9Q0GqH7Dg4DJyLKEIZthhlcN9Gt8ZDdSh0Hwct8gXvnn790lEdv28nhHwlIp80lCYtts0DKZHDqOtIR_hAc-1EA8HpRUdsalIGM9s/s400/tirinha+1.png" width="400" /></a></div>
<br />
...Sim, Diego e Cristina têm esse tipo de relacionamento. Diego <strike>é masoquista </strike>gosta de desafios.Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-22610639102903317402012-09-28T18:27:00.001-07:002012-09-28T18:27:48.286-07:00Sobre cães e pessoasSei que o que vou dizer não tem nada a ver com literatura ou o que quer que seja, mas precisa ser dito. Quem achar bobagem, pode voltar aqui depois, quando teremos (assim espero), um post mais alto-astral. Mas não posso ficar calada diante dos verdadeiros horrores que presenciei há alguns meses. Esse post ficou nos rascunhos esse tempo todo porque era algo doloroso de se falar.<br />
<br />
Quem me acompanha no facebook e quem lê regularmente o Bram & Vlad deve ter ouvido falar da Nina, uma cadelinha que pegamos antes da novela com sua homônima aparecer. Minha mãe e eu a encontramos perdida no centro da cidade e a levamos para casa, depois dela quase ter sido atropelada. Ela se mostrou logo animada e brincalhona, um amor de cachorra, mas era grande demais para nosso apartamento. Procuramos dono para ela e, com muita dificuldade, descobrimos que a moça da limpeza da nossa escola a queria. Pouco depois que a entregamos para a nova dona, saiu o resultado do exame de sangue que fizemos nela: ela estava com leishmaniose.<br />
<br />
(Aqui, faço uma pausa para refrescar os conhecimentos de Biologia de vocês: a leishmaniose é causada por protozoários do gênero <i>Leishmania</i>, que podem usar como hospedeiro tanto o homem quanto o cão, e outros mamíferos. A doença é transmitida pela picada do mosquito-palha (ou birigui) e tem duas formas: a cutânea e a visceral. A cutânea é menos grave, e causa feridas horrorosas na pele. A visceral ataca órgãos vitais e é gravíssima.)<br />
<br />
Como esse exame às vezes dá falso positivo, fizemos pelo menos três para confirmar. Nesse meio tempo, Nina fugiu da casa da dona e foi parar, três dias depois, na porta do meu prédio, com a maior cara lavada. Sabíamos, então, que ela era <i>nossa </i>responsabilidade, de ninguém mais.<br />
<br />
Para encurtar a história, exatos dois meses depois que achamos Nina na rua, veio a resposta final: ela realmente estava com leishmaniose.<br />
<br />
Decidir o que fazer foi extremamente difícil. Quer dizer, a leishmaniose tem tratamento. É bem caro, mas existe. Os remédios fortes eventualmente fazem o fígado e os rins do cachorro pararem, mas ele pode ter uma vida relativamente normal até lá. O problema é que o tratamento não impede a transmissão e, como eu disse acima, ela acontece por causa de um mosquito. Tratar leishmaniose significa que você deve, além dos remédios e exames, manter seu cão constantemente protegido contra mosquitos, usando coleiras anti-pulgas e sprays de citronela, além de ter que trancá-lo em um ambiente telado nos horários de maior incidência do mosquito. Se você falhar na proteção do seu cão, bem, Belo Horizonte é um foco gigante de leishmaniose e outros cães e pessoas podem ser infectados. Em caso de idosos e crianças, a doença pode levar à morte. Se querem saber o quanto é difícil controlar surtos de doenças transmitidas por mosquitos, apenas conte há quantos anos você assiste propagandas de combate à dengue na TV.<br />
<br />
Se a doença não tivesse esse agravante de passar para seres humanos, seria mais fácil para nós tratarmos a Nina, mas minha família chegou à conclusão que não estávamos preparados para a enorme responsabilidade de impedir que a doença da Nina se alastrasse. Ninguém mais se ofereceu para cuidar dela (se já era difícil quando pensamos que estava saudável...), e fomos ficando sem opção. Por fim, ela foi recolhida pela Prefeitura para o sacrifício.<br />
<br />
Não vou dizer que foi a decisão mais agradável para mim, que não restou nenhum traço de culpa, que questionamentos ainda não pipocam aqui e ali. Meu único consolo é que ela está bem, agora, e nem chegou a sofrer com a doença, que deixa o cão num estado lastimável.<br />
<br />
Se você está achando que esse foi o horror daqueles meses, saiba que não, não foi.<br />
<br />
Durante o período em que estávamos tentando achar um lar para a Nina, minha mãe e eu entramos em contato com o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de BH, com várias ONGs de proteção aos animais, com pessoas que decidem recolher animais de rua para achar lares para eles e todo esse universo dos animais abandonados.<br />
<br />
Eu não estava preparada para o que acabei descobrindo.<br />
<br />
Quer dizer, todo mundo mais ou menos sabe que existem muitos animais abandonados, que os defensores dos animais estão sempre atrás de dono para algum animal, que a leishmaniose é uma preocupação séria em BH. Mas cara... CARA!<br />
<br />
Tanto o CCZ quanto as ONGs que contatamos têm dezenas (quando não chegam a centenas) de animais esperando adoção. Raramente um defensor dos direitos dos animais tem menos de dez cães em casa. Desses todos, muitos estão doentes. Tratamento veterinário é caro e raríssimos são os veterinários que aceitam fazê-lo de graça ou pela metade do preço quando se trata de um cão abandonado. Não existe atendimento veterinário público, e nem o Governo disponibiliza todas as vacinas necessárias o ano inteiro. Isso faz com que ter um animal saudável e imunizado seja um luxo de quem tem algum dinheiro, e faz com que as áreas mais pobres sejam ninhos de doenças. E isso é irônico e triste, porque é nessas regiões que as pessoas estão mais dispostas a cuidar de animais abandonados. Onde há gente com grana, ninguém quer nem olhar pro bicho doente. Aliás, pelo tanto de animais de raça abandonados, são as pessoas com condições de cuidar dos animais que os abandonam.<br />
<br />
Se isso não basta para horrorizar alguém, ontem mesmo vi no Facebook um cara que recolhe animais, trata e depois procura donos para eles. Esse rapaz está com a vida toda complicada por causa disso, mas simplesmente não consegue parar de ajudar os animais doentes e abandonados que vê. Muitos de raça. E são sempre histórias difíceis, como a do cachorro com um tumor estourado nas costas, ou do cão abandonado duas vezes, mas que andou quilômetros para chegar de novo em casa, apenas para ser maltratado e mantido do lado de fora.<br />
<br />
Que tipo de seres humanos nós somos, ou estamos querendo ser? Onde está nossa responsabilidade como guardiães de seres vivos que <i>confiam </i>em nós? Eu sei que as pessoas têm dificuldade de entender minha simpatia pelos animais que comemos, até porque alguma distância emocional é necessária entre você e sua comida. Mas cara, animais de estimação não pedem para ser adotados, nós os tiramos se sua mãezinha e os levamos para casa porque eles são fofos e fazem carinhas bonitinhas, e nós temos a cara de pau de jogarmos esses animais na rua quando <i>nos cansamos</i> deles. Cara, deixar uma planta morrer porque você esqueceu de aguar já é um verdadeiro crime, já que a planta depende inteiramente de nós e nem pode fazer barulhos que indiquem que está com sede. Mas jogar na rua um animal que nunca aprendeu a procurar seu próprio alimento porque nunca permitimos isso mostra muito a respeito daquele egoísmo cosmicamente grande que todos temos dentro de nós e tentamos negar.<br />
<br />
Já fiquei sabendo de gente que ia soltar o cachorro porque ia viajar por 15 dias para a praia e cães não eram permitido lá onde eles iam. É.<br />
<br />
Por favor, amigos que me leem aqui: adotar um animal de estimação é como adotar uma criança que não cresce. É um compromisso que você vai carregar por uns 15 anos, no mínimo, um ser que dependerá de você para tudo, e que não será aceito em todos os lugares que você for. É um filho seu, que deverá ser bem cuidado, alimentado, educado e amado. Você não precisa virar uma socialite que mima o bicho de estimação mais do que mimaria uma criança, mas não pode se esquecer de que a VIDA do seu animal gira em torno da sua, e se você o negligenciar, ele vai morrer. E o pior: ele não é um tamagotchi com botão de "reset". Ele não vai ressuscitar e nenhum animal que você comprar para substituí-lo vai ser igual a ele.<br />
<br />
Está passando da hora da Humanidade crescer e se tornar mais responsável...Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-76298261989668985562012-09-18T09:18:00.001-07:002012-09-18T09:39:45.426-07:00Cenas deletadas do Conservatório<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCru2xpRfHIhDg-b4YRZrHAJwXs30uyW3GygL2JqNM2iETyX5YmUZmhsX6coiwMnXC6Y3n2eQ1AlEQYFhOt6Ib0uSH0S60jzWRjWLRkUQqQe5wRiltG5qKXvLTJ-XmiM9ew1yJgRAnGOw/s1600/Diego+bored+-+C%C3%B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCru2xpRfHIhDg-b4YRZrHAJwXs30uyW3GygL2JqNM2iETyX5YmUZmhsX6coiwMnXC6Y3n2eQ1AlEQYFhOt6Ib0uSH0S60jzWRjWLRkUQqQe5wRiltG5qKXvLTJ-XmiM9ew1yJgRAnGOw/s320/Diego+bored+-+C%C3%B3pia.jpg" title="Eu estava entediada e desenhei em folhas de bloquinho, ok? Não me julguem." width="155" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<i>Sexualizar tudo leva a complexos de Édipo onde não existem. #fikdik</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>(A Annette é a mãe adotiva do Diego e quem o transformou em vampiro, para começo de conversa. Esse povo que não lê os posts sobre os personagens que fiz lá em 2009/2010... U.U)</i></div>
Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-21271769657891727402012-09-10T18:20:00.003-07:002012-09-18T09:39:29.979-07:00Sonia Belmont e como todos perdem com o machismoEu tava preparando um texto sobre literatura policial pra postar por aqui, mas antes dele ficar pronto, acabei me envolvendo numa pequena discussão sobre Castlevania e achei que valia a pena dar meus dois centavos aqui.<br />
<br />
Apesar do grande número de garotas gamers, e desse número crescer a cada dia, as pessoas insistem em achar que "videogame é coisa de menino" e que um game não vai vender se não tiver protagonistas homens fazendo coisas de homens. *suspiro*<br />
<br />
Muita gente acha que é frescura quando se fala em machismo em jogos, mas ouçam a história que tenho para contar e vejam se conseguem entender meu ponto.<br />
<br />
Olha, sou uma tentativa de escritora, e tentativa de cartunista, e sempre fui fascinada com contação de histórias. Pra mim, videogames sempre atraíram quando permitiram que eu interagisse com uma história (mesmo que boa parte dessa história se passe na minha cabeça). Logo, já digo de saída que nunca jogo nada em busca de dificuldade e grandes desafios, mas como uma forma high-tech de brincar com bonecos vivendo aventuras - as falas e a trama que o jogo pode ter são bônus muitíssimo bem-vindos. Agora, ficar horas morrendo num trecho de jogo porque meu timing em apertar um botão não é bom é algo que dispenso totalmente. É por isso que, de maneira geral, só jogo no fácil, com emuladores que me permitam ir salvando a hora que eu quiser e, se necessário, usando códigos que facilitem as partes de batalha. (Ganhar level em RPG é outra coisa que não me desce.)<br />
<br />
Enfim, é difícil achar o tipo de jogo que eu gosto, e ainda mais difícil conciliar o jogo com minhas milhares de inventações de moda, mas houve um tempo que jogos de Game Boy, NES e SuperNES me entretiveram por tardes a fio (usando slots para salvá-los a cada progresso, claro). Foi numa dessas que me apeguei à série Castlevania. Não tem nada para não se gostar na série: é sobre caçadores de vampiros (os Belmont) que saem matando cruz-credos com um chicote e outras armas... e é isso. O grande vilão da série é Drácula (claro) e o climão dark dos jogos, mesmo quando feitos com os gráficos mais pixelizados do mundo, são um atrativo à parte.<br />
<br />
Mais ou menos quando descobri toda a magia de Castlevania, joguei Pokémon Gold/Silver pela primeira vez. E, pela primeira vez, joguei um jogo onde você podia escolher entre dois protagonistas: um menino e uma menina. UMA MENINA. Todos os personagens com os quais eu já tinha jogado antes eram homens. TODOS. A primeira vez que joguei com uma menina, em pokémon, percebi que isso era algo que eu tinha sentido falta o tempo todo, só não sabia disso ainda.<br />
<br />
Não me entendam mal. Por mim, não há nada de errado em você controlar, em um jogo, um protagonista que não seja do mesmo sexo que você. É só que, de uma dúzia de jogos que eu já tinha experimentado, NENHUM tinha uma garota com a qual eu pudesse jogar. A variedade me deixou muito feliz. Foi aí que, procurando por novos Castlevanias, topei com a história de Castlevania Legends e sua heroína, Sonia Belmont.<br />
<br />
A primeira coisa digna de nota a respeito dela é seu visual:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://images3.wikia.nocookie.net/__cb20110215165919/castlevania/images/thumb/0/0c/Sonia~.jpg/250px-Sonia~.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://images3.wikia.nocookie.net/__cb20110215165919/castlevania/images/thumb/0/0c/Sonia~.jpg/250px-Sonia~.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Tá encarando o quê?!</i></div>
<br />
Cara de poucos amigos, coberta de roupas e carregando uma arma. "OMGOMGOMG", pensou meu eu de 15 anos, "agora sim tenho uma foto decente e maneira pra caramba pra colocar como meu avatar em sites de games, ao invés daquela rosidão de Peach e Zelda, ou aquelas caras de bobalhonas das assistentes de herois dos jogos."<br />
<br />
De acordo com o jogo, estamos no século XV e Sonia e seu avô são os últimos da família Belmont (já que nenhum outro parente é mencionado), uma família de nobres valorosos. Ela possui o poder de ver coisas sobrenaturais, e foi treinada para a luta contra criaturas da noite. Aos 17 anos, ela conhece um jovem chamado Alucard e os dois ficam muito... amigos. Daí, o jovem sai em busca de seu pai e Sonia toca sua vida. Noite dessas, ela volta para seu castelo, apenas para achá-lo arrasado pelos servos de Drácula e seu avô mortalmente ferido. Ela pega o chicote dele, o Vampire Killer, como lembrança em sua cruzada contra a opressão de Drácula e em busca de vingança. Ela, então, invade o castelo de Drácula e, a cada monstro morto, suas habilidades de combate crescem, graças ao chicote.<br />
<br />
Quando ela está a caminho de mostrar um pouco de JUSTIÇA ao Conde, Sonia se encontra com seu... amigo Alucard e os dois se surpreendem ao se verem. Ele diz que é filho do Conde e que sente que é sua obrigação parar seu pai. Alucard também diz que essa aventura é muito perigosa para ela, e manda que ela volte pra casa (e pra cozinha, aparentemente), enquanto ele faz seu trabalho de herói. O teor da resposta de Sonia é sem preço:<br />
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"Como se VOCÊ fosse páreo pra ele."<br />
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(OK, não foram essas as exatas palavras, mas foi algo por aí. E isso por que há uma clara tensão romântica entre os dois, o que não a impede de mandá-lo às favas com sua preocupação cavalheiresca.)<br />
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Alucard fica mordido, claro, e diz a Sonia que ele só vai deixá-la enfrentar Drácula se ela puder vencê-lo em combate. Ao que ela responde algo como "vambora" e limpa o chão com ele. Alucard, ferido em seu orgulho, diz que aprendeu uma lição naquela noite e decide entrar em sono eterno, já que ele ainda ama seu pai (apesar de tudo) e não quer testemunhar a queda dele. Ou algo assim.<br />
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<a href="http://images3.wikia.nocookie.net/__cb20110216091233/castlevania/images/0/0c/CastlevaniaLegends5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://images3.wikia.nocookie.net/__cb20110216091233/castlevania/images/0/0c/CastlevaniaLegends5.png" /></a></div>
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<i>Mau perdedor você, Alucard.</i></div>
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<br /></div>
Independente do motivo, Sonia vai em frente, e limpa o chão com Drácula também. Enquanto ele morre (pelo menos pelos próximos tantos anos), o vampiro usa o clássico jargão de "você me venceu agora, mas eu voltarei", ao que Sonia responde, friamente: "Quando você voltar, se eu não estiver aqui, outro estará em meu lugar." Após isso, ela caminha em direção ao horizonte, parando apenas para ver o castelo de Drácula se desfazer em ruínas.<br />
<br />
CARA, ISSO FOI TÃO LEGAL, EU NUNCA TINHA JOGADO COM UMA MULHER TÃO LEGAL, QUE REALMENTE MATA OS MONSTROS E TEM ESSAS FALAS MANEIRAS. *-* ~> Direto do meu eu de 15 anos. Tenha paciência com essa antiga Adriana, ela gostava de Caps Lock. Mais do que eu gosto hoje, quero dizer.<br />
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Como se Sonia não fosse durona o bastante pra bater no namorado e no vilão e ainda parecer bacanuda, o final bom do jogo diz que Sonia logo depois teve um filho, para continuar o legado dos Belmont. Se isso parece bobagem, ou parece indicar que ela foi pra cozinha depois de matar Drácula, duas informações:<br />
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a) O filho dela é um Belmont, o que quer dizer que, ou ela se casou com um parente (o que não parece ser o caso, já que Drácula parece ter matado toda a sua família), ou ela foi mãe solteira. Freaking mãe solteira no século XV! E, pela sua cara na tela de créditos, tava ligando um nada para o que os outros pensam disso.<br />
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<a href="http://images1.wikia.nocookie.net/__cb20090111145522/castlevania/images/8/8a/Infant_Trevor_in_Legends.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="http://images1.wikia.nocookie.net/__cb20090111145522/castlevania/images/8/8a/Infant_Trevor_in_Legends.JPG" width="320" /></a></div>
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<i>...e ele que não treine, não, pra ver o que lhe acontece.</i></div>
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b) Esse menino é ninguém menos que Trevor Belmont, um dos Belmont mais durões da série. Não sei vocês, mas eu gostava de imaginar Sonia com o Vampire Killer na mão, treinando seu filho a chicotadas até ele virar o Trevor que todos conhecem e respeitam. E melhor ainda era imaginar Trevor, homem alto e espadaúdo, tomar a mão dela dizendo, humilde "bença, mãe".<br />
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<a href="http://images1.wikia.nocookie.net/__cb20060422222227/castlevania/images/2/29/Cv3_trevor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://images1.wikia.nocookie.net/__cb20060422222227/castlevania/images/2/29/Cv3_trevor.jpg" width="232" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Bença, mãe.</i></div>
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c) Sonia mãe solteira... Filho nascido pouco depois da despedida dela e do Alucard... OH GOD, A SONIA E O ALUCARD... NÉ? <3 br="br">
De acordo com o jogo, fica estabelcido que Drácula e Alucard se tornaram vampiros porque Drácula vendeu sua alma e a do filho ao demônio em troca de poder, e que os Belmont são descendentes da incrivelmente durona Sonia e, ao que dá a entender de Alucard também, criando a deliciosa ironia de vermos a família que persegue Drácula tão duramente ser, na verdade, aparentada a ele. (Isso se casa com as lendas da Europa Oriental, onde os melhores caçadores de vampiros são os meio-vampiros...)<br />
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Eu estava feliz com essa. O jogo é feioso e nenhuma obra-prima, mas foi divertido. Além disso, Sonia Belmont é uma das raras heroínas que toma o destino nas próprias mãos, dá um chega pra lá no namorado quando ele começa a querer ficar dominador demais, prova seu valor, encontra seu destino e ainda se torna uma lenda. O que há aqui para não se gostar?<br />
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Foi aí que aconteceu algo chamado <i>Castlevania: Lamment of Inocence</i>. Não me entendam mal: é um bom jogo, e a história pode até ser clichezinha, mas é bacana. Basicamente, o jogo propõe uma nova origem para Drácula e os Belmont, que entra em conflito direto com a história de Sonia. Com isso, o jogo dela foi cortado da cronologia oficial. Até ai, beleza, retcons acontecem o tempo todo. Mas vejam o que o chefe da equipe de desenvolvimento de Castlevania, Koji Igarashi, alegou para ter cortado Sonia, ao invés de fazer um remake do jogo dela (eles já tinham feito 3 remakes do primeiro Castlevania):<br />
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"EGM: Você faria um Castlevania com uma personagem principal feminina?<br />
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IGA: Hm, tem problemas complicados com isso. Como jogador, acho que você se torna um com o personagem e já que Castlevania tem muitos jogadores homens, é natural termos personagens homens. Em Rondo of Blood, Maria eram uma assistente bobinha e bonitinha, mas você ainda tinha Richter para tornar a coisa séria. (...)<br />
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</3><br />
<div style="background-color: white;">
EGM: Depois de Tomb Raider, você não acha que uma personagem feminina seria mais aceitável?</div>
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<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7617002258994444497" name="continuity"><br /></a></div>
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IGA: É possível, acho. Apesar de que eu cortei a personagem Sonia Belmont (de Castlevania Legends, pra GBC) da cronologia oficial de propósito. (Risos.) Geralmente, nas histórias de vampiros, mulheres tendem a ser sacrificadas. É mais fácil, então criar personagens fracas e femininas. Vou pensar mais nisso no futuro, entretanto. É difícil encaixar uma heroína nas histórias mais antigas de Castlevania, mas à medida que você se move para os dias de hoje, é mais fácil mulheres se tornarem heroínas."</div>
<div style="background-color: white;">
<br /></div>
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A entrevista completa é de 2003 e pode ser lida nesse link: <a href="https://groups.google.com/forum/?hl=en&fromgroups=#!topic/alt.fan.nb/MKYmUPKsZxw" style="background-color: transparent;">https://groups.google.com/forum/?hl=en&fromgroups=#!topic/alt.fan.nb/MKYmUPKsZxw</a></div>
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Tipo, SÉRIO CARAS, vocês cortaram uma protagonista legal pra caramba da série porque "em histórias de vampiros, mulheres são sacrificadas"?! E não me venham com essa história de que no século XV é pouco provável que uma mulher seja heroína, mimimi. ESSA É UMA FREAKING HISTÓRIA DE VAMPIROS, DROGA. Fidelidade na representação do machismo de fins da Idade Média é o que menos importa nesse ponto. Tantos personagens foram reconstruídos, como o próprio Drácula, o Alucard, o Trevor, CUSTAVA reconstruir a Sonia e ter mais uma mulher forte na franquia? Melhor, uma FREAKING BELMONT MULHER?! Mas nããããão. "Menino não gosta de jogar no papel de menina, mimimimimimimi", a desculpa MAIS FURADA EVER desde Samus Aran e Lara Croft.<br />
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É claro que o cara não é o pior homem da face da Terra, claro que personagens femininas continuaram sendo auxiliares (muitas jogáveis) em Castlevania e, recentemente, criaram uma protagonista mulher, a Shanoa (que não é uma Belmont D:), acho que tentando apagar essa imagem machista criada por essa entrevista infeliz. O fato é que explicações assim nem sequer cabem nos dias de hoje. A entrevista nem é da década de 70 ou 80 para justificar a desculpa esfarrapada de que "Castlevania é jogo de homem".<br />
<br />
Minha zica aqui não é contra o Igarashi, contra a Konami, ou um mero mimimi de fã que queria a Sonia de volta ao canon (apesar de eu não ficar triste se isso acontecer). O que me deixa preocupada é: quantas boas histórias estão sendo deixadas de lado porque "isso ou aquilo não é coisa de menino ou de menina"? Quantos planos para novas heroínas (e heróis menos convencionais, por que não?) estão sendo engavetados porque algumas pessoas não se sentem confortáveis criando histórias com eles e nem se esforçam para sair do terreno do clichê?<br />
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Sei que aspirantes a autores, cartunistas e desenvolvedores de jogos acessam esse blog vez por outra. Vamos todos então nos questionar isso de tempos em tempos, então?<br />
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<a href="http://true-defiance.deviantart.com/art/CV-Problems-and-Loopholes-pg3-63525876?q=boost%3Apopular%20sonia%20belmont&qo=94" target="_blank"><img border="0" height="400" src="http://fc09.deviantart.net/fs19/i/2007/240/d/c/CV__Problems_and_Loopholes_pg3_by_True_Defiance.jpg" width="286" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Sonia resolve o problema de seu corte da cronologia de forma delicada e feminina</i>.</div>
<!--3-->Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-4552075911803683992012-07-22T14:25:00.002-07:002012-11-08T17:49:39.521-08:00Recap de Drácula - Parte 2Vamos continuar nossa cruzada no esclarecimento de quem nunca leu Drácula, o livro, na vida. Se você caiu aqui de pára-quedas, <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2012/07/recap-de-dracula-parte-1.html" target="_blank">volte na parte 1 agora</a>!<br />
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Se já leu a parte 1, pode clicar na quebra. É a hora de Mina Harker, uma das heroínas mais injustiçadas da literatura, mostrar a que veio. Aproveito para mostrar por que eu acho que esse livro pode até não ser feminista, mas está longe de ter uma mensagem machista. (E por mais que a <i>Liga Extraordinária</i> de Moore seja legal e eu tenha gostado... por mais que as desconstruções de Drácula sejam legais... Eu não consigo ver o casamento dela com Jonathan se deteriorando depois da morte de Drácula, nem Mina sentindo qualquer saudade do Conde. Malzaê.)<br />
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<a name='more'></a><br />
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No recap passado, eu disse que, entre a morte de Lucy e sua transformação em vampira, o professor Van Helsing visitou Mina Harker. Eu não falei muito disso antes para não quebrar a sequência dos eventos, mas agora vamos voltar a essa parte.<br />
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Após receber alta do hospital e voltar a Londres, o chefe de Jonathan Harker decide promovê-lo a sócio de sua empresa. É difícil dizer se ficou impressionado com o volume de vendas que ele fez ao Conde, ou se ficou com medo de que Jonathan, órfão e sem parentes próximos, ficasse desamparado caso algum imprevisto aconteça. E ele acontece: logo que é promovido a sócio, Harker perde seu ex-chefe e única figura paterna que tinha. Como se não bastasse, quando faz um breve passeio a Londres juntamente com Mina, adivinhem quem ele vê passeando livre, leve, solto e rejuvenescido, depois de todo o sangue que já bebeu (apesar de que a cicatriz na testa ainda está lá...)? Sim. O Conde Drácula.<br />
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<a href="http://www.superwallpapers.com.br/fotos-gratis/tempestade-de-raios-a-noite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://www.superwallpapers.com.br/fotos-gratis/tempestade-de-raios-a-noite.jpg" width="320" /></a></div>
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<i>Tá, parei.</i></div>
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Com isso, Jonathan tem uma recaída de sua "febre cerebral", e revela a Mina o diário que manteve no Castelo Drácula.<br />
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Ao receber a carta de Van Helsing, Mina chega a pensar que ele quer recriminá-la por alguma coisa em relação à morte de Lucy, mas também se consola com o pensamento de que pode consultá-lo a respeito do marido. Nesse ponto, é preciso que eu fale um pouco sobre o humor sutil do livro: o Professor tem um humor negro/sarcástico que mais de uma vez faz o Dr. Seward levantar as sobrancelhas. Já Mina tem um humor irônico tão sutil que quase se perde no ruído da história. Por exemplo, quando o Professor pede a ela que dê esclarecimentos sobre a doença de Lucy, Mina diz que pode relatar tudo corretamente. Van Helsing observa que memória para minúcias não é uma característica comum em senhoritas e ela replica que ela não tem essa memória, apenas relatou tudo em diário. Sé que, como pontuei na parte 1, pouco mais adiante nesse diálogo, Mina diz que decorou a FREAKING TABELA FERROVIÁRIA DA CIDADE DELA. Não se faz isso sem boa memória.<br />
<br />
Talvez invocada com a opinião do professor a respeito de sua memória, talvez sentindo que ele é um tipo sabichão e querendo lhe dar uma lição, Mina apresenta a ele o diário para que ele leia os detalhes que quiser. Só que o diário dela está escrito código, lembram? O professor acaba levando a coisa na esportiva, tão na esportiva, na verdade, que Mina fica um pouco sem graça e passa a cópia datilografada do diário. Isso por que ela já imaginou que o Professor poderia querer ler sobre a doença de Lucy e datilografou previamente essa parte. Proatividade nível 100.<br />
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Ela dá um tempinho para que Van Helsing leia as páginas e, quando ele a parabeniza por todas as coisas que ele aprende nessa leitura, Mina termina caindo em pranto diante dele e pedindo ajuda para o caso do Jonathan. É o primeiro ataque de nervos dela no livro, sendo que o marido dele já teve dois (e o Professor teve um no enterro de Lucy, que não foi resolvido nem com bofetadas). Quem é o sexo frágil agora? Hein? Hein?<br />
<br />
Ele a acalma, pacientemente, e extrai dela os acontecimentos envolvendo Jonathan. Pega o diário dele para se inteirar do assunto, e promete que o examinará pela manhã seguinte. À tardinha, ele manda uma carta dizendo que já leu o diário de Harker e que tudo ali é verdade, além de solucionar o mistério que ele investigava (isso é, quem era o ser que atacou Lucy). Saber que não está delirando quando se lembra das vampiras e de outras experiências traumáticas da Transilvânia faz tanto bem a Jonathan que ele vai no hotel do Professor recebê-lo, na manhã seguinte, e os dois se tornam bons amigos.<br />
<br />
Depois desse interlúdio, temos todo o processo do estaqueamento da Lucy, de que já falei. Logo após voltarem do cemitério, Van Helsing já telegrafa para o casal Harker e pede para que eles viajem para Londres. Mina viaja imediatamente, enquanto Jonathan aproveita sua nova posição de dono de uma firma imobiliária para poder investigar as idas e vindas do Conde.<br />
<br />
Vou resumir essa primeira fase da campanha contra o vampiro em três fatos importantes: a) A sensibilidade feminina de Mina e seu pragmatismo conquistam para ela a amizade (levemente colorida) dos três ex-pretendentes de Lucy, b) Mina e Jonathan levantam dados e datilografam resumos e evidência com eficiência de dar inveja ao CSI, c) Van Helsing faz sua famosa palestra, em que ele diz tudo o que aprendeu sobre vampiros durante o tratamento de Lucy, e que vira a base da literatura de vampiros que virá depois.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAjzVRKkvAD8NjOLkigBPwTfa0fTGEmb3VjjSIHyvRBJOiEbNqxZ_6jV9SlTNOwy75k56gDwymcpZQEz5_CW9UIVrtKkQZ6V4oHgO8S2aE_UVjEe6S2-6u9p_rz1OyFxs8jt35PhyphenhyphenCuGss/s1600/csi01_1024x768.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAjzVRKkvAD8NjOLkigBPwTfa0fTGEmb3VjjSIHyvRBJOiEbNqxZ_6jV9SlTNOwy75k56gDwymcpZQEz5_CW9UIVrtKkQZ6V4oHgO8S2aE_UVjEe6S2-6u9p_rz1OyFxs8jt35PhyphenhyphenCuGss/s320/csi01_1024x768.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>CSI - Londres Vitoriana</i></div>
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Ao fim da palestra, o Professor chama Seward de lado e decide cortar Mina totalmente da campanha, "porque ela é mulher, e as coisas já são feias o bastante para os homens". Feministas trincam os dentes nesse ponto, mas tentemos olhar pela perspectiva do professor: ele é, presumivelmente, um cinquentão (ou sessentão muito bem conservado), e parece ser o tipo que baba por mocinhas jovens que lhe deem atenção, o que quer dizer que caiu por Lucy e Mina à primeira vista. Faz apenas um (longo) dia que Lucy foi estaqueada e ele ainda tem esse estresse emocional nos ombros. Adicionemos a isso o fato de que o Conde não fez esforço para morder nenhum homem (ele poderia facilmente ter vampirizado o Dr. Seward, que, ao contrário de Van Helsing, é protestante e nunca usou um crucifixo enquanto vigiava o sono de Lucy); o tempo todo o vampiro é visto correndo atrás de garotas (estava perseguindo uma em Londres). Parece bem óbvio que Mina seria o alvo preferencial dele por ser mulher, e isso não tem nada a ver com o quanto ela é inteligente ou durona.<br />
<br />
Infelizmente, essa atenção cavalheiresca não atinge seu objetivo. Com Mina à margem do grupo e, de certa forma, recebendo menos atenção dos atarefados homens, logo vemos com terror ela ser atacada e, como Lucy, não conseguir falar nada a ninguém de seus incômodos.<br />
<br />
Nesse ponto, preciso falar mais de Renfield, o paciente que mencionei de passagem na parte anterior. Ele está quase sempre dando as caras no diário do Dr. Seward, onde às vezes se mostra praticamente são, às vezes um pouco louco, às vezes muito louco e, com o Conde por perto, homicidamente louco. Demora para cair a ficha do médico, mas logo que Harker reconhece a mansão ao lado do hospício como uma das casas que vendeu ao Conde, Seward nota que as crises de Renfield coincidem com os ataques sofridos pela Lucy. Aparentemente, a natureza "vampírica" da loucura de Renfield faz com que o Conde tenha sobre ele quase o mesmo controle que tem sobre os animais.<br />
<br />
Todos passam a vigiar o paciente, tentando obter pistas sobre o Conde através dele, mas sem muito sucesso. Até uma noite em que ele é ouvido gritando e é encontrado quase morto à beira da cama, em uma poça de sangue. Seward e Van Helsing são os primeiros a acudir os chamados dos enfermeiros, e, ao vê-los Renfield faz a terrível (mas absolutamente óbvia) revelação: o Conde está no hospício, e tem bebido o sangue de Mina já há alguns dias. <strike>Seus burros.</strike> Morris e Holmwood chegam, e o homem explica que, a princípio, o vampiro prometeu a ele vidas animais em abundância, mas, como nunca cumpriu suas promessas, Renfield vai ficando cada vez mais arrependido de permitir a entrada do Conde a cada noite e de emprestar a cela dele para que Mina possa ser drenada sem interrupções. O pobre louco tenta impedir o vampiro, mas é esmagado como um inseto.<br />
<br />
Com o coração apertado, os quatro vão até o quarto dos Harker ver se está tudo bem. Quando estão parados à porta, o Dr. Seward relembra que não é educado entrar sem avisar nos aposentos de um casal. Vai que Drácula não passou por ali e eles estão se divertindo, né? O leitor então sente o calor emanar do livro enquanto Van Helsing reprime sua irritação, e ele responde: "Eu só vou testar a maçaneta uma vez. Uma vez. Se não abrir, VOCÊS ARROMBAM A MALDITA PORTA, ENTENDERAM, MARIQUINHAS?". Bom, não com essas palavras, mas o sentido é claramente esse.<br />
<br />
Obviamente, a porta está trancada, então, os três envergonhados jovens a arrombam de uma vez e, de quebra, jogam Van Helsing estatelado dentro do quarto. Não, sério. Isso realmente está no livro. É bizarro como uma cena tão pastelão pode estar antes de um dos momentos mais terríveis do livro: a cena onde o Conde <strike>estupra</strike> obriga Mina a beber o sangue dele. Pois é. Nada de mordidas sensuais, nada de prazer inenarrável ao provar o sangue imortal, e qualquer baboseira que o Drácula da Universal adorava fazer. Ela é violentamente forçada contra o peito ferido dele, de modo que, ou bebe o sangue de Drácula, ou morre afogada. Tão violentamente, na verdade, que está cheia de hematomas nos braços. <span style="background-color: white;">Ah, sim, e Mina não gritou durante todo o processo porque o Conde ameaçou quebrar a cabeça de seu marido, caso ela o fizesse. É um cavalheiro, esse homem.</span><br />
<br />
Os três jovens caçadores ficam estáticos enquanto observam a cena. É Van Helsing, depois de se levantar (provavelmente resmungando contra essa juventude desmiolada), que tem o sangue frio de confrontar o Conde com a Hóstia antes que ele ataque seus amigos. Fortalecidos, os outros levantam seus crucifixos <strike>e, como o Conde é ateu militante e não suporta ver símbolos religiosos, brinks, vou pro inferno por essa</strike>, e o vampiro não tem outra escolha, se não fugir do quarto.<br />
<br />
Holmwood e Morris vão atrás do Conde, enquanto Van Helsing aconchega um cobertor sobre a traumatizada Mina e tenta acordar seu marido do estupor em que o vampiro o colocou. Seward apenas balança a cabeça, confuso (é o que aprece estar fazendo, já que não faz mais nada de útil). Olha, é forçar a barra dizer que Drácula é uma história inteirinha sobre sexualidade reprimida e coisa e tal, mas se essa cena com a Mina não é um estupro, eu como meu (metafórico) chapéu. Não tanto por ele forçá-la a fazer qualquer coisa que seja, é mais pela reação que ela tem depois: machucada, envergonhada, cobrindo o rosto e dizendo que está impura e indigna de ser tocada... Até esse momento, Mina sempre foi forte, mais forte que vários dos homens que a cercam, mas vê-la arrasada nesse capítulo corta o coração.<br />
<br />
Aliás, não sei como os homens de Drácula foram ganhar o título de porcos machistas só porque sugeriram que Mina, como mulher, não deveria participar da luta contra o vampiro. O modo como cuidam dela depois de flagrar a cena com Drácula é tudo o que machistas toscos <i>não </i>fariam: Jonathan, já acordado, a aperta nos braços e diz que é para ela deixar de ser boba, pois ele a ama e nada, <i>nada</i>, vai mudar isso.<br />
<br />
Os outros, especialmente o Professor, fazem o possível para reconfortá-la. Quando a Hóstia causa nela um ferimento, por causa de seu elo com o Conde, a reação daqueles homens é darem-se as mãos, se ajoelharem numa oração e prometerem não descansar enquanto a ligação maligna não for quebrada. Ainda se isso só puder ser alcançado se for necessário caçar o vampiro até os confins do inferno.<br />
<br />
Notem que Seward, Holmwood e Morris só conhecem Mina há quatro dias. O Professor, há cerca de dez. E eles vão arriscar a vida <i>por ela.</i> Ninguém dá as costas pra ela, ninguém olha pra ela estranho, o marido não tem para ela um único olhar de rejeição. Sei lá, lendo Drácula, eu tenho a sensação que os seis protagonistas terminam se tornando uma família, onde todos se fortalecem. Quando um precisa de apoio, os outros estão prontos a oferecer.<br />
<br />
Vingança pela morte de Lucy jamais é mencionado, e a própria Mina, depois de compreender melhor como funciona o vampirismo, insistirá daqui por diante que a missão deles é libertar a alma humana do Conde de seu eu amaldiçoado, e não exterminá-lo em uma missão de ódio.<br />
<br />
Enfim, depois da cena com Mina, Van Helsing explica que uma das limitações vampíricas é que o vampiro deve dormir sobre terra consagrada do lugar onde morreram. Daí o porquê do Conde Drácula ter mandando várias caixas enormes de terra transilvaniana para a Inglaterra. Logo, eles devem achar todos os caixões de terra e consagrá-los com a Hóstia, o que irá banir o Conde de usá-los.<br />
<br />
Essa nova fase de buscas termina de forma agridoce: eles destroem todos os caixões, menos um, e têm um encontro com Drácula, no meio de Londres. Os cinco homens estão montando tocaia numa sala e, quando o Conde pula lá para dentro, é Harker que parte para o ataque. <i>Armado apenas com uma faca de caça</i>. Infelizmente, ele não acerta o vampiro, mas rasga o bolso dele. Dinheiro rola lá de dentro, e temos a deliciosa visão de Drácula catando cavaco enquanto corre para a janela, já que ficou sem grana até pra um <strike>busão</strike> trem.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://lesmaloira.files.wordpress.com/2011/08/tombo-1.jpg?w=300&h=212" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://lesmaloira.files.wordpress.com/2011/08/tombo-1.jpg?w=300&h=212" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>"Isso à direita é catar cavaco, crianças."</i></div>
<br />
Antes de pular da janela, Drácula faz pose e diz algumas frases desaforadas e um tanto indignas de sua pessoa, porque soam mais como "bobos, feios e caras de mamão". O que robustece a tese de Van Helsing de que o Conde tem um cérebro essencialmente infantil.<br />
<br />
A parte ruim? Ainda resta um caixão e pode estar <i>em qualquer lugar</i>. Ainda mais agora que o Conde sabe que está sendo caçado. Ops.<br />
<br />
É Mina que salva a pele dos desesperados homens, quando percebe que pode ler a mente de Drácula, desde que a hipnose seja feita naqueles momentos onde ele tem menos poder: o crepúsculo e a aurora. É nesses momentos onde ela está livre da influência do Conde que a obriga a se calar, e pode falar livremente, e é quando ela pode reverter sua situação e entrar na mente de seu algoz. RÁ! Ela chama Van Helsing para que aplique nela os passes necessários para a hipnose e, ao ouvir a revelação dela, ele deduz que Drácula <strike>cascou no cerrado</strike> fez uma retirada estratégica.<br />
<br />
Tudo parece bem: o vampiro foi embora e pode ser que leve 100 anos para voltar. O Professor joga água fria no entusiasmo de todos relembrando que, caso não matem Drácula, Mina vai se tornar uma vampira quando morrer. Mais que isso: quando era humano, o Conde era conhecido por nunca desistir de um ataque; se era derrotado, fazia uma retirada temporária e investia novamente contra o inimigo. Não é certo então, que eles deem ao vampiro mais tempo para preparar uma nova invasão, talvez bem-sucedida.<br />
<br />
Jonathan usa, novamente, sua influência e um pouco do bom e velho suborno para descobrir em que navio o Conde embarcou. Descoberto o navio, todos os personagens embarcam em um trem, que deverá fazer o percurso mais rapidamente. O plano é interceptar o navio assim que ele ancorar em algum porto e acabar com o vampiro no ato. A princípio, Mina e Jonathan seriam deixados para trás por segurança, mas Mina (num de seus momentos de liberdade) avisa a eles que, caso o Conde dê a ela uma ordem mental de iludir seu marido e fugir para a Transilvânia, ela terá que atender. Assim, precisa ir na viagem e ficar sob a vigilância deles. 3 x 1 para ela.<br />
<br />
A perseguição de trem é breve e, nesse meio tempo, o Conde percebe que Mina está lendo sua mente e fecha o elo mental, o que permite que ela possa se expressar mais livremente. Infelizmente, com isso, o vampiro percebe que está sendo perseguido de perto e consegue dar um olé em seus caçadores. O ato final, ao que tudo indica, será na Transilvânia.<br />
<br />
Chegando lá, o Conde se adianta e segue caminho para seu castelo. Mais uma vez, Mina coloca os homens no caminho certo, deduzindo (corretamente) que o Conde está usando a via fluvial (para humilhar bem humilhado, ela escreve no seu diário os prós e contras de todas as formas de transporte que ele poderia utilizar e lê a dissertação resultante para os outros em uma reunião). Depois de Mina ser beijada por Jonathan e ter suas mãos apertadas pelos homens em volta, os planos de campanha são traçados. Aliás, Mina tem suas mãos <i>apertadas</i>. Não beijadas polidamente, mas <i>apertadas</i>, como os homens faziam entre si. Essa cena é feita de maneiricie no estado bruto.<br />
<br />
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Enfim.
Morris e o Dr. Seward, como bons parceiros de caça, se unem em dupla para
seguir o Conde cavalgando ao longo do rio. Holmwood decide comprar uma lancha a
vapor e perseguir o barco com o caixão de madeira, e cria-se um impasse. Alguém
tem que ir com ele para revezar na alimentação da lancha e, apesar de Jonathan
querer ficar com Mina, digamos que um professor universitário quase na terceira
idade não é bem o mais indicado para a tarefa.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Assim,
Van Helsing e Mina ficam juntos, com o dever de ir de carruagem direto para o
castelo, para o caso de o Conde não ser alcançado pelos outros. É divertido ver
como o Professor aceita qualquer ajuda que Mina ofereça a partir daí,
aparentemente já tendo aprendido sua lição de que ela não é tão frágil quanto
ele supõe.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Os outros
aparecem muito pouco a partir daqui porque, convenhamos, quem está cavalgando o
dia inteiro e alimentando lanchas a carvão não tem muito tempo de escrever
diários. E também porque o cérebro e o coração do grupo estão com Mina e o
Professor, então, meh para os outros.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
À medida
que se aproximam do castelo, Van Helsing nota que Mina está com um
comportamento cada vez mais vampírico, até que ela para de escrever o diário e
é ele que toma para si a tarefa de cronista.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Quando
estão aos pés do castelo, Van Helsing passa a traçar um círculo com terra e
hóstia pulverizada em torno dele e de Mina, o que se prova uma sábia precaução.
Logo, as três vampiras de Drácula aparecem para chamar por Mina (por mais
que esteja dominada pelo local, ela as repudia, o que alivia o Professor). Após
serem recusadas, as três passam a provocá-los, mas não se aproximam do círculo.
Com isso, o medo de Van Helsing se evapora e ele passa a fazer suas tarefas
como se as vampiras não estivessem lá. Elas ficam ao lado dos dois heróis a
noite inteira. Imagino que o Professor tenha sido cavalheiro e omitido as
zombarias delas e as promessas de prazer inenarrável, caso se juntassem a elas.
De manhã, as três voltam ao castelo e Van Helsing arregaça as mangas. É hora de
ser incrivelmente durão e mostrar por que esse ancião grisalho virou O caçador
de vampiros, ao invés do heroico Jonathan Harker.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Ele se
arma até os dentes e vai para o Castelo Drácula. Assim que entra, sai quebrando
todas as dobradiças das portas que encontra, um movimento muito sábio, que
separa os caçadores de verdade dos moleques.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/_n9qMvncpS8k/S0kSs_Cw_xI/AAAAAAAAAQA/mWlooklLPGk/s400/capitao+nascimento.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="183" src="http://3.bp.blogspot.com/_n9qMvncpS8k/S0kSs_Cw_xI/AAAAAAAAAQA/mWlooklLPGk/s200/capitao+nascimento.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: center;">
<i>Tu é molque! Pede pra sair!</i><o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Ele quase
se hipnotiza pela beleza das vampiras, mas um "apelo espiritual" de
Mina o desperta de seu transe. Não me perguntem. Ela estava longe demais para
ser literalmente ouvida por Van Helsing, mas ele jura que ouviu a voz dela. Acho
que temos um caso de paixão platônica aqui... Ou talvez eu esteja sendo uma
shipper malvada, ele provavelmente só a vê como filha, do mesmo jeito que “adota”
os mais jovens. Bom, prossigamos.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
O
Professor espalha a Hóstia por todas as tumbas para banir o Conde e qualquer
outro vampiro de usá-las, e estaqueia e decapita as três vampiras. Pois é.
Aquilo que Holwood ficou destruído por fazer uma vez? Ele faz três vezes. Por
mais que nenhuma delas seja uma mulher amada por ele, o troço ainda é nojento e
traumático. Como essas vampiras estão mortas provavelmente há séculos, elas se
tornam pó assim que são decapitadas (<i>isso</i>
não foi invenção de Hollywood). Depois disso, o Professor aproveita para
santificar todas as entradas possíveis do Castelo, para ter certeza de que,
caso escape, o Conde não terá para onde ir. Método e eficiência, crianças, é
assim que se faz.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Agora,
não resta muito a contar. Os três grupos se reúnem quase às portas do castelo.
Os quatro homens que estavam sumidos estão perseguindo a carroça dos ciganos
que leva a caixa de Drácula, enquanto Van Helsing e Mina estão deitados em uma
pedra, armados, dispostos a atirar em quem tentar passar por eles, como bons <i>snipers</i>. Por que nunca colocam isso no
cinema, cara?<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Eles
conseguem parar os ciganos, que, encurralados, tiram facas da cintura e parte
pra briga. Jonathan e Quincey alcançam o caixão. Jonathan, com sangue nos zóio,
corta a cabeça do Conde com sua faca enquanto Quincey espeta o coração do
vampiro com um facão enorme. Ele se desfaz em pó e Mina se liberta de sua
maldição. Infelizmente, os ciganos esfaquearam Quincey antes dele alcançar o
caixão, e ele morre nos braços de seus amigos, feliz por ver que o ferimento
causado pela Hóstia desapareceu da testa de Mina.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Graças a
uma nota de Jonathan Harker, sete anos depois, descobrimos que todos estão agora
casados e felizes e os Harkers têm um filho, que nasceu em um dos aniversários
de morte de Quincey Morris (e de Drácula), embora não fique claro em qual. E no
final, para que fique bem claro quem é a estrela do livro, Van Helsing diz que,
quando Quincey Harker tiver idade o bastante, os documentos da caça a Drácula
serão a prova de que a mãe dele é uma pessoa fantástica. Não o pai dele, não os
amigos dos pais dele, mas a mãe, única e exclusivamente. Entendem por que amo (figurativamente)
esse homem? <3<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Esse
final meio que acaba com qualquer piadinha a respeito de Quincey Harker ser
filho de Drácula. Ele nasceu <i>pelo menos</i>
um ano depois da morte do Conde, e uma gravidez só dura nove meses. Mas eu
chuto que ele nasceu uns dois ou três anos depois (Mina e Jonathan eram bons de
tabelinha, ao que parece – e não, não creio que eles praticassem abstinência,
não com a forma como Jonathan beija e abraça Mina cada vez que ela salva o
dia...), porque, sete anos depois da morte de Drácula, Van Helsing está “balançando
o menino nas pernas para distraí-lo”. Sei lá, acho que uma criança de seis/sete
anos já está grandinha para isso, mas posso estar calculando mal.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Mais
alguém teve aquela sensação de que Hollywood está perdendo um grande filme por
insistir em focar só no Conde? Sei lá, eu gosto de vampiros, e chego a torcer
para eles acabarem com aquelas mobílias disfarçadas de personagem que costumam
ser os humanos de filmes de vampiros, mas Drácula não é uma história assim. Os
humanos do livro são vivos e mais interessantes que o Conde. Ele é só um vilão
vitoriano com presas, enquanto, alinhado contra ele, estão pelo menos dois
personagens bem bacanas (Mina e o Professor), mas eu gosto bastante de Jonathan
e Seward também. Holmwood e Morris são meio que figurantes, quase, mas nada
contra. E nas adaptações de Hollywood, perdemos tuuuuudo isso.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
E por
hoje é só, pessoal. Espero que, agora, vocês saibam de que estão falando,
quando dizem que “Stoker isso”, “Stoker aquilo”, “o Drácula de Stoker aquele
outro”.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Abraços!<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
OBS:
Tensão homoerótica entre Van Helsing e Seward? Mas hein? Olha, nada contra
shippings homossexuais, mas eu colocaria mais fichas em Morris/Holmwood ou
Morris/Seward. Heh. O fato do Professor sempre contar seus segredos para John
tem mais a ver com o fato de que o Dr. Seward é o Watson<strike> e dedicado aprendiz </strike>de
Van Helsing, e é seu amigo há anos. Por mais que passe a gostar deles, o nosso
holandês favorito só conhece os outros homens da trama há duas ou três semanas.<o:p></o:p></div>
<br />
<br />
OBS 2: Mina e Jonathan são tão perfeitamente complementares (ele é o herói de ação, ela o cérebro e o coração da dupla) que é difícil pensar no casal se divorciando. Jonathan chega a decidir que, se Mina tiver de existir como vampira, ele não vai matá-la, mas vai ficar com ela e permitir que ela o transforme, para que não sofra sozinha sua maldição. Levando em conta o quão ruim é ser vampiro nesse livro, isso fala bastante sobre o quanto eles se amam... E sobre o quanto ele não tem qualquer repugnância em relação a ela.Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-78370465450914979192012-07-15T13:00:00.002-07:002015-04-20T18:57:52.886-07:00Recap de Drácula - Parte 1Ando meio relapsa, né? (Meio é apelido, eu sei...) Mas é que manter mais de um blog é um movimento ninja que eu não aprendi direito, e como Bram & Vlad está atualizando toda semana, já dá pra ver que os outros setores da minha internerd andam capengando.<br />
<br />
Pra hoje, escolhi fazer um post cheio de spoilers (mwahaha), ou nem tão spoilers assim, recontando a história do livro Drácula pela minha perspectiva. Por quê? Um monte de gente diz que quer ler Drácula, mas quando vê que o livro é um tijolinho, liga o modo Nemly & Nemlerey e segue perdendo uma história muito bacana. Pior: a maioria das pessoas acredita piamente que as versões cinematográficas guardam alguma fidelidade aos livros (pobres ingênuos...) e que Drácula, em sua origem tinha alguma semelhança com Bela Lugosi. Amores de minh'alma, o livro Drácula NÃO é uma história de amor impossível entre um vampiro secular atormentado e uma mocinha, e Coppola seja amaldiçoado por fazer as pessoas pensarem isso, com seu filme.<br />
<br />
Então, pra quem já leu o livro e não achou essa Coca-Cola toda (talvez porque esperava que Drácula fosse um anti-herói atormentado apaixonado pelas mocinhas que morde) e pra quem não leu e diz que vai ler, mas sabe no fundo da alma que não, não vai, logo depois da quebra, temos uma versão condensada do livro. a primeira parte, pelo menos, isso acabou ficando maior do que eu esperava... No final dessa parte, um breve pensamento meu a respeito da teoria de alguns, de que Drácula é o verdadeiro herói do livro, salvando as mocinhas da sociedade vitoriana repressora.<br />
<br />
Bom proveito!<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
Tudo começa com o corretor de imóveis Jonathan Harker, um inglês aparentemente muito normal, esperando trem para uma cidadezinha encravada na Transilvânia (que pertencia à Hungria, não à Romênia nessa época - você não queria saber disso, mas agora já sabe, RÁ!). Como todo inglês normal que se preze, ele reclama da pontualidade dos trens, comenta sobre o exotismo dessas terras incivilizadas que visita e pega receitas para sua amável noiva. Diferente dos outros ingleses, ele mantém um diário em <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Taquigrafia" target="_blank">caracteres estenográfico</a>s e... pasmem!... deu-se ao trabalho de aprender um pouco de alemão, que era uma espécie de língua franca no Leste Europeu, ao invés de falar em inglês e esperar que o entendam. Essa era a primeira dica sutil de Stoker de que Harker tem um pouco mais de miolos que o herói vitoriano padrão. (Não acreditam? Tem um momento que identificam um Harker doente e mentalmente perturbado como inglês<i> por causa de seu comportamento brusco</i>. Ouch.)<br />
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://mla-s2-p.mlstatic.com/taquigrafia-en-idioma-ingles-pitman-shorthand-new-course-6115-MLA5033555699_092013-F.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://mla-s2-p.mlstatic.com/taquigrafia-en-idioma-ingles-pitman-shorthand-new-course-6115-MLA5033555699_092013-F.jpg" height="295" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://static.photaki.com/taquigrafia-estenografia-alfabeto_382195.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Caracteres do sistema Pitman de estenografia, usado por Jonathan e Mina. Ele era o mais popular na época de Drácula, mas muitas pessoas criavam seus próprios sistemas.</i></div>
<div>
<br /></div>
<div>
Ele chega no vilarejo, ri das superstições dos camponeses, mas acaba ficando com o crucifixo que uma senhora assustada dá a ele "pelo amor de sua mãe". Como protestante instruído, ele não acredita na idolatria de símbolos, como esse de Jesus pendurado na cruz, mas não quer fazer desfeita à senhora. Do hotel, ele é levado de carruagem até o caminho do Castelo Drácula, onde desce da carruagem comunitária para entrar em uma outra, dirigida por um cocheiro sinistro e vagamente ameaçador. Depois de uma viagem estranha, em meio ao nevoeiro e aos lobos, ele é despejado às portas do Castelo e fica congelando do lado de fora, até ser ser recebido pelo nobre que foi visitar: o C<span style="background-color: white;">onde Drácula.</span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.superwallpapers.com.br/fotos-gratis/tempestade-de-raios-a-noite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.superwallpapers.com.br/fotos-gratis/tempestade-de-raios-a-noite.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<span style="background-color: white;"></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><i>Toda vez que eu falar o nome dele, favor imaginar o ruído de trovões.</i></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div>
Só que ao invés do nobre charmoso e misterioso que muitos estavam esperando, somos apresentados a um velhote pálido, gelado, de lábios carnudos e exageradamente vermelhos, nariz de gancho, <a href="http://spa.fotolog.com/photo/26/35/6/monocelhas/1074945841_f.jpg" target="_blank">monocelha</a>, mau hálito, unhas compridas e afiadas e... écat!... pêlos nas palmas das mãos (pensando bem, você também teria se morasse 400 anos em um castelo com as mesmas três esposas - não desconverse). Ah, sim, e com um magnífico <a href="http://moustachette.com/blog/wp-content/uploads/2010/05/picture-1.jpg" target="_blank">bigode húngaro</a>.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Harker, naturalmente, não julga seu cliente por sua aparência terrível. Ele está lá para fazer negócios da maneira mais eficiente possível, ambicioso e competente como é. Ele é jovem, quer se casar e impressionar seu empregador (que mais tarde é promovido a figura paterna desse rapaz órfão), logo, não mede esforços para ser útil ao Conde até nas menores coisas, como ajudá-lo a se livrar de seu sotaque estrangeiro engraçado (com isso, mais um clichê vampírico de Hollywood cai, o do vampiro com sotaque bizarro).</div>
<div>
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;">Tudo vai bem, apesar da solidão que Harker sente no Castelo, e o fato de que ele e seu empregador só se encontram de noite. Temos até um discurso inflamado do Conde sobre as glórias passadas de seus "ancestrais", terminando com uma amarga constatação que aqueles tempos de batalhas sangrentas e gloriosas já acabaram. Até esse ponto, o Conde parece uma figura afável e solitária, e você não consegue evitar de sentir alguma simpatia por ele.</span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div>
Daí por diante, as coisas começam a ficar estranhas. Primeiro, é o comportamento violento do Conde quando Harker se corta ao se barbear (e ele se corta porque não viu em seu espelho que alguém estava chegando por trás); depois, é o nobre que é visto se locomovendo agarrado às paredes do castelo, como um lagartão. Por fim, nosso bom Jonathan constata que é o Conde quem faz todos os deveres domésticos do Castelo, significando que estão sozinhos lá.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Os nervos do jovem começam a falhar cada vez mais, e ele chega até a apelar para o crucifixo que desdenhou. As coisas dão uma virada para a pior quando ele cai no sono em um cômodo estranho do Castelo (de pura pirraça, já que o Conde o alertou para não fazer isso, mas os dois discutiram mais cedo naquele dia) e quase é mordido por um trio de vampiras belas, mas um tanto horripilantes. O couro dele é temporariamente salvo por Drácula, mas agora Harker sabe demais...</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Até aqui, o início da história é mais ou menos bem preservado na maior parte dos filmes, exceto que o pessoal sempre subestima o pobre Harker. Certo, até o momento, parece que ele estragou tudo e vai virar comida de vampiro em breve. Porém, quando ele percebe que tem apenas algumas semanas de vida, até que deixa de ser útil ao Conde, o rapaz vai ficando cada vez mais esperto, por puro desespero. Em seus últimos dias de prazo, o desespero é tanto, mas tanto, que ele sai pela janela de seu quarto e vai escalando a parede do Castelo até o quarto do Conde, atrás de uma saída. Eu mencionei que três das paredes do Castelo em questão ficam sobre um precipício de uns cem metros de profundidade? Pois é, ficam. E ele faz esse trajeto DUAS VEZES. Na segunda vez, ele tenta esmagar a cabeça de seu inimigo com uma pá, mas infelizmente isso só causa uma cicatriz vermelha e feiosa na testa do velho. Da terceira vez, Jonathan decide escalar até o fundo do precipício, vendo que essa é sua única rota de fuga. Lembrem que qualquer passo em falso é morte certa.<br />
<br />
Nesse ponto, o livro corta para o diário da noiva dele, a Mina, e nós amaldiçoamos Stoker por fazer tanto suspense.<br />
<br />
Assim como seu noivo, Mina é facilmente subestimada para quem lê o livro na pressa, mas pistas de que ela é feita de material mais resistente do que parece são dadas logo de cara: ela comenta que está estudando para ajudar Jonathan em seu trabalho. Os dois vão se casar, e ela mostra que tem tanto interesse quanto ele em fazê-lo subir em sua carreira. Ela começa um<span style="background-color: white;"> diário estenografado apenas para que fique mais fluente nessa forma de escrita e para que sua memória melhore</span><span style="background-color: white;">. Mais tarde, Mina revela que seus estudos para ajudar o marido foram ao ponto dela decorar <i>a tabela ferroviária de sua cidade</i>, mais todos os trens do caminho de Jonathan para a Transilvânia, para que pudesse ajudá-lo a montar seu percurso e lidar com qualquer imprevisto. Acha que é pouco? Vá até a rodoviária de sua cidade e decore a chegada e partida de <i>todos</i> os ônibus de lá, depois venha me dizer.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Enfim, ela é culta e eficiente, e a verdadeira heroína de metade do livro. Mas estou me adiantando.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Por ora, temos nossa mocinha feliz, visitando Lucy Westenra, sua amiga de infância. Lucy é de família nobre, mas é alegre e despreocupada, sem ligar muito para modismos e vaidades. Tudo começa muito inocente, com Lucy contando como conheceu um rapaz numa festa da alta sociedade e se apaixonaram, como ele apresentou a ela seus dois melhores amigos, e como os três terminaram propondo casamento a ela. Claro que ela aceita a proposta do "rapaz esbelto de cabelos encaracolados" que ela conheceu na festa.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Esse rapaz é Arthur Holmwood, filho de um nobre doente e seus amigos são o quieto e reservado Doutor John Seward (apelidado de Jack pelos amigos) e o americano cavalheiro e bem-humorado Quincey Morris. Dr. Seward é psiquiatra e tem seu próprio hospício. Assim que é rejeitado por Lucy, ele entra em cena com seu diário gravado em um gramofone (o que mostra que ele é o equivalente vitoriano ao nerd que está sempre em dia com o mais recente brinquedinho tecnológico, enquanto ele ainda é caro e inacessível à maior parte da população - tipo, sei lá, alguém que comprou um iPad assim que foi lançado). Nesse diário, conhecemos Renfield, um de seus pacientes, que tem obsessão por comer insetos, achando que com isso absorverá a vida deles.</span><br />
<br />
Logo aprendemos que Lucy é sonâmbula, e as coisas vão de mal a pior depois de uma das cenas mais tétricas e legais do livro: uma tempestade enorme desaba sobre a cidade costeira de Whitby. No meio da borrasca, um navio aparece, aparentemente desgovernado, adernando ao sabor dos ventos, mas cada vez mais próximo da costa. Depois de muita luta, ele finalmente atraca, e um enorme cão pula lá de dentro. Todos sentem uma aura sinistra vindo do navio, até que seus receios são justificados: ele está totalmente vazio, com exceção do cadáver do capitão do navio, que está amarrado ao leme por um rosário e tem uma expressão de puro terror no rosto. Seu diário de bordo conta como sua tripulação aparentemente libertou um terrível mal sobre o navio, que passou a matar todos, um a um. Apenas o capitão sobreviveu, <span style="background-color: white;">com a sanidade abalada</span><span style="background-color: white;"> (</span><span style="background-color: white;">mas ele acaba morrendo de fome por não poder se afastar dali)</span><span style="background-color: white;">, porque tal força maligna não pôde se aproximar do rosário.</span><br />
<br />
Tal força, é claro, é o Conde Drácula.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.superwallpapers.com.br/fotos-gratis/tempestade-de-raios-a-noite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.superwallpapers.com.br/fotos-gratis/tempestade-de-raios-a-noite.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<i>Eu nunca me canso disso.</i></div>
<br />
A pobre Lucy, em seu sonambulismo, acaba topando com um Conde faminto, e passa a ser drenada por ele, dia a dia. O pior? Nós de fora sabemos disso, mas Mina, quem cuida de Lucy, não faz nem ideia. Quer dizer, se sua amiga sonâmbula está indisposta, você não pensa em vampiros para explicar isso. Mina também está cada vez mais ansiosa. Harker deveria voltar para casa em meados de junho, e é agosto sem que ele tenha dado nenhuma notícia. Nós, que sabemos como ele terminou seu diário, começamos a temer pelo pior, também.<br />
<br />
Finalmente, pondo fim aos nossos temores (e ao da moça), um hospital católico manda notícias dele: ele foi recolhido numa estação de trem, em estado de choque (a famosa "febre cerebral"), e ficou um mês internado e tendo pesadelos até que pudesse se identificar e escrever para ela e para o chefe. Mina viaja até ele imediatamente e os dois se casam. A cena é muito fofa.<br />
<br />
Tudo estaria bem, se Lucy não estivesse se sentindo cada vez mais fraca. Seu noivo pede que o Dr. Seward a examine, e é então, quase 200 páginas depois que o livro começa, que ele chama seu amigo e professor, o Prof. Abraham Van Helsing, de Amsterdã. Note que o ilustre professor (que tem um alfabeto de títulos acadêmicos depois do nome) é chamado por ser uma autoridade em doenças obscuras, não por ter alguma reputação como caça-fantasmas vitoriano.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://strixvanallen.deviantart.com/gallery/#/d4aunxx" target="_blank"><img border="0" src="http://fc00.deviantart.net/fs70/f/2011/267/0/0/young_abraham_van_helsing_by_strixvanallen-d4aunxx.jpg" height="320" width="239" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não se anime demais, <a href="http://www.recantodasletras.com.br/contosdefantasia/3049489" target="_blank">eu já tive essa ideia</a>.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="http://www.blogger.com/"></a><span id="goog_1002833437"></span><span id="goog_1002833438"></span></div>
<br />
Van Helsing, aqui, é representado como sendo a encarnação da Ciência e, quando ela não é o bastante, da Fé. Ah, sim, e além de médico psiquiatra, ele sabe um pouco de todas as outras áreas da Medicina, já foi advogado, filósofo e metapsíquico, fala uma renca de idiomas e, embora se descreva como alguém que não sabe manejar armas, mais pro final do livro, ele ameaça abater uns ciganos com uma espingarda de caçar lobos. <i>Escondido no alto de uma pedra, no melhor estilo sniper.</i> Sem contar que sua contagem de corpos é uma das maiores do livro, ficando atrás apenas do Conde. E isso porque ele foi gentil com os sentimentos de Arthur Holmwood, mas novamente estou me adiantando. <br />
<br />
Bom, a luta do Dr. Seward e do Prof. Van Helsing contra o Conde, conforme ele drena Lucy cada vez mais é cheia de vitórias e derrotas para as duas partes, e quem quiser detalhes, pode ler o livro. Vale a pena ver o respeitável professor ter ataques de raiva a cada derrota e comemorar a cada vitória. Van Helsing não diz a Seward suas suspeitas de que um vampiro está por trás de tudo durante o tratamento e, a julgar pelo sólido ceticismo do Dr., mais tarde, acho que dá pra entender por quê.<br />
<br />
Infelizmente, Drácula acaba vencendo e Lucy morre. Lendo seus papeis, o Professor descobre que Mina deu a ela assistência durante a fase inicial dos ataques e vai até ela fazer perguntas. Falarei mais desse encontro na parte 2.<span style="background-color: white;"> Ao mesmo tempo, temos indícios de que Lucy voltou como vampira, e o laço em torno dela começa a se apertar. Em uma atmosfera delicada de terror, Van Helsing tenta flagrar Lucy como vampira para convencer John de sua transformação, mas esse é um processo longo e cheio de percalços. Não recriminem o bom doutor, vocês também achariam que um senhor de alguma idade está caducando, caso ele lhe diga que a garota que você ama agora é uma morta-viva e deve ser estaqueada e decapitada.</span><br />
<br />
Por fim, o Professor decide que terá que convencer Arthur e Quincey também, já que, se o túmulo for aberto mais tarde, eles podem achar que Lucy foi enterrada viva e depois assassinada por pessoas supersticiosas. Assim, Van Helsing, fervoroso católico, usa uma vedação feita com a Hóstia para controlar as entradas e saídas de Lucy durante as caçadas dela, de modo que finalmente poderá levar o trio de amigos ao cemitério e pegar a vampira em flagrante.<br />
<br />
A atmosfera da cena é daquelas que só um escritor gótico do período vitoriano consegue criar. A maioria dos imitadores modernos consegue só uma pálida semelhança. Malzaê.<br />
<br />
Enfim, depois de mostrar a seus amigos que Lucy, agora, é um monstro (literalmente) desalmado, se alimentando do sangue de criancinhas e pronta a seduzir seu noivo apenas para saciar a sede da meia-noite, os três concordam que devem aplicar a ela o tratamento reservado aos vampiros e dar a ela o merecido descanso cristão após a morte.<br />
<br />
A cena do estaqueamento é o que a cena de estaqueamento de um corpo deve ser: algo sombrio, nojento e traumático. Enterrar a estaca (que mede um metro de comprimento, e não apenas alguns centímetros) no peito de Lucy requer muitas marteladas de um cara forte (Arthur, no caso, já que matar um vampiro é encarado como uma missão sagrada, e um ato de amor para com a pessoa amaldiçoada), sangue coagulado espirra para todo lado e a vampira solta gritos terríveis enquanto isso. No fim, Holmwood está emocionalmente exausto, e somente a expressão de paz que Lucy agora tem (além dela ter revertido para a aparência que um cadáver de mais de uma semana deve ter) consegue acalmá-lo. Nos filmes hollywoodianos, estaquear parece ser algo tão fácil e trivial que perde muito do seu impacto.<br />
<br />
Os quatro homens saem do túmulo de Lucy com a alma lavada, apesar do Professor explicar que seus problemas estão apenas começando...<br />
<br />
<span style="background-color: white;">Acho que vou terminar a parte 1 por aqui, com essa vitória parcial. Antes, só uma pequena digressão: muitas pessoas interpretam os homens em torno de Lucy como sendo o Patriarcado Repressor e Drácula, como um símbolo da sexualidade recém-descoberta dela, que a tornam uma mulher independente e, por isso, um monstro de acordo com os padrões vitorianos.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Assim, o fato de Drácula meio que escravizá-la através do controle da mente, causar a ela dores e pesadelos, forçá-la mentalmente a se calar quando ela quer contar sobre o que a incomoda e, depois que ela finalmente volta como vampira, largá-la sozinha no cemitério, à mercê de um homem obstinado, que sabe sobre os vampiros e como caçá-los, não me parece beeeem simbolizar que ele quer libertá-la de alguma coisa, ou que se tornar vampira é melhor para a feminilidade de Lucy do que se casar com Arthur. Só me parece que ela saiu da escravidão da moral vitoriana para cair em uma escravidão pior, uma vez que, como donzela reprimida pela sociedade patriarcal, ela pelo menos ainda pode pensar por si própria, caso deseje fazê-lo. Drácula mostra mais de uma vez que pode não só ler na mente de seus subordinados que eles querem traí-lo, como faz questão de puni-los imediatamente por fazer isso. Yay.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo4GxH6gb1YbX9ufJbgqPzSVP-5JgiSk3wsj_-SHW2O_NMQjByCEYxrAabz2SankwpxCMddwuSnGrmurp4mMcB6Qvvb_cwksr4LOD8GorapOlNFdxjEkpc0nfYegroA4tcSdvGx1oY8p4/s1600/dracula.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo4GxH6gb1YbX9ufJbgqPzSVP-5JgiSk3wsj_-SHW2O_NMQjByCEYxrAabz2SankwpxCMddwuSnGrmurp4mMcB6Qvvb_cwksr4LOD8GorapOlNFdxjEkpc0nfYegroA4tcSdvGx1oY8p4/s320/dracula.jpg" height="320" width="237" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><i>"Eu reconheço que mulheres são mais fortes e independentes do que os homens vitorianos pensam, e que são capazes de pensar por si próprias e me derrotarem. É por isso que, ao contrário desses tolinhos, retiro delas a capacidade de pensarem por si próprias e as mantenho trancadas em meu castelo, enquanto saio para dominar o mundo. Sou ou não sou muito feminista?" - Drácula</i></span><br />
<span style="background-color: white;"><i><br /></i></span>
<span style="background-color: white;"><i><br /></i></span>
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<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: white;">Continua na Parte 2: <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2012/07/recap-de-dracula-parte-ii.html">http://oconservatorio.blogspot.com/2012/07/recap-de-dracula-parte-ii.html</a></span></div>
</div>
</div>
Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-54644498588298098612012-06-03T14:16:00.002-07:002012-09-18T09:39:55.390-07:00Problem?<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
A resposta da Cris ao post sobre pôneis e como viramos pôneis de pelúcia.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdhK5BxAYYneAjEh82yidhSnoG-rUaedEgdoZ8q8sCSF4t-CpmjJkbZLjdvvZNzXEWcQpWJkItftn1WzgCCddJfGCSoec5kmz37i-J6USlYM8_8sMeBk8rxeyFzEot7lidUsl7PzjsMLas/s1600/tolice.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdhK5BxAYYneAjEh82yidhSnoG-rUaedEgdoZ8q8sCSF4t-CpmjJkbZLjdvvZNzXEWcQpWJkItftn1WzgCCddJfGCSoec5kmz37i-J6USlYM8_8sMeBk8rxeyFzEot7lidUsl7PzjsMLas/s400/tolice.png" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Eu tenho asas, lalalalala!</i></div>Diego Mercierhttp://www.blogger.com/profile/03941903541232299196noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-15872558023595991752012-04-27T13:50:00.000-07:002012-09-18T09:40:15.915-07:00Zumbis e "mimimi, descaracterização de personagens"Mais cedo, no twitter, a <a href="http://twitter.com/#!/lidiazuin" target="_blank">@lidiazuin</a> levantou uma discussão a respeito do <a href="http://twitter.com/#!/lidiazuin/status/195912744489336834" target="_blank">porquê de zumbis estarem fazendo tanto sucesso na cultura pop</a>. A moça é da opinião que o senso de anarquia despertado por um apocalipse zumbi mexe com nosso sentimentos. O <a href="http://twitter.com/#!/bschlatter" target="_blank">@bschlatter</a> (<a href="http://t.co/VvT8rpfO" target="_blank">nesse post</a>) explora o fato de que as hordas de zumbis destruindo tudo podem evocar inconscientemente os grupos sociais emergentes, como imigrantes e moradores de favelas, que galgam a cada dia um degrau na escala social, incomodando as classes média e alta, que os vêem com temor e alguma repulsa. O <a href="http://twitter.com/#!/HugoVera" target="_blank">@hugovera</a> comentou que os zumbis viraram a escolha de quem estava cansado dos vampiros terem virados todos uns frescos e <a href="http://www.danbirlew.com/why-are-zombies-so-popular/" target="_blank">esse post</a> do Dan Birlew (em inglês) ainda toca no fato de que zumbis são sacos de pancadas ambulantes, e transformam um mundo num lugar onde a única habilidade que realmente conta é a de espancar cadáveres ambulantes até eles pararem de se mexer.<br />
<br />
Não é bem sobre isso que eu quero falar, mas ok.<br />
<br />
É que essa discussão me lembrou, até certo ponto, a eterna lenga-lenga de fãs de fantasia a respeito de como tal ou tal criatura fantástica deve agir, ou quais características elas devem ter. <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2010/04/estilizando-o-vampiro-ou-o-erro-fatal.html" target="_blank">Nesse post</a>, eu comentei sobre o porquê de Crepúsculo ter sido tão mal recebido por fãs mais tradicionais de vampiros (o post da estilização e talz), mas acho que uma coisa não ficou clara ao final dele: sim, eu acho que, num mundo como o de hoje, onde informação está a uma wikipedia de distância, não custa nada você pesquisar e se informar antes de escrever um livro para saber qual tipo de criatura casa melhor com ele. Mas não, eu não sou advogada do pensamento de que "[criatura X] de verdade é assim, assim e assada". Não acho que liberdades criativas sejam ruins, ou não teríamos metade dos ícones pop de hoje. No post da estilização do vampiro, toquei de leve no fato de que o que conhecemos hoje como vampiro é mais uma criação hollywoodiana que tudo (o artigo do Dan ali em cima cai nessa armadilha ao atribuir a Drácula razões românticas - sendo que, no livro de origem ele é um personagem tudo, menos romântico...). Hoje, quero falar de zumbis, porque são os queridinhos da vez e os exemplos máximos do que estou querendo dizer.<br />
<br />
Antes de mais nada, os zumbis já começam com o pé esquerdo no nome. O termo "zumbi" foi criado não para designar cadáveres meio apodrecidos andando por aí atrás de cérebros. Ele foi pego de empréstimo do vudu (crença haitiana de raízes africanas), onde serve para designar um cadáver que um feiticeiro vudu reanima para que se torne um escravo sem vontade própria. Esse cadáver tem um andar vacilante, não fala, não faz nada sem ter sido ordenado e é completamente leal ao feiticeiro que o levantou. Ah, e ele dificilmente pode ser diferenciado de um vivo comum.<br />
<br />
Os casos de zumbificação no vudu têm uma explicação dentro de nossos conceitos cientificamente aceitos: o feiticeiro vudu (nunca vi o termo "voodoo doctor" ser traduzido como "doutor vudu") ministra à pessoa uma droga natural que faz com que ela pareça morta, já que ela sofre uma forte catalepsia associada à paralisia dos músculos, e, quando os efeitos da droga passam, antes que ela volte totalmente a si, ela ingere uma segunda droga que a deixa completamente dopada e incapaz de pensar claramente. Não é à toa que alguém que tome doses muito altas de antidepressivos às vezes é chamado de "zumbi".<br />
<br />
O grande criador do gênero de zumbis como o conhecemos hoje é o filme "A Noite dos Mortos-Vivos", de 1968, do diretor George Romero. Chega a ser irônico que a palavra "zumbi" nunca foi usada no filme, onde os mortos vivos eram chamados de... mortos-vivos, ou de "ghouls". Ghoul é um ser da mitologia árabe, que pode ou não ser um morto-vivo, cuja maior característica é matar pessoas e se alimentar do cadáver. Em alguns mitos, o ghoul ainda toma a aparência e as lembranças do morto que consumiu.<br />
<br />
Nesse filme, já temos algumas características do que seria característica básica dos zumbis daí por diante: mortos-vivos que comem pessoas e transmitem sua condição através de mordidas. O surgimento do surto de zumbis, no filme, é atribuído a uma sonda espacial que voltou de sua missão carregada de radiação venusiana e caiu nas redondezas do lugar onde houve um incidente. Isso prenuncia o fato de que quase todos os zumbis da atualidade têm sua origem em um fato "científico" qualquer, como um vírus, radiações bizarras ou qualquer outro experimento que falhou. Com a sequência "A Madrugada dos Mortos", mortos-vivos devoradores de gente ganharam seu nicho na cultura pop como agentes do apocalipse, capazes de reduzir o mundo como o conhecemos a meras ruínas.<br />
<br />
Muitos filmes, desde então, pegaram o conceito de Noite dos Mortos-Vivos e o expandiram. Em 1985 (quase 20 anos depois do filme de Romero), veio O Retorno dos Mortos-Vivos, um filme de comédia onde se popularizou o conceito de que o alimento primordial do zumbi é o cérebro da vítima. O enorme sucesso desse filme fez com que outras comédias de zumbi aparecessem e o tema se desgastasse como algo muito mais engraçado do que assustador.<br />
<br />
Um dos responsáveis pela volta dos zumbis como criaturas temíveis foi o game Resident Evil, de 1996, onde zumbis são criados graças a um vírus desenvolvido por uma companhia farmacêutica inescrupulosa.<br />
<br />
OK, agora que vocês já sabem de onde vêm os zumbis, já deve ter pressentido o frankenstein de referências que o zumbi moderno é (e não, o monstro de Frankenstein não é um zumbi, é só morto-vivo). O alicerce da história de zumbi atual vêm do mito original do vampiro nos países eslávicos: alguém, de repente, entra num lugar meio esquisito, e logo percebe que é um covil de vampiros e precisa fugir desesperadamente antes de ter todo o sangue sugado e, com isso, se tornar também um morto-vivo. Esse plot foi levado a extensões apocalípticas no livro Eu Sou a Lenda (recentemente virou filme), onde um homem é o último humano no meio de um mundo inteiro de vampiros. Antes que alguém ache que estou sendo bairrista atribuindo o nascimento dos zumbis aos vampiros, saibam que Eu Sou a Lenda foi a base de George Romero para A Noite dos Mortos-Vivos. RÁ!<br />
<br />
O que Romero fez foi fazer seus mortos-vivos comerem carne humana ao invés de sangue, não terem qualquer traço de inteligência humana, e serem criados por radiação venusiana, ao invés de qualquer que seja a força mística que faça vampiros se levantarem. A parte antropofágica foi tirada dos ghouls e a parte de "sem inteligência" foi o quase que o único traço que restou dos zumbis haitianos originais. Resident Evil trocou radiação, cemitérios amaldiçoados e outras causas mais ou menos sobrenaturais por um vírus.<br />
<br />
Sério, se algum conservador dissesse pros seguidores de George Romero que zumbis não são cadáveres comedores de gente e que bons mesmos são os filmes onde pessoas têm que lidar com humanos escravizados por feiticeiros vudus, é possível que esse artigo aqui não existisse. Eles desfiguraram quase completamente o mito original dos zumbis e o transformaram no que é hoje. Não foi uma pessoa que inventou o conceito atual de zumbi, foi o Romero que deu o chute inicial e muitas outras pessoas completaram. Sendo assim, acho meio que hipocrisia e mente curta quando as pessoas começam a dizer que tal ser deve agir assim ou assado, ainda mais quando esses seres sequer existem, e a construção de como agem e de quais são seus poderes e limites é parte da diversão de criar histórias com eles.<br />
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As pessoas puderam desfigurar o mito do zumbi até não sobrar quase nada de sua raiz haitiana porque zumbis não eram grandes conhecidos do público, nem faziam parte massivamente da cultura pop. Stephenie Meyer tropeçou porque pegou uma criatura que já tem características enraizadas na mente do público e escolheu muito poucas dessas características na construção de seus personagens. Mas que fique claro que o ato dela ter criado um novo modelo de vampiros não é, em si, condenável. Renovação faz parte de você ser uma criatura ficcional, e faz personagens se tornarem atraentes para novos públicos. Se você não gostou de como um autor representou a criatura que você gosta, ignore e não consuma. O tempo vai dizer se o que ele fez vai entrar para a cultura pop de amanhã (e você vai ser só mais um velhinho dizendo como os velhos tempos eram melhores), ou se vai ser ignorado como o ponto fora da curva que foi.<br />
<br />
Acho que foi o sentimento expresso pelo texto anterior que fez Diego dar esse conselho, n'O Conservatório: "Olha, não gostou [de como eu sou], vai pra casa e escreve um livro sobre como os vampiros deveriam ser. É o que todos fazem."<br />
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Pois é. E isso vale pra qualquer criatura fantástica, de zumbis a pôneis coloridos. Fica aí a dica.<br />
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BÔNUS: Se querem saber minha opinião sobre a discussão que abriu o post, acho que todos os que citei estão parte certos sobre o fenômeno dos zumbis ser tão popular, e eu ainda acrescentaria a origem pseudo-científica do apocalipse zumbi. O fato de zumbis serem criados (hoje) por vírus, engenharia genética ou outras ciências top de linha fazem deles mais próximos de nós que qualquer criatura criada por forças do mal sobrenaturais.Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-30990638312890357202012-04-16T21:13:00.001-07:002012-04-16T21:30:28.964-07:00Era uma vez um casal de pôneisEi, Adriana falando! :D<br />
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Além de desenhar (desenho as tirinhas do blog <a href="http://bramevlad.blogspot.com/" target="_blank">Bram & Vlad</a>, pra quem não sabe - só não desenho as tirinhas do Diego porque quem resolveu fazer resenha em quadrinhos foi ele, logo, ele que se vire com a dor de cabeça), também gosto de trabalhos manuais. Não sempre, não como meio de fazer grana, só pra passar o tempo e fabricar um ou outro brinquedo. Sério, quando eu era criança, eu queria ficar famosa só pra existir uma linha de brinquedos dos meus personagens e eu poder apresentá-los ao elefante cor-de-rosa de pelúcia que uso para dormir.<br />
<br />
É, eu era uma criança forever alone.<br />
<br />
ENFIM, quando descobri o incrível mundo dos trabalhos manuais, descobri que eu podia fazer meus próprios brinquedos personalizados, sem todo aquele caminho chato para a fama (que fique registrado: hoje, escrevo e desenho uma webcomic por razões diferentes daquelas da infância. Mais ou menos).<br />
<br />
Estou fazendo esse post só pra mostrar um crossover que fiz entre O Conservatório e a minha mais nova mania nerd. :B<br />
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Vou começar com um papercraft da Cristina e do Diego, os protagonistas, usando o molde do aplicativo Buddy Poke. Fiz porque queria desesperadamente bonequinhos deles, e eles me ajudaram em algumas cenas.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgocDNXTTVHL95Wax-Cz2qnK1u6yIuMrAG96JqwGKRu_Pj-KcaYNpnWev2FwRaWNLsRsU0Rbanq4eUgynDnA9KjW5tEzNtAbfcOt3Q2uVjV6ujEkPATtVYF3yB8rW_Y0YuLGU1muV3RFgI/s1600/Imagem0026.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgocDNXTTVHL95Wax-Cz2qnK1u6yIuMrAG96JqwGKRu_Pj-KcaYNpnWev2FwRaWNLsRsU0Rbanq4eUgynDnA9KjW5tEzNtAbfcOt3Q2uVjV6ujEkPATtVYF3yB8rW_Y0YuLGU1muV3RFgI/s320/Imagem0026.jpg" width="320" /></a></div>
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Só que bonecos de papel amassam e voam (a razão pela qual só sobrou desses dois essa foto meio fora de foco). Eu queria algo mais palpável. Foi quando aprendi a costurar bonecos de feltro. Eu poderia ter feito o Dieguito e a Cris facilmente no mesmo estilo que fiz Bram e Vlad, mas a vida é mais estranha que minhas expectativas. Os bonecos dos dois acabaram sendo... pôneis no estilo My Little Pony: Friendship is Magic.<br />
<br />
Peraí, o quê?<br />
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Isso vai demandar um pouco mais de explicação antes de mostrar a foto...<br />
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Em primeiro lugar, My Little Pony é uma série de pôneis de brinquedo coloridos, com crina e cauda penteáveis. É um brinquedo considerado feminino, e suas origens são bem antigas. Daí, na década de 80, a Hasbro, fabricante dos pôneis (e dos Comandos em Ação, dos Transformers e outros), decidiu que a melhor forma de fazer as crianças quererem seus brinquedos era fazer desenhos animados com eles, e o resto é história.<br />
<br />
A série de MLP da década de 80 tinha uma mecânica não muito diferente de Ursinhos Carinhosos, Moranguinho e outros desenhos "de menina" da época, e não tinha roteiros lá muito primorosos (a bem da justiça, o desenho dos Transformers - brinquedos "de menino" - também não). Mesmo assim, cumpriu sua função e tem um forte valor de nostalgia nos States.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://27.media.tumblr.com/tumblr_lhcnp1mreS1qeuz19o1_500.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="243" src="http://27.media.tumblr.com/tumblr_lhcnp1mreS1qeuz19o1_500.png" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Pôneis da década de 80. Não vou dizer que não eram fofas do seu jeito. </i></div>
<br />
De lá pra cá, os designs dos pôneis mudaram bastante, uma nova série animada foi lançada em DVD lá pelos idos de 2000 e pouco (e quanto menos falarmos dela, melhor para todos os envolvidos) e a franquia estava meio balançada, pedindo renovação.<br />
<br />
Foi quando veio Lauren Faust e fez-se a luz.<br />
<br />
Lauren, para quem não conhece, é a desenhista das Meninas Super-Poderosas (o marido dela era o produtor da série). É, aquele desenho onde as personagens principais eram meninas que chutavam traseiros, eram legais pra caramba e provou que um desenho não precisa ser protagonizado por meninos para que outros meninos queiram assistir. Essa mulher foi convidada pela Hasbro para escrever a série animada nova de My Little Pony (a série Friendship is Magic, "A Amizade é Mágica", no Brasil), e ela fez pelos pôneis saltitantes o que seu marido tinha feito pelas Meninas: de repente, garotos de várias idades e mesmo homens feitos (maioria hetersossexual, antes que comecem as piadinhas infantis) começaram a assistir um desenho protagonizado por seis pôneis fêmeas.<br />
<br />
As razões para esse fenômeno são várias, só posso dizer por que <i>eu</i> assisti o desenho de pura curiosidade e gostei: primeiro, o esquema de cores dele é LINDO, é um desenho que enche os olhos. A decisão da equipe de arte de fazer o contorno dos pôneis com um traço BEM grosso e uma cor ligeiramente mais escura que o resto e não com o preto tradicional foi muito esperta. Ah, e a movimentação dos pôneis é de babar. Fica ainda mais impressionante se soubermos que o desenho é animado em FLASH. É. Naquele mesmo programa das animações "duras" que a gente vê por aí. Os animadores de MLP tiram leite de pedra do flash, a própria Lauren ficava espantada com o que eles conseguem fazer.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://i0.kym-cdn.com/photos/images/original/000/160/154/My_Little_Pony_Frienship_is_Magic_Comic_Con_2011_poster.jpg" target="_blank"><img border="0" height="263" src="http://i0.kym-cdn.com/photos/images/original/000/160/154/My_Little_Pony_Frienship_is_Magic_Comic_Con_2011_poster.jpg" width="400" /></a></div>
<i><3</i></div>
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Essa é a parte visual, que me atraiu a princípio. O que me segurou, mesmo, foi que (a) o desenho é cheio de piadinhas visuais que tornam um prazer assistir mesmo aqueles de roteiro mais parado e/ou clichê e (b) o desenho foi desenvolvido todo em cima das personalidades das seis pôneis principais. Não são elas que são jogadas no plot e reagem de acordo, é o plot que se acomoda a elas. Além disso, nunca pensei que fosse dizer isso de um desenho de crianças, mas as protagonistas têm mais camadas e desenvolvimento que muito personagem de livro que andei lendo por aí. E elas desafiam estereótipos, como a roxinha Twilight Sparkle (Qualquer referência a Edward Cullen é mero acidente. Ou não.) sendo a nerd do grupo E a líder (e não uma mera enciclopédia a favor do líder tapadinho, mas corajoso e de bom coração) ou a Rarity, a pônei branca, que é a patty dramaqueen do grupo, mas é generosa, capaz de sair sozinha de situações de perigo graças a seu cérebro (e não um kung-fu improvisado ou algo assim) e que, mesmo corroída de ciúmes e inveja de uma amiga, ainda a salva da humilhação pública sem pensar duas vezes (não, não foi uma daquelas situações onde a pessoa tem que escolher entre manter a amizade ou deixar o outro se ferrar e satisfazer sua inveja, foi algo natural e espontâneo, do tipo "minha amiga está com problemas e posso ajudar, todo o resto foi temporariamente apagado de minha mente").<br />
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Sei lá, você meio que se apega a esses personagens, e descobre que os vinte minutos do episódio foram talvez o momento mais agradável do seu dia. Que, pelo menos por vinte minutos, você assistiu algo que fala sobre respeito, amizade, generosidade, superação de dificuldades e de defeitos, e até mesmo sobre como uma dificuldade grande demais pra você superar sozinha pode te levar à insanidade clínica (todas as cinco pôneis sofrem de pelo menos um mal psiquiátrico em algum ponto da série, pra bom entendedor. O mais assustador, de longe, é <a href="http://www.youtube.com/watch?v=JHy3ZhY9VKs" target="_blank">o ataque esquizofrênico de Pinkie Pie</a>, que não consegue lidar bem com o fato de que todas as suas amigas parecem estar evitando a todo custo seu convite para uma festa), tudo isso com leveza, bom humor e respeito à sua inteligência de adulto e à das crianças que são o público alvo.<br />
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Agora que você sabe por que sou fã, dá pra explicar onde Diego e Cristina foram parar nisso tudo. Bom, entre a comunidade de fãs de MLP, a palavra de ordem é representar como pôneis coloridos basicamente qualquer coisa. A famosa Regra 34 diz que, se existe algo, a internet tem pornô envolvendo esse algo. A Regra 34b diz que, se existe algo, a internet tem uma versão desse algo como pônei de MLP: FIM. Videogames famosos, outros desenhos, série de TV, filmes, personagens de livro, qualquer coisa que esteja em alta na cultura pop tem sua versão ponificada. Olhem que fofos esses cientistas famosos desenhados como pôneis: <a href="http://namingway.deviantart.com/art/The-Ponies-of-SCIENCE-264411200">http://namingway.deviantart.com/art/The-Ponies-of-SCIENCE-264411200</a><br />
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Para construir as versões MLP de Diego e Cristina, peguei moldes de pôneis de pelúcia no DeviantArt (<a href="http://voodoo-tiki.deviantart.com/" target="_blank">nesse perfil</a>) e matutei sobre várias coisas. Lembram que falei da identidade visual do desenho? Tudo em MLP: FIM tem um significado: a cor do corpo do pônei, sua crina, o fato de ele possuir ou não chifre ou asas, a marquinha que ele tem nas coxas... Para os fãs ou não de My Little Pony, lá vai o raciocínio:<br />
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Cristina é uma garota fechada e mal-humorada, que parece ter um pouco menos de vitalidade que o resto das pessoas em volta. Achei que a combinação de cinza e preto cairia bem com essa personalidade. Ela ganhou o chifre de unicórnio porque, com sua mágica, pode fazer menos esforço físico que os pôneis normais. A marca na coxa é chamada "marca especial" ("cutie mark"), e a da Cris são três teclas de piano, porque ela, bem, toca piano. A crina num esquema meio Twilight Sparkle acabou fazendo a pônei ficar bem a cara da Cristina, mesmo. Como pôneis não tem nome de gente, pus nela o nome de Dó Menor.<br />
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Diego foi o mais difícil. O mais fácil seria fazê-lo branco com uma crina preta e cacheada, para ele ficar parecido com suas fotos e desenhos, mas lembra que eu disse que tudo num pônei é significativo? O codinome dele no livro é Sol Maior (é um dos acordes mais abertos e brilhantes, como o próprio Diego), daí, resolvi usar isso para fazê-lo. Primeiro, ele seria amarelo, com crina laranja e vermelha. Daí, imaginei que ele ficaria muito parecido com a pônei Spitfire do desenho, e preferi mudar sua cor para branco e fazer a crina tricolor (até porque Diego é um cara atraente e, como a maioria dos pôneis têm crina mono ou bicolor, achei que uma tricolor num padrão de fogo poderia ser visto como atraente). O esquema de "fogo" vem por causa de "Sol", claro. E porque a personalidade do Diego é bem "fogo", mesmo, sendo a Cris mais pra "gelo". A marca especial é uma clave de sol (duh) brilhante, lembrando a música e fazendo trocadilho com o Sol propriamente dito. Adicionei as asas porque os pégasos são os pôneis mais relacionados à velocidade e ao esporte e isso cai nele como uma luva.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga4GjwolsZsB2d8p9cjX379SWehbX1bFPUYx7y3yYHij2Zf6M-sFJvRT7VHso-kVV8HmovGY-v5CB9AOy8VLs8Mh0-R51xaFy3IiKOMSrb_-wKcYs3CMjXmip_hALL1ZZ_0nA6RXoWHUw/s1600/Imagem0507.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga4GjwolsZsB2d8p9cjX379SWehbX1bFPUYx7y3yYHij2Zf6M-sFJvRT7VHso-kVV8HmovGY-v5CB9AOy8VLs8Mh0-R51xaFy3IiKOMSrb_-wKcYs3CMjXmip_hALL1ZZ_0nA6RXoWHUw/s400/Imagem0507.jpg" width="400" /></a></div>
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<i>CONTEMPLEM o trabalho final de Sol Maior e Dó Menor </i></div>
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Vou ser honesta, fiz os dois como protótipos, usando cola ao invés de linha e agulha, só para ver se os moldes funcionavam, se precisavam de ajustes, e que cuidados eu deveria ter ao costurar para não desperdiçar tempo e tecido. Mas vamos lá, quem diria que o simples exercício de transformar seu personagem num pônei colorido ia demandar conhecer tão a fundo sua personalidade? ;)<br />
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Pra quem quer fazer pôneis de seus personagens, mas não tá a fim de costurar, tem um gerador de pôneis facinho de usar aqui, ó: <a href="http://generalzoi.deviantart.com/art/Pony-Creator-Full-Version-254295904">http://generalzoi.deviantart.com/art/Pony-Creator-Full-Version-254295904</a><br />
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Amor e tolerância para todos. o/<br />
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OBS: Para ver Pinkie Pie surtando com legendas, vá mais para o fim desse vídeo: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=u2skHDDoWiY">http://www.youtube.com/watch?v=u2skHDDoWiY</a>Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-20909265216059772312012-04-02T19:54:00.000-07:002012-04-02T19:58:34.375-07:00É. Eu li Crepúsculo. Me processem.Era para eu ter postado isso ontem, mas a Annette nos chamou na sede da Polícia e disse: "Hoje vocês terão 4 horas de treinamento extra." Quando viu nossas faces caídas por termos trabalho num domingo, ela acrescentou: "Rá! Primeiro de abril! São seis horas de treinamento! Agora mexam-se!" #estagiáriodadepressão<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiykwY1Z4DE-Wt46UvLuOG57_hoEJ5ETf6NJEKHNi8QWpCsbojwJwk1H6SkAJZsY1TV9DZgT7z-x0hKQzsZOurLp0WDO0u_LCE3SRknXre6BdkaEThbtIOpDvI2skm7OQ8GD1TICf88qcSs/s1600/ragecomic.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiykwY1Z4DE-Wt46UvLuOG57_hoEJ5ETf6NJEKHNi8QWpCsbojwJwk1H6SkAJZsY1TV9DZgT7z-x0hKQzsZOurLp0WDO0u_LCE3SRknXre6BdkaEThbtIOpDvI2skm7OQ8GD1TICf88qcSs/s400/ragecomic.png" width="400" /></a></div>
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<i>Crepúsculo seria bem mais legal se fosse uma sátira. Quer dizer, um vampiro não poder sair no Sol porque brilha? Imaginem o potencial imenso de piadas com um machão/gótico/metaleiro que vire vampiro! Ia ser a bofetada do século na cara dos posers!</i></div>Diego Mercierhttp://www.blogger.com/profile/03941903541232299196noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-86252373576897033192012-03-12T18:27:00.000-07:002012-03-12T18:27:41.304-07:00Série House of NightJá disse pra vocês que tenho um rival? Que ele é inglês e vira e mexe me manda presentes de grego do exterior? (Hi, Robin! o/) Pois é, eu tenho. E sempre que sai um novo livro ruim de vampiros, ele me manda. Antigamente, eles chegavam em envelopes de papel pardo, uma ou duas vezes por ano. Hoje, recebo uma caixa cheia deles todo mês.<br />
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Tá, estou exagerando. Ele não gasta tanto dinheiro assim só pra me trollar. Mas poderia.<br />
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Abaixo, uma #truestory de quando ele me mandou House of Night em inglês.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHB5HHoibcjSt6Whh9SKAh7yTJrO1f-cCS4s0QwnYQOpGLs4rDQgmFiJhXngdg02fZ5WypiV_qW8Vo5Ord6QtT1mJaO367bnd_LeaYew45rC9FGiDNrP2Xd6GJT2f7xWSpZFCrN2C2p3jC/s1600/house+of+night.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHB5HHoibcjSt6Whh9SKAh7yTJrO1f-cCS4s0QwnYQOpGLs4rDQgmFiJhXngdg02fZ5WypiV_qW8Vo5Ord6QtT1mJaO367bnd_LeaYew45rC9FGiDNrP2Xd6GJT2f7xWSpZFCrN2C2p3jC/s320/house+of+night.PNG" width="282" /></a></div>
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<i>Sempre que vejo "vampyre", sem ser no conto do Polidori, sei que a coisa vai ser brega. É mais ou menos como abrir um livro e ver que o protagonista se chama Phyllyphy.</i></div>Diego Mercierhttp://www.blogger.com/profile/03941903541232299196noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-66949717777621604242012-02-14T16:36:00.000-08:002012-02-14T16:36:15.517-08:00FAQ do Conservatório<div class="MsoNormal">Desde que comecei a escrever O Conservatório, algumas perguntas se repetem sempre. Acho que já passou da hora de montar um pequeno FAQ pra me economizar digitação. Divirtam-se. o/<br />
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<b>1 – Sobre o que fala a história?</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Sinopse extendida e revisada <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2009/09/reformas.html" target="_blank">AQUI</a>.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Um pouco sobre os personagens <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2009/09/personagens-i.html" target="_blank">aqui</a> e <a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2009/10/personagens-ii.html" target="_blank">aqui</a>.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>2 – O que é um conservatório? (Não ria, tem quem não saiba)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Conservatório é uma instituição que pode ensinar música, teatro ou dança. Os mais comuns são os musicais. Geralmente, os conservatórios oferecem cursos avançados de música, de forma que completos n00bs têm que estudar em outro lugar antes de entrar em um (alguns abrem exceção quando o candidato n00b a aluno demonstra ter talento nato para a coisa).</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Eles podem ser públicos ou privados e existem em vários pontos do mundo. Se você quer mais detalhes sobre como funciona um conservatório, a página do Conservatório de Tatuí (interior de SP) foi uma das fontes que usei para construir o da minha história: </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>3 – Hum... Tem um vampiro e uma humana... É uma história melosa como a sua da coletânea Meu Amor é um Vampiro?</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Nops. Não é um romance sobrenatural. É uma história juvenil de investigação e aventura. O tom se aproxima mais de contos meus de oooutras coletâneas, como a Paradigmas 4 (amostra aqui, compre aqui) ou Sociedade das Sombras (compre aqui). Não vou dizer que não role um romance em paralelo com a investigação, mas vamos encarar: se não houvesse tensão sexual entre os dois protagonistas, eles não seriam adolescentes.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>4 – Você tem a cara de pau de me escrever mais um livro de vampiros? Você não cansa, não? Olha os trezentos que têm por aí!</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ah, cara, as histórias de vampiro raramente tem o tom que eu mais gosto (algo que não seja só terror ou só romance e, definitivamente, algo que não tenha protagonistas emo/mongos), então, achei que ainda tinha um espacinho pra minha história. Além do mais, desde que Polidori escreveu o primeiro conto de vampiros do Ocidente, não se passa um ano em que algo (livro, peça, conto, filme ou game) de vampiro não seja publicado. Se em quase duzentos anos desse lançamento o interesse do público não arrefeceu, não vai ser Crepúsculo que vai conseguir fazer um dano permanente.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Na verdade, o interesse por vampiros sempre teve um nicho fiel (tipo o steampunk), antes e depois da modinha. Com a febre provocada por Stephenie Meyer esvaecendo, a única mudança é que vampiros vão voltar a ser nicho... Até o próximo bestseller. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Portanto, sim, eu tenho a cara de pau e não me sinto surfando nas ondas da modinha. Não quer ler, não leia, uai. Não é porque tou apontando um revólver pra sua cabeça que tou te forçando a alguma coisa.</div>Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7617002258994444497.post-84578686563530342012012-02-07T15:34:00.000-08:002012-02-07T15:34:44.741-08:00Top 10 histórias de vampiros em outras mídias<div class="MsoNormal"><a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2012/01/meus-top-10-livros-de-vampiros.html" target="_blank">Fiz o top 10 de livros</a>, agora, como o prometido, eu tinha que fazer o de outras mídias. Só lembrando que esse é um top 10 de histórias de vampiros puramente pessoal. Não faço qualquer esforço para escolher obras clássicas e relevantes, de qualidade inquestionável, só as histórias que mais me marcaram e influenciaram. E que são, de alguma forma, originais e/ou interessantes, o que não é fácil na seara vampírica.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>10 – Zorro x Drácula (HQ)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Olha, Zorro x Drácula não é um primor das HQs norte-americanas. O traço é meio esquisito, a trama é aquele clichê arroz-com-feijão de sempre, mas uma história que tenha o Zorro e o Drácula merece estar em qualquer top meu. Don Diego é meu herói de infância, e certo protagonista de certo livro recebeu seu nome em homenagem a ele.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Se você estiver se perguntando por que não tem nenhuma HQ de mais respeito nesse top 10 – a partir de agora, o mundo quadrinístico colaborará apenas através de mangás – explicarei.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Antes de mais nada, me digam se essa trama lhes é familiar:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">“Vampirão particularmente poderoso chega a um lugar qualquer e começa a matar pessoas e criar outros vampiros, para espalhar sua raça e dominar o dito lugar e, mais tarde, o mundo. Ele dá o azar de matar/transformar uma mulher (e é SEMPRE uma mulher) ligada ao personagem principal ou a um dos principais (que serão em totalidade, ou quase totalidade, homens), que passa a perseguir o vampirão em busca de vingança e para salvar o mundo, como bônus. Armados até os dentes com coragem, armamento pesado e o que de mais avançado a Ciência tem para oferecer, eles perseguem o vampirão e suas crias até o fim do mundo para restaurarem a ordem.”</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Essa é uma trama em linhas muito gerais de Drácula (o livro), mas também é a premissa de praticamente QUALQUER HQ norte-americana de vampiros (excetuando aí adaptações de livros da Anne Rice, da Stephenie Meyer ou de material ligado a Vampiro: A Máscara). Um ou outro detalhe muda, mas o resto... é a mesma recontagem de Drácula, de novo, e de novo e de novo! E me desculpem, mas eu ainda prefiro o original.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Existem, é claro, HQs em que os vampiros são colocados de forma ligeiramente diferente do comum, mas geralmente eles são bem secundários à trama, e a trama principal não me interessa (como em <i>Preacher</i>, para dar o primeiro exemplo que me veio à cabeça – tá, é um clássico dos quadrinhos, blá-blá-blá, mas simplesmente não é minha praia).</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Aceitarei alegremente qualquer indicação de histórias que não corram nos moldes descritos acima. Comentários pra que te quero!</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>9 – O Pequeno Vampiro (The Little Vampire) (Filme)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Falando em infância, eu adorei esse filme, na época. Mesmo hoje, continuo achando ele adorável. Tá na lista das coisas que meus sobrinhos vão assistir. Se você nunca viu, dê uma chance. Se você não gosta de admitir para ninguém que ainda gosta de filmes de criança, se quer manter sua pose de adulto, chame uma criança para assistir com você (para você ter a desculpa de que está passando tempo com a criança, que o filme é só para ela e tal) ou baixe e esconda na sua pasta de pornografia – como diz um brony (garoto fã de My Little Pony), às vezes é mais fácil explicar a pornografia...</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Se você ainda precisa de uma razão pela qual eu gosto desse filme até hoje, duas palavras: VACAS VAMPIRAS. Nada mais a declarar.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><o:p> </o:p>8 – Vampiros de John Carpenter (John Carpenter’s Vampires) (filme)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Esse filme é quase um guilty pleasure. A trama é simples, os efeitos especiais são toscos ou inexistentes, blá-di-blá-di-blá. Mesmo assim, gostei mais dele do que de muitas adaptações de Drácula e outros filmes de vampiros mais pretensiosos. Podem me processar, se quiserem, mas acho que o Vampiros de John Carpenter tem aquele sabor de filme de Sessão da Tarde: não eram os melhores filmes, mas eram o que tinha, então, têm valor afetivo.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Não vou dizer mais nada porque não há muito a se dizer.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>7 - Série Castlevania (jogos)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ei, eu adoro Castlevania. Tudo bem, é mais sobre caçadores de vampiros, mas dá mais ou menos no mesmo. Tem o Conde Drácula, é o bastante.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Joguei alguns jogos de Castlevania, incluindo o primeiro para NES (e cheguei até a Morte, mas perdi o save, junto com a paciência de jogar tudo de novo até ali). Tem um certo charme em controlar uma cópia de Conan, o Bárbaro armada com chicote, crucifixos, água benta e todo o resto contra toda a sorte de coisas-ruins que habitam o Castelo Drácula. Aliás, o chicote dele é especialmente abençoado e se chama Vampire Killer. Nomes diretos: amo. <3</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Meu Belmont preferido, entretanto, não é o conanesco Simon, mas o Juste, de Castlevania: Harmony of Dissonance. Esse jogo é de nível fácil a médio, e Juste Belmont é um mago capaz de usar magias elementais para aumentar o poder do Vampire Killer. Depois de juntar power-ups o bastante, você mata Drácula quase sem querer. Diliça! Chamem-me de fraca, mas eu jogo videogame pra relaxar. Não quero estar sempre cercada de inimigos ao ponto de ficar tensa de adrenalina, só quero seguir a linha mais reta possível entre mim e o chefe de fase e as cenas importantes para a trama do jogo.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Como um bônus, você também pode jogar com o próprio Conde Drácula em dois jogos (não posso dizer quais, é spoiler e tem gente chata com spoilers). Tá, tecnicamente, é uma reencarnação do Conde, tentando se redimir de sua vida de Senhor do Mal (e que no final ruim do jogo pode voltar a ser o vampirão cruel de sempre), mas é legal assim mesmo. Esses dois jogos também são de dificuldade fácil-média. Não sou piolha de videogame, mas derrotei o chefão final do primeiro sem usar poderes especiais equipados e com uma rapieira. É. (E eu gosto de rapieiras, mesmo sendo as espadas mais fracas e patéticas do jogo. Elas são elegantes.)</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Não sinto necessidade de jogar todos os Castlevanias para ser feliz, mas ainda quero jogar o Castlevania: Bloodlines (uma sequência direta do livro Drácula :B) e o Castlevania: Symphony of Night pra jogar com o Alucard, o filho meio-vampiro do Drácula, que combate a vilania do papai e tem quase os mesmos poderes que ele. :B</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><o:p> </o:p>6 – Hellsing (mangá, anime e OVA)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Meu preferido é o mangá. O anime é uma adaptação apenas razoável e o OVA parece que tem sido fiel ao mangá, mas fiquei com preguiça de assistir tudo. Alucard é uma das melhores versões de Drácula ever (não venha encher dizendo “spoiler”, só olha o nome dele!), Seras Victoria é muuuuuito fofa e Integra Hellsing é durona o bastante para merecer meu respeito como heroína. E como descendente de Van Helsing, embora só Deus saiba o que foi feito do “Van” do nome. Eles parecem ter algum problema com isso no Japão. Em Don Drácula, o descendente dele virou “Von” Helsing. “Van” é alguma palavra engraçada ou ofensiva, talvez? Vai saber.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Mas enfim, digressões à parte, o mangá me ganhou definitivamente quando houve uma cena de matança... no Brasil. :3 Com policiais usando uniformes fieis à realidade. Com “polícia” escrito com acento, vejam só! Isso é menos comum do que vocês podem pensar... O vilão desse arco se veste como um malandro carioca típico, aliás. xD</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Só mais uma palavra: Schrödinger. Ponto.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">E é um dos poucos mangás a não tornar a história uma bizarria sem pé nem cabeça no decorrer dos (muitos) capítulos para encher lingüiça. O que também é menos comum dos que vocês podem imaginar.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>5 – Karin (mangá e anime)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Karin é uma das coisas mais dolorosamente fofas feitas com vampiros na última década. E isso inclui O Pequeno Vampiro. É um shoujo bunitim sobre uma garota que vive em uma família de vampiros, mas tem um problema: ela é uma “anti-vampira”, que produz sangue em excesso (!) e precisa injetar nas pessoas através de uma mordida (!!!). Além disso, ela não tem nenhuma força ou fraqueza de sua família, sendo incapaz mesmo de hipnotizar as vítimas para encobrir suas atividades (quem faz isso é sua irmã mais nova).</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ela conhece e acaba se envolvendo com Kenta, um humano meio tristonho que sente, a princípio, um instinto de proteção em relação à garota e acaba se apaixonando no decorrer dos episódios. Eu ainda achei interessante o fato de os vampiros, no desenho, absorverem sentimentos da vítima junto com o sangue, fazendo com que a vítima em questão fique temporariamente privada deles. Quando é um sentimento ruim, tipo raiva ou tristeza, ótimo. Mas, no anime, a avó da Karin suga o amor. Ouch.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ah, sim. O corpo de Karin também reage sentimentos, fazendo com que seu sangue se multiplique loucamente. No caso, é o sentimento de tristeza, que é apagado quando ela injeta seu sangue. Kenta é um menino triste e com baixa autoestima. Façam as contas e verão, de repente, que Karin nada mais é que uma garota japonesa com uma razão real para sangrar pelo nariz ao lado do ser amado. Ouch duas vezes.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O que não faz com que a história seja menos fofa, de qualquer maneira, e mais profunda que a maioria dos shoujos: nem tudo é cor-de-rosa e a tristeza e a depressão são temas constantes.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>4 – Vampire Knight (mangá e anime)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O mangá é dez vezes melhor que o anime e isso está fora de discussão.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Vampire Knight é aquilo que Crepúsculo tinha potencial para ser e não foi: uma história de amor entre uma humana comum e meio burrinha e um vampiro hot-hot, com um terceiro cara pra fechar o triângulo amoroso.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A trama, entretanto, é beeeeem mais complexa, e é um dos poucos mangás que já li que tem um ritmo bom de mistério, jogando pistas relevantes nos momentos certos e revelando os fatos aos poucos, ao invés de segurar todas as revelações para o fim e fazer do meio da história uma psicodelia só.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Só li o mangá até o episódio 50 ou 60, por motivos de força maior, mas estava gostando do que estava lendo. E em tempo: não comparem Kaname Kuran com Edward Cullen, por favorzinho. Kaname é um monstro manipulador, mas chega a ser dolorido o tanto que ele gosta da Yuuki. Malzaê, meninas do Team Zero Kiryuu. u_u</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>3 – Turma da Mônica – Especial Vampiros (Quadrinhos)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Você não está lendo errado. Recentemente (leia-se: ano atrasado), a MSP lançou um almanaque temático da Turma da Mônica com uma coletânea de antigas histórias de vampiros protagonizadas pela turminha (obviamente, não estamos falando das trocentas histórias onde o Zé Vampir aparece). Comprei esse almanaque por causa de duas histórias, que são pequenas joias: Um Amor Dentuço e O Vampiro Caipira.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Um Amor Dentuço também está bem mais acima que muita história romântica de vampiros nas minhas preferências. (A adaptação para animação perdeu metade da graça, diga-se de passagem). Antes que perguntem, lembro de ter lido a primeira publicação dessa historinha muito antes de ouvir falar em Crepúsculo, logo, não é uma paródia.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Aqui, um menino vampiro é acordado pela conversa da Mônica e da Magali, que fizeram piquenique perto da casa dele, e acaba se apaixonando pela dentucinha. Ele tenta transformar a Mônica em vampira para viverem juntos e o resto é uma historinha típica da turminha. Por que uma HQ infantil de umas poucas páginas e história simples está tão alta no meu top 10? Simples: a gente fica com dó do vampirinho e de como ele fica sozinho quando a turminha salva a Mônica (por mais que ele tenha seu final feliz, depois), e essa breve sensação de solidão (deve durar um quadrinho ou dois) foi uma das sementinhas da criação de Bram & Vlad. A sério.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A do vampiro caipira é ótima. Uma vampirinha estava caçando comida, vê o Chico Bento dando bobeira e... cara, tentem visualizar Chico Bento virando vampiro. Chico FREAKING Bento. Com direito a uma capa xadrez. Essa história é uma pérola!</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span lang="EN-US"><b>2 – Deixe Ela Entrar (Let the Right One in) (Filme)</b><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Eu sei que não devia dizer que um filme cheio de sangue, desmembramentos, assassinatos, pessoas queimando e tudo o mais é fofo, mas ele é. ._.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Aqui temos o garoto Oskar, que começa a conversar com sua nova vizinha, uma garotinha meio esquisita chamada Eli. Oskar sofre de um bullying sério na escola, e sua vida doméstica é um inferno. Com o tempo, ele e Eli vão ficando mais próximos, ele eventualmente descobre que ela é uma vampira, mas termina aceitando o fato, e o resto é só você ver o filme.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Aliás, ao procurar algumas coisas sobre ele na Wikipédia, descobri duas coisas que talvez você não saiba:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">1- Estou chamando Eli de “ela” por causa do título oficial em português. Eli, na verdade, é Elias, um garoto castrado que tem traços delicados o bastante para ser confundido com uma menina (e se veste como uma).</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">2 – O autor do livro na qual o filme foi baseado aparentemente encheu o saco das pessoas não entenderem que ele estava contando uma história de amor – meio macabra, mas de amor – e escreveu um epílogo ao romance, o conto “Let the Old Dreams Die”. Não sei se já saiu em inglês, ACHO que sim. Não é difícil achar spoilers na internet, caso você esteja curioso.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>1 – Bloody Kiss (mangá)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Não, eu não pus Bloody Kiss no topo desse top porque acho que seja a melhor e mais original história de vampiros já escrita. Ela não é. É uma série em seis capítulos do bom e velho drama adolescente no bom e velho estilo japonês.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Está aqui porque estamos falando de influências que eu tive, e trabalhos que foram especialmente significativos para mim, lembra? (Egocêntrica? Eu? O blog é meu, cacilda.) Bom, Bloody Kiss foi o mangá que me ajudou a dar a tônica final ao casal de Noturno em Sol Maior (vulgo O Conservatório, pra quem ainda não viu que troquei o nome).</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Vou dar um breve resumo da trama, e quando lerem o Noturno, vocês me digam se entenderam porque Bloody Kiss está aqui no topo. :B</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O mangá conta a história de Kiyo, uma garota adolescente que é órfã de mãe e cujo pai foi preso por um crime que não cometeu. Seu sonho é se tornar uma advogada para provar a inocência do pai. Ela foi criada por tios que a rejeitavam pela infâmia de seu pai, e com quem nunca pôde contar para nada. Quando sua avó morre, ela deixa para Kiyo uma mansão caindo aos pedaços e a moça decide vendê-la e usar o dinheiro para custear sua faculdade de Direito.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O que ela não esperava é que fosse encontrar dois vampiros vivendo nessa mansão. Ou melhor, um e meio... Kuroboshi e Alsh fugiram da convivência dos outros vampiros porque Kuroboshi é um dampiro (pai vampiro, mãe humana) e, por isso, foi rejeitado por sua sociedade. Alsh é seu servo, e não fica muito claro seu parentesco com Kuroboshi, se é que existe. A avó de Kiyo permitiu que eles se refugiassem em sua mansão e, se ela for vendida, eles estão no olho da rua.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Bom, resumindo, Kiyo e Kuroboshi vão se aproximando graças a várias situações, bláblá, história de sempre. O que tem nela que gostei tanto, então?</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Primeiro, a Kiyo é uma garota forte. Não forte no sentido de que ela salva o mundo todo dia na hora do almoço, mas forte no sentido de que ela não fica simplesmente ao sabor da trama. Na verdade, os capítulos todos de Bloody Kiss giram em torno das escolhas <i>dela</i>. O Kuroboshi é aquele típico cara folgado que não tem o mínimo respeito pelo espaço pessoal dos outros, mas ele raramente faz algo com Kiyo sem que ela permita. Da primeira vez que eles se encontram, quando ele tenta mordê-la, ela ela se assusta, fica paralisada... e o lança longe com um golpe de karatê. Além disso, a moça é determinada e esforçada – ela não conquista NADA na história sem uma boa dose de esforço pessoal e sacrifícios.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A segunda coisa que mais me atrai é o fato de que a Kiyo e o Kuroboshi são complementares. Não é a velha história da garota violenta e forte que aprende a ser doce e feminina depois de se apaixonar. Ao mesmo tempo em que aprendem coisas juntos, eles ainda são essencialmente os mesmos ao fim da trama. Nenhum dos dois “se domestica” pelo outro e isso é algo singularmente raro em shoujos com esse tipo de protagonistas.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A terceira coisa que eu mais gosto é que a história é uma comédia, é super para cima, e nenhum personagem fica de “mimimi, o mundo não presta” por mais que dois ou três quadrinhos. :B</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>Menções honrosas:</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>Don Drácula (anime)</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O anime é um clássico e eu assisti quando era criança. Gostava o bastante para me lembrar da Sangria quando cresci, mas, infelizmente, não fui muito mais longe do que isso... Por isso a posição no top está tão aqui para baixo.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Andei assistindo os poucos episódios que vieram para o ocidente (três ou quatro, se me lembro bem) e percebo por que eu gostava. As histórias são simples, o humor é bobo, mas eu me lembro bem de que, na infância, eu era ainda mais sentimental do que sou hoje.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>Entrevista com o Vampiro (filme)</b></div><div class="MsoNormal"><o:p> </o:p> </div><div class="MsoNormal"><a href="http://oconservatorio.blogspot.com/2012/01/meus-top-10-livros-de-vampiros.html" target="_blank">Já falei dele quando fiz o top 10 de livros</a>, logo, não vou me repetir. Mas gostava muito desse filme cheio de colírios para os olhos de garotas adolescentes. *aiai*</div>Adriana Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/16572428234265609319noreply@blogger.com0